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348 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 181

período de oitenta e dois anos, em 0,30 cm, ou seja próximo de 4 mm por ano.
As barragens previstas no projecto a que me refiro encher-se-iam de areia, segundo se prevê no mesmo projecto, até ao nível da toma de água, em períodos diferentes para cada uma, mas para três delas em cerca de cem anos, se não fossem tomadas medidas no sentido de diminuir a erosão.
Prevê-se a defesa contra a erosão das encostas: arborização, barragens de retenção das areias nos rios afluentes, etc.
Da resolução do problema da erosão na bacia do Mondego depende em boa parte o futuro do porto da Figueira da Foz.
Aqui falou já deste porto, com o entusiasmo que lhe ó próprio, o ilustre Deputado Dr. Moura Relvas. Pelos números então citados verifica-se que no hinterland do porto da Figueira habita 20 por cento da população portuguesa, e por isso o futuro do porto da Figueira poderá ser magnífico, pelo grande movimento de importação e exportação das mercadorias que através dele poderá fazer-se.
Como porto de pesca, convenientemente apetrechado, pode abastecer de pescado toda a região servida pela linha da Beira Alta e grande parte da Beira Baixa.
Não é lisonjeiro para nós, no capítulo de abastecimento de peixe, comparar o que se passa de um e de outro lado da fronteira.
Há, pois, que louvar a atenção prestada agora ao porto da Figueira, e Deus queira que o problema da bacia hidrográfica do Mondego, que aqui se esboça apenas, possa ser resolvido a curto prazo, como convém.
E já que falo de hidráulica agrícola seja-me permitido aqui um ligeiro comentário às obras desta natureza que se projectam no ultramar.
Na metrópole procura-se com a rega e a colonização criar riqueza e a possibilidade de ocorrer ao sustento da população e melhorar o seu nível de vida. No ultramar as obras em projecto não têm apenas um valor económico, têm um valor político, que se traduz na ocupação efectiva do território e das suas riquezas.
A irrigação de uma zona de terreno também não significa a expulsão do indígena. Por demais está demonstrada no nosso passado de colonizadores a nossa tolerância para com os indígenas, e, mais do que isso, o nosso esforço para os civilizar e melhorar o seu nível de vida.
As obras de Movene apresentam-se com um interesse técnico particular, que resulta de se prever um aproveitamento múltiplo - energia eléctrica, água para Lourenço Marques e rega.
Não posso concordar com a sugestão da Câmara Corporativa para reduzir as verbas destinadas à irrigação e à colonização dos vales do Limpopo e do Cunene.
Obras desta natureza só quando concluídas dão rendimento, e toda a, demora na. sua execução se traduz num aumento do seu custo, o juro do capital já invertido.
Creio que as nossas experiências de hidáurlica agrícola e do colonização permitirão estudar os projectos desta natureza até aos seus pormenores.
Dando os projectos em questão como convenientemente estudados - o ou acredito que o tenham sido -, há que executá-los no mais curto prazo do tempo possível, e para isso dotá-los com as verbas necessárias.
Seja-me permitido trazer alguns elementos a favor da ideia, exposta aqui pelo ilustre Deputado Dr. Pinho Brandão, da ligarão de Lisboa com a outra margem por meio de uma ponte. Seria um grandioso empreendimento a assinalar aos vindouros este período notável da nossa história.

Vozes: - Muito bem!

O Orador:- Já houve por parte de uma empresa estrangeira uma proposta no sentido da sua construção. Essa empresa considerava economicamente viável o empreendimento.
A sua construção teria extraordinária influência não só na evolução da cidade do Lisboa, mas também na utilização da península de Setúbal como centro industrial, agrícola e urbano.
Não teria este empreendimento, para a técnica dos nossos dias, dificuldades invencíveis, e em favor da economia da sua construção podem apontar-se os seguintes dados:

a) O número de automóveis que diariamente partem de ou entram em Cacilhas, e transportam quase todos pessoas que atravessam o Tejo, é calculado em cerca de dois milhares;
b) A necessidade de ligação do caminho de ferro do Sul e Sueste a Lisboa por via mais directa do que o Setil está reconhecida de há muito e é objecto de preocupação dos técnicos. A ponte podia satisfazer esta necessidade;
c) Finalmente, na valorização dos terrenos da Outra Banda se encontraria larga compensação económica para os encargos da construção.

A urbanização destes terrenos, com a sua praia na Caparica, modificaria totalmente a fisionomia da cidade.

Vozes: - Muito bem!

O Orador:- Aos que se assustam com a perspectiva de uma ponte sobre o estuário do Tejo bastará recordar as várias pontes que no Mundo existem nessas condições : Forth, na Escócia, Quebeque, no Canadá, Sydney, na Austrália, Kill Van Kull, em Nova Iorque, todos estuários com pontes de vigas em cantilever, ou de arco, de vãos da ordem de grandeza dos 500 mm. A ponte suspensa permite o recurso a vãos muito maiores ainda.
Esta ponte seria digno monumento a celebrar uma época de engrandecimento nacional: um verdadeiro arco de triunfo.
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!
O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Presidente: - Vou encerrar a sessão.
Amanhã haverá, como hoje, duas sessões: uma de manhã, às 10 horas e 30 minutos, cuja ordem do dia será a continuação da discussão da proposta de lei de autorização de receitas e despesas para o ano de 1953; e outra de tarde, para continuação da discussão da proposta de lei relativa ao Plano de Fomento Nacional.
Está encerrada a sessão.
Eram 19 horas.

Srs. Deputados que entraram, durante a sessão:

Abel Maria Castro de Lacerda.
António Jacinto Ferreira.
Délio Nobre Santos.
Ernesto de Araújo Lacerda e Costa.
D. Maria Leonor Correia Botelho.
Pedro de Chaves Cymbron Borges de Sousa.
Ricardo Malhou Durão.
Teófilo Duarte.