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13 DE DEZEMBRO DE 1952 343

possibilidades que o nosso território vasto nos nossa vir a oferecer.

Vozes: - Muito bem!

O Orador:- E talvez porque, em certos casos, aos últimos pode caber o lugar que é dos primeiros, não deixarei de dizer, ao terminar, alguma, coisa ainda em relação à, siderurgia.
Não perderemos tempo, como se torna evidente, falando do interesse que se liga à sua instalarão em Portugal, tanto mais que nos não faltam as matérias-primas (tais como os minérios ferríferos, cinzas de pirites e sucatas, castinas e redutores) e temos geralmente boas possibilidades de obtenção da energia que virá a tornar-se precisa se, finalmente, assentarmos em obter o ferro e o aço por via da electricidade.
Tem-se gasto, talvez, demasiado tempo em busca da solução mais conveniente e quantas vezes, até, certas fantasias de romantismo técnico não contribuíram, francamente, para continuarmos parados, dependentes do estrangeiro dum produto que é vital.
Será oportuno lembrar um estudo curiosíssimo, e recente, devido a Cavanagh, acerca dos métodos para reduzir o consumo e a qualidade do coque utilizado na fundição dos minerais ferríferos, no Canadá, e publicado no relatório das Conferências Científicas das Nações Unidas, realizadas em Lake Success, no ano de 1949; em face das zonas consideradas, olhando às possibilidades locais de minerais, de fuel e de energia eléctrica, etc., definiram-se cinco centros de siderurgia, diversos, dos quais dois para altos fornos, um para óleos, com possibilidade de alteração para, o processo Wiberg, e os dois restantes com base na electrossiderurgia. por abertamente pesarem no conjunto local em que se integravam as possibilidades hidroeléctricas.
Quer dizer: se a escolha dos processos leva a aceitar a própria solução da electrossiderurgia por razoes de economia (ou do autarquia) regionais, é de aceitar, também, que ela poderá acentuar-se, francamente, quando se tratar de uma economia e de uma autarquia nacionais.
Nunca ninguém duvidou que os nossos minérios fundissem, como fundem tantos outros, mas temos de aceitar que pudessem ter surgido dúvidas preocupantes quanto às condições técnico-económicas das possibilidades de fundição.
Isto levou já alguns, que no assunto têm pensado, a pugnar por uma instalação-tipo, de ensaio, que à escala industrial nos definisse os valores que precisamos para, depois, trabalhar com segurança. Já em 1945, o Prof. Ferreira Dias pugnava, na sua Linha de Rumo, pela, montagem de um forno eléctrico de dimensões industriais, de um dos tipos adequados à metalurgia do ferro, e em que durante alguns meses se ensaiasse sistematicamente tudo quanto pudesse conduzir ao funcionamento óptimo. Riqueza do leito de fusão, enriquecimento dos minérios, acidez da escória, granulometria, aglomerados dos finos, consumo de carvão e de energia, composição da gusa, produção o composição dos gases, correcção do teor do fósforo e do enxofre, tudo constituía variáveis a considerar em busca da solução melhor.
Actualmente, com critérios mais assentes em face de estudos realizados, quer oficiais quer particulares, as hesitações mostram-se mais limitadas, aparecendo já, como indiscutível, decerto, a zona para, a instalação do grande centro siderúrgico português: a da bacia hidrográfica do Douro, visto nela se salientarem abertamente os jazigos de Moncorvo, de Guadramil e do Marão (estes com as suas valiosas magnetites que se diz constituírem fundo importante de apoio para um início seguro de tão grande empreendimento), e os magníficos recursos energéticos do seu rio, quem sabe se a poder dar ainda possibilidades de embaratecimento de transporte em face de uma eventual navegabilidade.
O centro geoeconómico da produção siderúrgica portuguesa em grande escala (ou melhor, à nossa escala, que o grande, aqui, tem o seu quê do relativo) não poderia, sair, com certeza, de tão apropriada região, que o meio industrial do norte aliás reforça e a que o porto de Leixões pode conferir um auxílio deveras importante.
Com base nas indicações de carácter oficial, ou oficioso, não podemos, de facto, duvidar de que os jazigos de hematites de Moncorvo e de magnetites de Vila Cova. têm primacial importância para a siderurgia nacional; como de valia se apresentam assim, e igualmente, os 2 500 a 3 000 milhões de kilowatts-hora que o Douro nos fornece de energia permanente e no qual se destaca, com relevo especial de quantidade e parece, de preço, o seu troço internacional.
Sendo assim, e se pensarmos que um forno eléctrico admite, ou poderá admitir, sensíveis variações de carga, com bom factor de potência (o que leva a que a energia temporária possa fazer dele um cliente do maior interesse para a produção hidroeléctrica), temos de concluir, também, que as tarifas, que já de si seriam baixas, mais baixas poderão ser ainda.
Tudo parece levar-nos a crer, repito, que as magnetites do Marão dêem plena satisfação na utilização dum forno eléctrico, por exemplo, e que os modernos métodos de nodolização (a pelletizing dos americanos) podem dar, por seu lado, aos minérios de Moncorvo um interesse valioso e imediato para a sua colocação nos mercados mundiais, e, talvez, para a própria electrossiderurgia, também.
Parece assim que, entre alguns dos processos industriais mais importantes para o fabrico da gusa (alto forno a coque, baixo forno eléctrico, Wiberg-Söderfors, Krupp-Renn, Basset-Smith), o segundo, o baixo forno eléctrico, se apresenta com maior interesse para a grande siderurgia do Norte do País: é do compreender, portanto, a pretensão do alguns quanto à instalação imediata de um Tysland-Hole, por exemplo, com um consumo provável duns 50x106 kWh para 20 000 t de gusa. muito embora não faltem, talvez, razões a outros para depositarem na solução Krupp-Renn a base das suas esperanças.
Não poderíamos aqui tomar posição conjunta por esta, por aquela ou por qualquer outra solução; é assunto que ao Governo competirá definir através dos elementos técnico-económico-financeiros de que para tal dispõe ou poderá vir a dispor.
Poderemos talvez, o com algum interesse, fazer uma observação quanto ao melhor critério pelo qual o Governo poderá devidamente orientar-se.
O problema da nossa siderurgia é fundamentalmente, hoje, uni problema económico, e o Governo ajudará melhor, decerto, a resolvê-lo, contribuindo para alargar o mercado interno já existente e auxiliando francamente quem o queira actualmente resolver.
Mas resolver com a certeza de que qualquer forma de investigação propriamente dita deve ser de passagem imediata à fase industrial consequente e à escala que nos convém; isto porque 20 000 t de gusa representam somente um quinto, um sexto ou um sétimo do mínimo que precisamos para fazer o que podemos do ferro e do aço laminado que estamos actualmente consumindo, com capitações extremamente baixas, e os quais na realidade definem o problema siderúrgico português no seu verdadeiro e mais real sentido.
O melhor caminho está decerto em facilitar o trabalho, sob contrôle e intervenção, por posição na empresa, do próprio Estado, de quem queira neste campo traba-