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18 DE DEZEMBRO DE 1952 411

nos trabalhos, em suma, de todos os nossos mestres desaparecidos.
Sucederam-se as reformas do Instituto Superior de Agronomia, depois da lei publicada no dia 16 de Dezembro de 1852, durante o reinado da Senhora D. Maria II. Grandes espíritos políticos da nossa terra acarinharam a escola, ajudando-a, dando-lhe impulso. A escola vai-se preparando através do tempo para os grandes progressos, para os futuros empreendimentos que a Nação porventura reclamasse.
Assim, em 1929, quando as finanças restauradas permitem sonhar já com mais realidade, quando surge um Ministro da Agricultura da força de Linhares de Lima, o Instituto encontra-se pronto a ajudar uma empresa de vulto, de grande amplitude nacional. E surge a Campanha do Trigo, que se realiza num ambiente de grande entusiasmo, em especial por parte da gente nova, dos mais jovens agrónomos e estudantes de agronomia. Teve êxito, produziu-se o que se procurava. E de tal modo que até o Chefe pude dizer que graças a esse esforço se conseguira renovar a nossa esquadra. Eram suas as palavras:

Para que pudessem, sulcar os mares navios portugueses foi preciso que a charrua lavrasse melhor e mais extensamente a terra da Pátria, poupando à Nação largas somas do seu ouro.

O Instituto foi-se desenvolvendo pelo tempo fora. Dele irradiou a maior organização de investigação cientifica agrícola do País. Dele saíram todos esses agrónomos que na metrópole ou no ultramar estão a trabalhar por uma agricultura mais próspera e mais rica.
O Instituto Superior de Agronomia não irá decerto adormecer sobre os louros colhidos no seu primeiro século de existência. Agora que já encontra uma opinião pública favorável tem de preparar-se para voos mais dilatados e para acções mais rasgadas. A Nação conta com isso. E os agrónomos sentem que não podem atraiçoar os exemplos dados pelos mestres, pelos seus mortos. Por áspero que seja o caminho, por muitos espinhos que se encontrem, não poderão ter desfalecimentos. A marcha não parará para o progresso agrário e para o bem-estar do povo rural.

Vozes: - Muito bem!

O Orador:- A época da agronomia obscura, mal compreendida, mal apreciada, já passou. Também já passou o período de a agricultura ser considerada actividade de segunda ordem, sempre apagada diante do comércio ou indústria. Por toda a parte se vai ganhando a convicção de que a agricultura é não só fonte de abastecimento dos povos, mas a razão do fortalecimento da raça, da salvaguarda da família, da defesa dos valores eternos.

Vozes: - Muito bem!

O Orador:- A agricultura está associada à paz. Para dar pão a todas as bocas só há um meio: trabalhar bem a terra. A paz conquista-se com pão, isto tanto no plano nacional como internacional. Ora o pão é produto da agricultura. E para que esta seja eficaz uma coisa é de primordial importância: que a agronomia que a serve seja competente, activa, enérgica, eficiente, possuidora das melhores técnicas, dos melhores métodos científicos, das ferramentas essenciais de trabalho.
A agronomia há-de ser poderosa e não obra de fachada, mera organização burocrática, confinada a acanhados espaços de repartições ou de modestos serviços, mas estendendo-se sobre todo o território pátrio, tanto na metrópole como no ultramar.
A agricultura precisa duma agronomia potente, que seja dotada do melhor espírito, de entusiasmo que ignore a força destruidora das decepções, que possua uma confiança ilimitada, a fé que move montanhas e, por cima de tudo, a compreensão dos problemas da grei. trabalhando pela lavoura e pelos trabalhadores, pelo capital e pelo trabalho, procurando que estes possam viver melhor, num ambiente mais feliz e mais cristão, com vida mais desafogada, podendo educar os seus filhos com os olhos postos em Deus e na Pátria.

Vozes: - Muito bem!

O Orador:- Essa agronomia, que a agricultura de amanhã exige, vai ter grandes responsabilidades. Isto sentirá decerto o Instituto Superior de Agronomia ao celebrar o seu primeiro século de existência. Mas terá fé em que os agrónomos que formar, continuando os exemplos passados, seguindo a trajectória definida, saberão enfrentar os tempos difíceis que se aproximarem, e caminharão firmes e sempre esperançados, para bem da Nação, respeitando os direitos e as tradições, tomando para si, como norma de ética profissional, o que o nosso Bernardes já dizia: «Deus não só olha para os passos mas para as pegadas».
Disse.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Morais Alçada: - Sr. Presidente: no princípio do corrente ano lectivo, a voz do Governo, através do discurso proferido, em Oeiras. por S. Ex.ª o Sr. Ministro da Educação Nacional, entendeu que devia esclarecer o País acerca do presente estado de concorrência de alunos ao ensino liceal, bem como dar-lhe notícia dos princípios de orientação que se lhe afigura conveniente seguir no futuro, a respeito deste ramo de ensino, em apreciação paralela com o do ensino técnico do mesmo grau.
Pelo que então foi afirmado, quer no tocante à crítica da situação actual, quer quanto aos planos contidos no pensamento do Governo, a Nação, sem prejuízo das legítimas homenagens, em que comungo, tributadas ao carácter desassombrado e firme de S. Ex.ª o Sr. Ministro da Educação Nacional...

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - ... e que tem sido a indelével marca da acção governativa encetada por S. Exa., a Nação, dizia eu, foi arrastada a criar na sua própria consciência político-social as anais fundadas preocupações sobre o panorama do futuro, acudindo principalmente à inteligência e ao coração dos pais responsáveis com filhos nessa idade escolar a ideia e o sentimento .sobre se será justo e razoável estruturar-se tão rigidamente um problema, de raízes melindrosas e complexas, no travelamento de comando que se patenteia naquele já citado discurso.
Na verdade, Sr. Presidente, do que então, e nessa altura, foi tornado público, a Nação entendeu um somatório de conclusões que, procurando eu agora resumir com ia maior fidelidade, se podem traduzir em duas alíneas:
A primeira é a de que os edifícios liceais existentes em Lisboa e nalgumas terras do País «estão superlotados e não comportam mais alunos, visto que já ocupam corredores, sótãos e laboratórios, sentindo-se que o ensino começa a ser ministrado em condições precárias, em consequência do excesso de frequência escolar», donde resulta, logicamente, que, se o aumento médio anual de 1 200 alunos que se vem verificando há tempos continuar a afirmar-se, uma vez que é pensamento