16 DE DEZEMBRO DE 1952 391
desde Outubro findo, só agora ingressam na Mocidade Portuguesa Feminina.
Mas, apesar de tudo, são já mais de 100000 as raparigas organizadas, o que dá uma ideia do volume do trabalho a realizar. E, se atentarmos em que as jovens de hoje são as mães de amanhã, quantos frutos, bons ou maus, pode produzir a sementeira que hoje se faz na alma e no coração destas 100 000 raparigas? Por quantas primaveras viverá, para além de nós, a semente agora espalhada? Por quantos outonos, ou ricos e abundantes da colheita, numa vida digna, ou sáfaros e estéreis, numa vida mesquinha?
É preciso não esquecer o passado e tirar dele lição para o futuro.
Sr. Presidente: a preparação de dirigentes e instrutoras tem sido objecto de uma actuação permanente e muito cuidada do Comissariado.
Passaremos sem referência os trabalhos preliminares realizados para orientação das dirigentes que iniciaram o movimento e dos outros destacaremos apenas os de maior rendimento - as reuniões de dirigentes, realizadas em Lisboa, a última das quais teve lugar em 1947; o curso de instrutoras de educação física, organizado em 1938 e frequentado até hoje por 152 alunas, das quais as 103 diplomadas vêm prestando serviço, quer como instrutoras da Mocidade Portuguesa Feminina, quer como professoras em liceus, escolas técnicas e colégios no continente e no ultramar português; o curso de instrutoras de economia doméstica, que funcionou de 1944 a 1950; os cursos de dirigentes dos centros liceais e os de dirigentes dos centros primários, organizados em 1943 junho dos liceus normais e das escolas do magistério primário do continente e ilhas; o curso de férias para dirigentes dos centros liceais, realizado em 1948; os cursos de férias para dirigentes dos centros primários, realizados em 1944, 1947 e 1948, destinados apenas às professoras diplomadas nesses anos e frequentados, cada um deles, por mais de uma centena destas senhoras, preenchidas sempre todas as vagas postas à disposição das referidas escolas; os cursos de aperfeiçoamento de professoras e instrutoras de educação física do País realizados em 1942, 1943, 1947, 1948 e 1951; os cursos de aperfeiçoamento de instrutoras de moral, o último realizado em Fátima no mês de Setembro de 1949, e os serviços de inspecção de educação física, canto coral, educação estética e formação moral, organizados em 1947.
As reuniões para dirigentes, quer regionais quer provinciais, promovidas pelas delegacias ou subdelegacias; os cursos de dirigentes dos centros primários, organizados em 1951 e 1952 pela delegacia do Baixo Alentejo, destinados às professoras primárias desta província; o curso de aperfeiçoamento de instrutoras de moral, organizado em 1952 pela delegacia do Douro Litoral; o curso especializado de educação física, que funcionou em Lisboa em 1938, 1939 e 1940, organizado para as professoras primárias desta cidade pela delegacia da Estremadura; as reuniões de instrutoras de moral, reuniões mensais promovidas pela mesma delegacia, e tantas outras iniciativas deste género que a Mocidade Portuguesa Feminina deve à dedicação e competência das suas dirigentes provinciais.
Exposto assim a traços largos o trabalho realizado pela Mocidade Portuguesa Feminina na preparação e formação das suas dirigentes e instrutoras, abordemos agora o problema máximo da organização, ou seja o da formação das filiadas.
E nos centros que se inicia esta formação, mas é nos cursos de graduadas, nos campos de férias e nos cursos de especialização que ela se intensifica e aperfeiçoa.
Como meios de actuação temos as instruções propriamente ditas e as actividades de carácter social, cultural o artístico, organizadas em vista à formação integral da rapariga.
Em 1942 começaram a publicar-se mensalmente, primeiro em folhas soltas e mais tarde coligidas num boletim mensal paira dirigentes, lições-esquemas para a actividade de formação moral e nacionalista. Estas lições-esquemas, diferenciadas por idades e graus de ensino, são elaboradas à volta de um tema central, dando origem em cada ano a uma campanha em que se integram todas as actividades, em ordem ao seu pleno desenvolvimento.
Assim, em 1940, «Lealdade», o lema em volta do qual se desenvolveu toda a actividade da Mocidade Portuguesa Feminina, deu origem à «campanha da verdade», que então se realizou.
Em 1947 o lema «Portugal, nossa Pátria» provocou uma «campanha de amor a Portugal».
Em 1948 foi em torno do lema «Trabalho, serviço de Deus e da Pátria» que se desenvolveu a «campanha de amor ao trabalho».
Em 1949 o lema «Por um Portugal maior» fomentou a «campanha de generosidade», em que se deu lugar do merecido destaque à figura de S. João de Deus, cujas festas centenárias ocorriam então.
Em 1950, 1951 e 1952 um mesmo lema, «Rumo à vida», fomentou as «campanhas de formação do coração», de «formação da vontade» e de «fidelidade à vocação missionária da gente portuguesa», respectivamente; na última, agora em curso, sobressai a grande figura do apóstolo das Índias, S. Francisco Xavier.
No desenvolvimento destas campanhas integram-se não apenas as outras actividades, como disse; também a acção social a desenvolver durante o ano, festas, salões de educação estética, publicações da Mocidade, etc., tudo se inspira no mesmo pensamento e se orienta para o mesmo fim. E com esta conjugação de esforços se consegue tirar o máximo rendimento das lições e das campanhas.
A educação física, através das suas actividades especializadas (jogos, desportos, campismo e danças regionais), enquadra-se perfeitamente na campanha, despertando nas filiadas o gosto pelas alegrias sãs que a prática destas actividades, quando orientadas num sentido de equilíbrio e bom senso, sempre proporciona. É preciso ver o entusiasmo esfuziante que reina nos jogos, a animação nunca esmorecida dos dias de campismo e a alegria das danças regionais para avaliar os recursos de bem-estar moral e físico que deles se podem colher.
A educação familiar e doméstica das filiadas, que na Mocidade se traduz nesta frase tão simples: «Preparação para a vida», integra-se também na campanha, nos cursos de culinária, economia doméstica, corte e costura, enfermagem, socorros de urgência e puericultura, que se realizam nos centros, e nos cursos de donas de casa, que funcionam nalgumas Casas da Mocidade durante as férias do Natal e da Páscoa. Todos estes cursos despertam o maior entusiasmo nas filiadas. Merece referir-se que algumas delas, quando atingidas pelo limite de idade, que as afasta da organização, acorrem a inscrever-se nos cursos especializados organizados pelas delegacias.
Dentre as actividades de carácter social, cultural e artístico, organizadas em vista à formação integral das raparigas, merecem referir-se:
As distribuições de berços, enxovais e outras peças de roupa para crianças e velhinhos, confeccionadas e oferecidas na Semana da Mãe pelas filiadas da Mocidade. De 1938 a 1951 a Mocidade confeccionou e distribuiu por mães pobres, crianças e velhos 2 760 berços com enxoval, 4 983 en-