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11 DE MARÇO DE 1953 803

distantes, em concorrência com homens desconhecidos. Onde o meio não progride, o homem faz-se rotina, e, ou se conforma e embrutece ou se desumaniza e revolta.
A desumanização do homem é um mal que resulta dos factores desinquietantes do actual viver social.
A revolta do rural nasce do complexo de inferioridade que lhe criou o não ter conseguido vencer a rotina do meio.

Disse eu: onde o meio retrocede o homem apaga-se ou emigra:
Foi delineado este aviso prévio há aproximadamente um ano. Inúmeros factos se produziram que não entraram então na solução do problema. Outros foram eliminados por não terem razão do peso no momento que passa.
Se fizermos um exame, mesmo superficial, ao que sucede nos meios rurais, verificamos:

Abaixamento do nível de vida das populações rurais, em grau muito sensível, em comparação com os meios citadinos.
Aumento da proporção dos doentes, inválidos e velhos com a restante população válida.
Êxodo em massa destes últimos para os grandes centros populacionais do Império ou para o estrangeiro.
Estagnação do meio rural, no campo industrial e comercial, por carência de mão-de-obra especializada e por dificuldade de escoamento dos produtos locais e acesso das matérias-primas.
Impossibilidade ou, pelo menos, grave dificuldade de comunicações por estrada ou caminho de ferro.

E daí, Sr. Presidente, a despopulação.

O homem, para não se apagar, emigra.
A despopulação dos campos tem origem em causas físicas, biológicas, jurídicas, económicas e sociais. A despopulação porém não tem um carácter de generalização, pois que há regiões onde ela se não produz em grau tal que constitua só por si um problema. Assim, onde há regadio, no geral, não se dá, podendo verificar-se o fenómeno inverso - a repopulação.

Contudo, o êxodo das populações rurais tem muitas outras causas e é um mal de alta gravidade. Tal fuga, se não for diminuída, arrastará consigo alguns outros males, que irão impossibilitar a melhor solução de muitos problemas sociais.
No princípio do século XIX só havia na Europa 22 cidades com mais de 100 mil habitantes; em 1920 havia 193.
Em 1800 vivia nas cidades 3 por cento da população; em 1900, 25 por cento.
Nos Estados Unidos, em 1800, havia 5 cidades com mais de 100 mil habitantes; em 1920 havia 746. Em 1800 a população citadina dos Estados Unidos era de 4 por cento; em 1920 era de 42 por cento.
Nos Estados Unidos há quinze estados nos quais mais de metade da população se encontra nas cidades.
O mesmo acontece na Inglaterra e na Alemanha, onde a população rural é, respectivamente, de 20 por cento e 30 por cento. Verifica-se, pois, que o mal não é apenas nosso.
Quanto mais rápido e intenso for o desenvolvimento industrial, mais rápida e intensa será a despopulação dos campos e a aglomeração urbana.
O médico, que conhece a vida rural, pode, melhor que qualquer outro profissional, falar das suas insuficiências e das suas necessidades. Há uma grande ignorância dos verdadeiros problemas rurais na maior parte dos homens de Estado e dos intelectuais.
Em regra geral os rurais não vêm até à cidade apresentar as suas queixas. Há a necessidade absoluta de ir até eles para as conhecer. É necessário sentar-se à sua mesa, observá-los, interrogá-los e escutá-los com o imenso desejo de os compreender.
Favoreça-se o regresso à terra, por todos os meios, elevando o nível de vida do camponês, considerando o trabalho da terra como o primeiro e o mais honroso dos ofícios.
Auxiliemo-lo e louvemo-lo como tal e teremos certamente aí o remédio para muitos e grandes males sociais.

Vozes: - Muito bem!

O Orador:- Que a economia dos campos e a do camponês sejam protegidas e os produtos agrícolas postos no seu justo o real valor!

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Que o trabalho da terra faça honrar o homem! Que o acesso à propriedade soja favorecido! Que a técnica substitua a rotina! Que os técnicos da terra sejam colocados junto do camponês, e não doutro das repartições! Que a profissão agrícola seja organizada e receba a representação social que é devida na orgânica do Estado Corporativo.

Vozes: - Muito bem!

O Orador:- Que em substituição do camponês só e entregue a si próprio elo receba a sua força da Casa do Povo, do grémio da lavoura e da cooperativa de produtores!

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Que sejam encorajados o artesanato rural e a pequena indústria campesina! Que os futuros camponeses sejam preparados para a vida da terra por uma instrução apropriada.
Que as vocações agrárias sejam facilitadas pela escola rural e aproveitadas por escolas de aperfeiçoamento da mesma natureza.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Que não se fabriquem técnicos diplomados, mas homens que amem a terra, que vivam para ela, a saibam trabalhar e engrandecer!
Que a higiene, a luta contra o alcoolismo e a instrução sanitária não sejam simples slogans. Que haja um serviço de assistência social rural generalizado, em ligação com as Casas do Povo, os grémios da lavoura e os diversos organismos agrícolas.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Que se crie o seguro social em moldes que seja possível a pouco e pouco torná-lo extensivo a todos os agricultores, sem deixar de tomar em conta a situação económica da lavoura nacional.
Que se melhore a alimentação do rural, tornando-a mais racional, rica e variada. Que se cuide da sua habitação, em ordem a que seja higiénica, ensolada, não húmida, com a compartimentação necessária para evitar a promiscuidade de pessoas e animais, com fossa de esgoto e instalações próprias para as estrumoiras.
Mas é necessário que se entenda claramente que, sob o pretexto de progresso e higiene, se não imponha ao