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338 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 181

energia tanto em intensidade como em superfície: quer dizer: não estamos prevendo aumentos dentro duma forma, ou dum tipo, de distribuição existente, esquecendo, por exemplo, as zonas brancas de energia de Trás-os-Montes e das Beiras, do Alentejo e do Algarve, onde se torna imperioso distribuir electricidade em quantidade e em bom preço quer à indústria, quer ao consumo doméstico, quer ao trabalho rural, se quiser-mos tirar dessas regiões importantes para a economia portuguesa todas as vantagens que elas lhe podem dar.
E, só neste sentido, teríamos a prever um mínimo, para aumentos de consumo, à volta [...] 150x106 a 200X 106 kwh por ano, a juntar às previsões já feitas.
Por outro lado ao lançarmos o País da forma que pretendemos num caminho mais aberto para a sua industrialização, reorganizando, modernizando e ampliando o existente a par de unidades novas que vão ser consumidoras de mais energia, também, não poderíamos pôr de lado os aumentos consequentes de um trabalho que exactamente nos leva a tomar, no consumo de energia, a posição que é precisa se quisermos criar riqueza em Portugal.
A instalação da electrossiderurgia, é certo, cria um problema próprio quanto ao seu abastecimento, o que leva a admitir que o cômputo dos seus consumos funcione como constante a adicionar ou não às provisões que se façam para os consumos correntes. Simplesmente, se a siderurgia em Portugal vier a ser um facto, se principalmente a montarmos num plano judicioso de conjunto que leve a aumentar, e a firmar, um mercado interno que lhe dê todo o interesse, hão-de surgir novos aumentos de consumo por via de indústrias complementares, ou suplementares, que à sua sombra se criem, ou se desenvolvam, como sua consequência imediata ou mediata.
Grande parte do nosso desequilíbrio demográfico, resultante da chamada ao litoral e da tentação insofrida que os grandes centros provocam, tem por causa determinante a pobreza e a carência, dos nossos meios rurais, consequentes de uma produção agrícola fraca, que um clima nem sempre ajuda, e um solo nem sempre facilita; compreende-se, perante ela, a afirmação responsável do Chefe do Governo Português, que a nossa geração deixou marcada num plinto de granito da lindíssima barragem da veiga de Chaves:

A rega ó considerada magno problema de interesse simultaneamente económico, suciai e militar, que como nenhum outro contribui para a valorização do património nacional, para a criação da riqueza pública, para a absorção do nosso excesso demográfico e para o desenvolvimento do comércio interno e externo do País.

Simplesmente, o estabelecimento de novos regadios, c a ampliação dos já existentes, não podem ficar somente na dependência estreita das águas superficiais, impondo-se recorrer igualmente às águas subterrâneas que se apresentam entre nós, e quantas vezes de forma a satisfazer totalmente.
Independentemente, portanto, dos trabalhos valiosos de hidráulica, agrícola, por exemplo, que procuram criar vida Miais fácil no País. é necessário que o lavrador encontre fáceis possibilidades de obter, com vantagem, a água que, porventura, tenha no subsolo do terreno que cultiva ou que é seu.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Todos nós aceitaremos, sem duvida, o aumento de consumo de energia eléctrica que o Pais irá enfrentar, no dia em que a preço adequado, ela possa
aparecer largamente em cada campo, a dar auxilio precioso, indispensável, para ajudar a regar.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - E não esqueçamos, também, que devendo ser a electricidade não só um auxiliar para a vida mas também, para a sua própria economia, sendo - ou devendo ser- forma de ajuda preciosa, ferramenta segura de trabalho, o não um luxo qualquer, impõe-se trabalhar para obter regimes de tarifas adequadas, possivelmente degressivas, que a todos dê mais interesse na sua utilização.
Está nisso o empenho, aliás, da própria empresa, visto que um custo marginal cada vez mais baixo leva inevitavelmente o comprador a ampliar as suas compras, com nítida vantagem para o rendimento da empresa, como facilmente se demonstra.
Ora tudo isto, decerto, será possível, não só através duma reorganização da própria forma de vender (dependente, aliás, de haver para tal produção suficiente) mas também em face da redução dos custos, em certos casos previsíveis para o kilowatt-hora entregue nas subestações ou nas centrais.
A regularização dos caudais do alguns aproveitamentos, permitindo melhores diagramas de utilização (como há-de acontecer quando se completarem os sistemas actuais do Zêzere e do Cávado, por meio de escalões que, em relação aos actuais, se podem considerar complementares mi que respeita a suplementos de energia e a embaratecimento de preço), a interconexão de centrais com vista a conseguir obter mais de energia permanente à custa de energias, ou de potências, temporárias parcelares (como pode acontecer pela conjunção da energia regularizada do Zêzere com a energia a fio de água do Douro), reflectir-se-ão, com certeza, nos preços de custo da produção; e quanto aos novos aproveitamentos que ainda nos são possíveis, não podemos pôr de lado a viabilidade de obter, talvez, cerca de 1 300 milhões de kilowatts-hora do Douro internacional nos seus três escalões), com uma potência, total, superior a 160: 000 kwh e a um preço, em centros interessantes de consumo, que possivelmente poderá vir a ser sensivelmente mais baixo do que os preços actualmente praticados pelos nossos melhores, maiores e mais modernos sistemas hidroeléctricos.
Ora todos nós sabemos como a procura da energia eléctrica é particularmente elástica, com comprovações aliás tiradas numa zona bem importante do consumo português; refiro-me à cidade do Porto, onde uma baixa de cerca de 70 por cento no preço médio do kilowatt-hora vendido para usos domésticos levou não a duplicar o consumo respectivo no período de dez anos mas sim a aumentá-lo de dezassete vezes, levando o consumo especifico de 98 kWh para 1 120 kWh.
Nesta evolução rapidíssima, e intensíssima, se observou, portanto, que, em média e por cada diminuição de 10 por cento no preço, houve um aumento, em 10 anos, de cerca de 230 por cento no consumo doméstico da cidade.
E já que estamos referindo necessidades de suprir grandes aumentos para consumo de energia eléctrica em Portugal, cabe perguntar e já alguns o têm feito - se não será um lapso de monta o Plano não considerar, para tal fim, a possível ou eventual utilização de energia atómica entre nós.
De facto, não restam dúvidas, já que a sua utilização inclusivamente para fins pacíficos está mostrando um incremento em cada dia maior, e é a própria Comissão Cowles para as investigações económicas, por exemplo, da Universidade de Chicago, em conjugação com o comité, da Social Science Rescarela Council, para os