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394 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 184

Assistência feita nos centros sobre várias formas: refeições nas cantinas, propinas, livros e outro material didáctico, medicamentos, uniforme» de ginástica, etc., no valor de 2:000 contos.

Mas outros encargos que pesam ainda sobre a Mocidade Portuguesa Feminina merecem ser aqui referidos. Com a publicação do Decreto n.º 32 234, de 31 de Agosto de 1942, as caixas escolares dos liceus e escolas técnicas foram integradas na Mocidade Portuguesa Feminina com todas as suas receitas e encargos, fixando-se, pouco depois, em 20$ anuais, para os liceus, e 10$, para as escolas técnicas, as quotas respectivas. Destas importâncias, 40 por cento, nos termos do referido decreto, são destinados ao estabelecimento de obras de solidariedade e assistência às alunas, 30 por cento para visitas de estudo e excursões e os restantes 30 por cento para os encargos privativos das actividades, o que quer dizer que, praticamente, cada filiada contribui para a Mocidade Portuguesa Feminina com 6$ ou 3$ anuais, conforme se trata do ensino liceal ou técnico. Estas importâncias são manifestamente insuficientes e o Comissariado tem de subsidiar os centros, com o que despende para cima de 300 contos anuais.
Por outro lado, pesa ainda sobre o Comissariado, a partir de 1947, o encargo dos vencimentos das professoras eventuais de Educação Física, Lavores e Canto Coral dos liceus com menos de 10 turmas, o que corresponde a uma despesa anual de cerca de 200 contos.
Teria sido possível realizar toda esta vasta obra com importância inferior aos 34:000 contos de que a Mocidade Portuguesa Feminina dispôs de 1937 até hoje?
Creio que a resposta não pode suscitar dúvidas e que os dinheiros da Mocidade Portuguesa Feminina, gastos com parcimónia, estão já a render largamente, a bem da Nação.
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

A oradora foi muito cumprimentada.

O Sr. Pimenta Prezado: - Sr. Presidente: proponho-me tratar nesta minha intervenção de um assunto que apaixonou a opinião pública do País e que ainda hoje, passados quase cinco anos, se ouve muitas vezes referir.
Não quis que terminasse o meu mandato sem chamar a atenção de V. Ex.ª, Sr. Presidente, e de VV. Ex.ªs, Srs. Deputados, na esperança de que o Governo também me ouça.
Quando em 1948 consenti que o meu nome fizesse parte da lista de Deputados pelo distrito de Portalegre proposta pela União Nacional, consentimento a que quis furtar-me inutilmente, tracei o meu programa de trabalho, fiz a mini mesmo limitações (e só essas receberia).
Resolvi apenas ocupar-me nas minhas apagadas intervenções dos assuntos para que me sentia preparado, mais apto, aqueles que o meu interesse ou tendência me levaram a estudar, preocupando-me o espírito; aos profissionais - médicos -, de que não me podia desligar porque a esses vinha a dedicar-me com o maior entusiasmo e dedicação; aos da lavoura, a que estou ligado desde menino, raízes profundas lançadas à terra, lavrador de escassos hectares, imprimindo-lhe a orientação social que me é grata; aos assuntos de interesse local, amigo da minha terra, da minha região, alentejano crente no seu futuro, no seu progresso, na sua posição destacada na economia nacional.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - A minha intervenção de hoje sai dessas limitações.
Em Junho de 1947, no regresso de uma excursão de médicos ao estrangeiro, a nossa entrada em Portugal fomos surpreendidos por uma nota oficiosa publicada nos jornais anunciando a aposentação ou demissão de vários professores catedráticos e auxiliares das nossas Universidades.
Vou referir-me especialmente à demissão dos professores de Medicina de Lisboa, referência que não representa menosprezo e indiferentismo pela situação dos restantes; apenas por a dos professores da Faculdade de Medicina estar insuficientemente documentada e esclarecida ...
A todos nós, médicos, que conhecíamos o procedimento desses professores, se afigurou estranha a sua aposentação ou demissão, mas - objectava-se - talvez esses professores se tivessem envolvido, inadvertidamente, num caso grave de política que os arrastasse a situação melindrosa, e dizia-se: «com certeza o Governo dirá ao País a razão de tão enérgica medida B.
Os dias passam, o assunto apaixona, discute-se em todos os meios, as opiniões são as mais divergentes possível, afirmam-se delitos incompreensíveis. Mas, passado algum tempo, a alguns desses professores é revogada (?) essa ordem de aposentação ou demissão e diz-se: «um requerimento de recurso fora defesa suficiente para tão grave penas.
E sobre os restantes nunca o País foi informado dos seus delitos.
Não quero discutir nem apreciar a legalidade dessas demissões; essas apreciações suo para os técnicos na matéria.
A minha intervenção visa apenas trazer à Assembleia Nacional o depoimento de um modesto médico que teve a honra de ser aluno dalguns dos professores atingidos, do médico que lidou de perto com alguns desses professores, que conhece o seu altíssimo valor como pedagogos e cientistas, com renomes a ultrapassarem as fronteiras, mestres prestigiosos e queridos dos alunos, que ocupavam as cátedras sem favor de ninguém, alcandorados aos seus lugares em concursos brilhantíssimos, com trabalhos de investigação que honram a Faculdade de Lisboa, a Medicina do País.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Um desses professores, que mais de perto conheci, mestre de incontestáveis faculdades de aliciação - aliciação, digo eu, mas científica - aglutina à sua volta grande número de médicos, dos mais brilhantes da minha geração, incita-os ao estudo, ao trabalho, ampara-os, protege-os, forma um grupo de elite, com uma produção científica enorme.
Pois, Sr. Presidente e Srs. Deputados, desse grande professor que é demitido por razões políticas posso afirmar a VV. Ex.ªs que, se a sua acção científica é grande, é enorme, a sua acção política, se ela existisse, era infinitivamente pequena.
Um dia, em conversa com um dos seus íntimos colaboradores, quando, cheios de mágoa, deplorávamos a severa medida que o atingira, passámos em revista o comportamento político de todos os seus colaboradores e chegámos a esta conclusão: muitos eram situacionistas de sempre, filiados na União Nacional, legionários; outros, se não eram militantes, eram pessoas alheias à política, que apenas se dedicavam devotadamente à sua profissão, e não encontrámos um único que fosse adversário aguerrido da Situação.
Tenho a convicção de que, se esse professor fosse político, se se dedicasse ao aliciamento político, a sua