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730 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 208

em que o tenho e a grande consideração que lhe dispenso, considerando-me até muito honrado com as suas interrupções, que considero para mim sempre muito * úteis.
O Sr. Mário de Figueiredo: - A frase que eu quero felicitar é esta: "os encargos que lhe impuseram depois como concessão única B, e quero rectificá-la porque, -através da concessão única, não foram impostos encargos à C. P. relativamente aos quais lhe não fossem dadas também compensações.
E que pode supor-se que a culpa é do Estado, impondo encargos à C. P.
Não estou a defender a C. P., mas a dizer que não lhe foram realmente impostos encargos sem que, do mesmo passo, lhe fossem também atribuídas compensações.
Era isto que queria dizer, não em defesa da C. P., repito, mas sim do Estado.
O Orador: - O meu pensamento era este: é que, desde que se fez a concessão única, a C. P. ficou não só com as linhas mais rendosas como também com as outras.
Mas queria dizer que não pode ter o aspecto de nacionalização que o Sr. Deputado Pinto Barriga apresentou o facto de o Estado ajudar a C. P. a resolver um problema que ela por si só não podia de maneira alguma solucionar.
Não podemos chamar a isto uma nacionalização, nem estou convencido disso; o Estado nunca a faria porque não está nos seus princípios.
Disse o Sr. Deputado Pinto Barriga que não sabia se a C. P. realizou qualquer esforço de melhoria uai sua parte comercial. Ura parece-me que esse esforço de melhoria é por demais evidente.
Quando fazemos censuras, que elas sejam justificadas, mas quando vemos que se faz um esforço enorme para recuperar o atraso que existia não me parece justo afirmar que a C. P. não fez qualquer esforço de melhoria na sua parte comercial, se foi isto o que disse S. Ex.ª

O Sr. Lacerda e Costa: - Tenho ouvido com toda a atenção as considerações de V. Ex.ª, mas não consegui apreender se, ao pedir protecção para a camionagem, V. Ex.ª distingue entre a de carga e propriamente a de passageiros.

O Orador: - Não fiz destrinça porque acho que não é preciso fazê-la. Julgo que a camionagem de passageiros está em boa situação económica; tem defesa suficiente, embora não possa esquecer que quando utilizamos um comboio vemo-nos na necessidade de ir ao colo dos outros passageiros ou de pé, e quando se viaja de camioneta a lotação é cumprida rigorosamente, e tão rigorosamente que parece que chega a andar um polícia em cada camioneta para fiscalizar a lotação da mesma.
Compreendo e desejo notavelmente que o passageiro tenha direito às suas comodidades, mas não compreendo que u exigência não seja geral.

O Sr. Mário de Figueiredo: - O que V. Ex.ª acaba de dizer acontece; mas a utilização da capacidade oferecida para passageiros nos comboios não chega a ser de 40 por cento, em geral.

O Orador: - Isso pode não querer dizer nada.

Suponho não se poder afirmar que não há excesso de lotação nos comboios. Quando chega o Verão, quando há tráfego intenso, quando queremos ir para Sintra
ou para Vila Franca, e certamente para outros pontos, temos de viajar quase sempre de pé.
Termino as minhas considerações agradecendo a VV. Ex.ªs a atenção que me dispensaram e pedindo desculpa do tempo que lhes tomei, mas pretendi que ficasse no espírito de todos a ideia que lancei em primeiro lugar: não sou contra o comboio nem contra a camionagem; sou a favor do País e do seu progresso.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem! O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Alberto Cruz: - V. Ex.ª traduziu bem o pensamento de nós todos.

O Sr. Pinto Barriga:-Sr. Presidente: devo a V. Ex.ª e à Câmara uma conclusão do meu aviso prévio, que foi feito em termos rápidos.
Fi-lo de uma forma sucinta, porque entendi que uma pessoa como o Sr. Melo Machado, que tão brilhantemente costuma ventilar todos os problemas com amplitude e marcadamente este e numa posição tão independente como a minha e de todas as pessoas desta Casa, vantajosamente viria substituir-me e suprir as minhas possíveis insuficiências.
Limitei-me a pôr sinteticamente à Assembleia o problema da coordenação dos transportes, e fi-lo com a lealdade que me é habitual, baseado nos elementos oficiais ou oficializados que obtive de todos os sectores.
Assim, marquei a posição da O. P., marquei também a posição do Governo na coordenação, sem outro intuito que não fosse chamar para o assunto a atenção que ele merece.
O problema é tão difícil que a sua resolução equivaleria a resolver a quadratura -do círculo económico, e, por consequência, parece-me que não devemos nós ter a veleidade de o resolver de uma forma absoluta.
Ainda há pouco tempo a Suíça sentiu estas idênticas dificuldades em relação ao mesmo problema.
A coordenação não se realiza em termos apenas económicos e não pode vir de um liberalismo que todos nós podemos condenar quando é excessivo e, sobretudo, inoportuno.
Fiz a devida justiça à C. P. e aos seus dirigentes, que trabalharam duramente para solucionar o problema.
Quanto à observação de que eu tenho trazido para aqui muitos avisos prévios, quero dizer que um Deputado como eu, durante a legislatura, que não pode exercer outra função senão a de Deputado, julga que não tem outra maneira de mostrar que trabalha senão através de avisos prévios, que apresenta sem quaisquer intenções reservadas de carácter político.
Todos os meus avisos têm sido preparados, pelo menos, mentalmente, e, se no caso de hoje fui muito sucinto, é porque já sabia que ele seria abordado pelo Sr. Melo Machado com o brilhantismo que S. Ex.ª põe sempre em todas as suas intervenções.
Devo acrescentar que nunca me senti tão independente, e o mesmo sentimento de independência reconheço aos meus colegas, e se não marquei a minha actuação com a inteligência que desejaria, fi-lo, pelo menos, patriòticamente.

O Sr. Paulo Cancela de Abreu: - V. Ex.ª fez uma afirmação que me parece merecer um reparo.
Deu V. Ex.ª a entender que a única maneira que tinha de tratar dos assuntos era fazendo-o através de avisos prévios. Mas isso não é exacto, porque V. Ex.ª podia tratar dos mesmos assuntos antes da ordem do dia.