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18 DE DEZEMBRO DE 1952 409

c) Nota dos depósitos feitos, em cada um dos referidos anos, na Curadoria dos Serviçais de S. Tomé, ou à ordem desta, referentes a salários dos contratados cabo-verdianos;
d) Indicação das importâncias globais remetidas em cada ano para Cabo Verde pela mesma Curadoria e respeitantes aos serviçais repatriados ou das quantias a eles entregues no momento da repatriação e também das importâncias dos espólios dos serviçais falecidos;
e) Cópia das passagens dos relatórios dos governadores de S. Tomé, dos inspectores ou do curadores dos serviçais daquela província que se refiram aos contratados em Cabo Verde, e bem assim dos mapas que tenham acompanhado tais relatórios e aos mesmos serviçais digam respeito».

O Sr. António Maria da Silva: - Sr. Presidente: os Deputados da Nação eleitos pela duas províncias do Oriente Português -Estado da índia e Macau- não podem deixar de irmanar-se na exaltação da obra evangelizadora de S. Francisco Xavier por ocasião das celebrações do 4.º centenário da sua morte.
O meu ilustre colega Mons. Castilho Noronha já o fez com brilho e elegância no início das comemorações; e era minha intenção fazê-lo na data do encerramento das festas. Como ela, porém, foi marcada para o dia 3 de Janeiro, durante a interrupção dos trabalhos desta Assembleia, resolvi pedir a palavra hoje.
Índia e Macau têm a mesma história e a mesma tradição cristã.
Macau não é mais do que um prolongamento do famoso Estado da índia da época de Quinhentos; e tanto que desde a sua fundação o seu Governo esteve debaixo da jurisdição de Goa por três séculos quase, até que, por determinação do Decreto de 20 de Setembro de 1844, se desligou do Estado da índia, formando uma província independente com as ilhas de Timor e Solor, que, por sua vez, se desligaram mais tarde da dependência de Macau.
Não é meu propósito relatar a vida e a obra do Apóstolo do Oriente, que são bem conhecidas do mundo católico.
Limitar-me-ei a dar uns sumaríssimos apontamentos históricos dos acontecimentos que precederam a época do desembarque de S. Francisco Xavier às portas do continente chinês e das relações do Santo Taumaturgo com os portugueses que passaram a viver em Macau depois da sua morte.
Seguindo a orientação traçada na escola náutica de Sagres, foi primeiro descoberto o caminho marítimo para a Índia. Conquistada esta e, mais tarde, Malaca, o grande Afonso de Albuquerque fez irradiar as caravelas lusitanas para a costa oriental da China e do Japão.
Os ousados navegadores portugueses, tomando a dianteira dos outros povos europeu», costeavam nessa época o Celeste Império, desde 1515, estabelecendo-se em vários pontos da China, como Ning-Po, Chincheu e Tamao, donde foram sempre rechaçados.
Quando S. Francisco Xavier desembarcou em Sanchoão, em 1952, de regresso do Japão, os nossos denodados navegadores estavam reunidos nessa ilha, que era então o único ponto da China onde os nossos comerciantes estavam autorizados pelos mandarins a trocar as suas mercadorias com os Chineses.
Ali o Apóstolo do Oriente faleceu e foi sepultado antes da remoção do seu bendito corpo, incorrupto, para a Índia.
Se Goa se tornou venturosa por ter sido a primeira terra do Oriente que o citado Varão Apostólico pisou para iniciar a nua grandiosa obra de evangelização, a
ilha de Sanchoão, situada perto de Macau, tornou-se notável por ter sido o último campo das suas fadigas e o último teatro das suas glórias.
O mesmo corpo do Santo Taumaturgo, que se encontra depositado na igreja do Bom Jesus, de Goa, como o mais precioso tesouro de toda a índia, teve o seu primeiro jazigo na ditosa ilha de Sanchoão, precursora do Macau, parcela do Portugal cie hoje.
A cidade do Santo Nome de Deus de Macau nasceu em consequência de os nossos valorosos antepassados se terem estabelecido em Sanchoão cinco anos antes.
Macau, que começou apenas como um porto de abrigo das naus lusitanas, tornou-se pouco tempo depois no maior centro de irradiação da civilização latina e da moral de Cristo polo imenso mundo pagão da China.
O Apóstolo do Oriente deixou, com o seu corpo sepultado no solo chinês, a semente da evangelização do Celeste Império.
Foram os grandes missionários, principalmente jesuítas, sucessores de S. Francisco Xavier, que denunciaram a sublimíssima moral do Mártir do Gólgota nos filhos da milenária e misteriosa China.
Se Goa é conhecida como a Roma do Oriente, Macau é tida como a Roma do Extremo Oriente.
Depois de Goa, Macau é a terra onde mais se sabe da vida do Apóstolo do Oriente, porque vários navegadores e comerciantes que com o Santo privaram em Sanchoão passaram a viver permanentemente em Macau.
Foram inúmeras as, suas profecias, comprovadas pelo sucesso, que chegaram ao nosso conhecimento por tradição.
Vou citar apenas duas, e em duas palavras.
Ao piloto Aguiar profetizou S. Francisco Xavier que teria uma longa vida, viria a possuir uma grande fortuna e que não sofreria naufrágios; o que de facto aconteceu.
Pedro Velho, negociante abastado, caridoso e muito amigo do Apóstolo da índia, pediu ao Santo que lhe predissesse a data da sua morte.
S. Francisco Xavier, em satisfação ao seu insistente pedido, respondeu-lhe da seguinte forma:
No dia em que o vinho lhe amargar na boca prepare-se para entregar a alma ao Criador.
E assim sucedeu.
E os milagres do Santo Taumaturgo?
Como enunciá-los, se foram tantos o tantos praticados durante a sua missão apostólica?!
Parecia que a própria natureza, os elementos, as feras, os homens, tudo obedecia ao seu poder de taumaturgo!
Ao toque da sua cruz, as ondas encapeladas dos mares tenebrosos da China e do Japão amansavam.
À sua passagem, a pó, por regiões infestadas de foras e habitadas por selvagens nem estes nem aquelas o acometiam.
As multidões que o escutavam, compostas de gentes de diversas línguas e dialectos, percebiam as suas pregações como se o Santo lhes estivesse falando na sua própria língua.
Foi por esta forma milagrosa que S. Francisco Xavier conseguiu chamar para o seio da cristandade milhões de criaturas humanas, na sua qualidade de embaixador do Céu, encarregado de levar a cruz da verdade ao Oriente.
É deste extraordinário varão apostólico que a Igreja, Espanha, Portugal, toda a Índia e o mundo católico estão celebrando o 4.º centenário da sua morte, com a é e o deslumbramento que conhecemos pelo relato de todos os jornais da metrópole lusitana.
O túmulo de S. Francisco Xavier nunca mais será aberto por determinação das autoridades superiores eclesiásticas.