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16 DE DEZEMBRO DE 1952 397

desânimo, onde se julgava que nada havia a fazer, que tudo era já perdido, foi Sidónio Pais quem a todos convenceu de que havia ainda alguma coisa sagrada a salvar. E talvez porque assim pensava, mas de certeza porque assim procedeu, mataram-no! Eis porque desde a missa de há bocado até este momento resolvi usar da palavra e cometer, afinal, esta falta: estar a prender a atenção de VV. Ex.ªs

Vozes: - Não apoiado!

O Orador: - Porque a nossa geração precisa de saber explicar à dos nossos filhos a diferença que há entre às duas: os rapazes de hoje estão para os nossos tempos - como poderei dizê-lo? - como os que ao nascer logo encontraram a vida feita, e os outros que, por terem nascido sem berço, tiveram sempre de lutar para conseguir que na muralha da vida se lhes abrisse ao menos uma porta.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Há uma coisa que ó preciso não os deixar ignorar: é que a vida que estão vivendo devem-na ao esforço, ao trabalho e ao sacrifício da nossa geração.

Uma voz: - Fomos nós que lha proporcionámos.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - A minha geração nunca teve o apoio moral que são hoje a Mocidade Portuguesa ou a Legião. Quero dizer: eles hoje têm a vida diante de si com letreiros que lhes dizem, como num marco de estrada, qual o bom caminho a seguir ou o mau caminho a evitar; e nós não o tínhamos.

O Sr. Carlos Moreira: - Nós tínhamos um corpo de doutrina e uma escola de sacrifícios.

O Orador: - É certo! Eles encontraram a vida feita, mas por isso mesmo a Mocidade Portuguesa, que é obra nossa para os nossos filhos, tem de lembrar-se e de lembrar-lhes que nós amanhã temos o direito de pedir contas e o dever de agradecer-lhes se não tiverem desperdiçado o património que lhes confiámos: a fé nos destinos da Pátria e a coragem de defendê-los!
Assim é que eu compreendo e explico o que foi o nosso passado, o que é o presente e o que entendo que deve ser dito, para termos confiança no futuro.
Quando a própria Legião se formou e no dia do seu grande desfile, o primeiro que se fez em Lisboa, eu estou certo de que a velha cidade reconheceu quase todos os que vinham na frente: e reconheceu-os porque eram exactamente os mesmos que sempre tinham combatido pela causa da Pátria, eram os mesmos que já vinham da primeira onda salutar de revolta, contra tudo quanto era causa de perdição e desgraça deste povo, que agonizava e nunca tinha querido morrer!

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Sidónio Pais e a sua grande figura nunca são demasiado relembrados! Qual a razão por que não pode e não deve ser esquecido? É porque se lhe deve - ao seu patriotismo e coragem - a possibilidade de se ter mostrado à Nação que ela tinha as forças necessárias para ressurgir, e que apenas não tinha era sabido despertar!
Foi ele quem fez ressuscitar a Pátria. Os seus melhores colaboradores continuam a ser ainda hoje os
melhores quando a hora é de perigo. São os mesmos ontem e hoje!

Vozes: - Muito bem!

O Orador:-Nada me impressiona mais, e me tem impressionado sempre, do que uma injustiça por esquecimento ! É por isso mesmo que me julguei no direito de vir a esta tribuna dizer as palavras que proferi. E julgo-me nesse direito porque estou convencido de que, se Sidónio Pais não fez mais pelo seu tão querido país. foi apenas porque nessa época - ele viera cedo! - mais não se podia fazer!
Se foi pouco ou foi muito, terá ocasião de o verificar a História quando o estudar e à sua grandiosa figura à luz imparcial e rutilante que só dela emana.
Poderá ter sido pouco, mas o que a História nunca poderá esquecer é que foi tudo quanto era necessário.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Foi tudo quanto era necessário porque, sem ele e sem esse tudo, não teria sido possível fazer o que se tem feito agora para bem da Nação.
Estou convencido de que Sidónio foi, em relação ao momento actual, o homem eleito para vir dar testemunho, com a sua própria vida, de que era possível fazer ressurgir Portugal para que ele voltasse a ser o que já fora, o que é hoje e Deus há-de permitir que venha a ser.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - E temos o prazer e o direito de dizer a Salazar que ele há-de ter sempre de todos nós a mesma lealdade e a mesma vontade de lutar e servir que demos a Sidónio.
Que os nossos filhos, e depois os filhos deles, possam recordar daqui a muitos anos e deste mesmo lugar a memória do Chefe do Estado que foi Sidónio Pais com esta mesma enternecida saudade e profundíssimo respeito.
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Presidente:- Vai passar-se à

Ordem do dia

O Sr. Presidente: - Continua em discussão na generalidade a proposta da lei de autorização de receitas e despesas para o ano de 1953.
Tem a palavra o Sr. Deputado Amaral Neto.

O Sr. Amaral Neto: - Sr. Presidente: venho pela primeira vez ao debate de uma proposta de Lei de Meios, não no intuito - que no caso seria presunção - de fazer rever o sen articulado, mas tão-somente para motar alguns aspectos da acção que poderá ser desenvolvida ao abrigo da lei.
Com efeito, a latitude de autorização orçamental a conceder ao Governo acha-se estabelecida já de há muito tempo, e a sua forma mais recente, com poucas novidades agora, tem a aboná-la a experiência satisfatória de dois exercícios e a força de votações favoráveis; nada encontrando de que queira diferir, tanto me basta para dar mais uma vez apoio à proposta.
O sistema, notou já a Câmara Corporativa, no geral tem provado bem, e acredita-se pelos êxitos: poder con-