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822 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 214

tismo da espontaneidade juvenil e o entusiasmo experiente e seguro dos dirigentes. O mesmo plano de interesses, os mesmos objectivos, o mesmo espírito, o mesmo calor - nestas horas fora da aula em que é permitido gritar a fé, a esperança e o amor a Portugal e à vida.

(In A Missão dos Dirigentes, 3.ª ed., Lisboa, 1952).

Conclusões do I Congresso Nacional da Mocidade Portuguesa

Educação física da juventude

A educação física da juventude deve acomodar-se às possibilidades dos educandos, avaliadas pelo exame médico, prévio e periódico, e pelo inquérito social e familiar. Considerando-a nos princípios gerais da educação, destina-se a valorizar física e psicologicamente a juventude, com o consequente proveito para o fortalecimento da Nação.
A ginástica nas organizações da juventude deve ser de formação - com fundas raízes no método consagrado de Ling -, ministrado o seu ensino colectivamente de acção disciplinante, de feição intuitiva, progressiva e atraente, exigindo actividade harmónica e alternada, e praticada por classes pouco numerosas e tão homogéneas quanto possível.
Os jogos, os exercícios de iniciação desportiva e os desportos nas organizações da juventude - tidos como elementos preciosos de educação - devem ser assistidos, orientados e limitados às capacidades somáticas dos educandos, em função da idade e do desenvolvimento físico e psíquico e tendo em conta modalidades regionais.
A prática dos desportos não deve dispensar a prática normal do exercício ginástico.
A actividade de cada educando deve exercer-se num grupo de desportos compensadores entre si, segundo as aptidões próprias, julgadas pelo exame médico-pedagógico.
O campismo, entendido na mais larga acepção da vida, ao ar livre - marchas, exercícios, repousos, pernoitas -, tem poderosa acção salutar, educativa e instrutiva na formação da juventude. Por meio dele afervora-se o amor à terra-mãe no conhecimento vivido da etnografia, da história, das riquezas agrícolas, industriais, florestais e oroidrográficas. Pelas condições de resistência
Física e moral que cria, pelo desembaraço e iniciativa a que obriga para resolução de situações inesperadas, o campismo é meio seguro de aplicação natural das práticas da educação física - de que é, portanto, elemento de alto valor. Compete, pois, às organizações da juventude promover a sua larga prática, dispensando à criação de «pousadas da juventude» um decidido interesse.

Educação moral da juventude

A Mocidade Portuguesa deve propor-se, como um dos seus objectivos fundamentais, a formação moral da juventude, a qual deve ser encargo de todos os dirigentes, ainda que, em especial, orientada por instrutores especializados.
Toda a educação mora? deve ser guiada pela ideia de que o homem foi criado para alcançar certos fins, uns naturais e outros sobrenaturais, e de que as acções hão-de ser julgadas de harmonia com a aptidão maior ou menor que possuam para conduzir a esses fins.
A educação moral ministrada pela Mocidade Portuguesa deve visar:
a) Dar ao rapaz consciência dos seus deveres para com Deus, para com a sociedade, para com os outros, e para consigo próprio;
b) Procurar criar em cada filiado uma coordenação espontânea entre a acção na vida e os deveres morais cuja consciência se lhe forma;
c) Adestrar a vontade para vencer os obstáculos que encontre no desempenho dos seus deveres morais e para perseverar nele através de tudo.
O ensino da, moral deve ser activo e eminentemente indutivo, oportuno, adaptado e orgânico; convém que a doutrina seja vivida pelos rapazes, depreendida por eles da crítica da própria conduta e dos factos que se passem à sua volta, feita de acordo com os princípios da doutrina adoptada e tendo em vista a transformação cristã do seu meio ambiente.
A educação moral deve ser individualizada consoante o temperamento e as tendências de cada filiado, e obra de todos os momentos, sem se reduzir ao mero ensino.
O primeiro instrumento de educação moral é o exemplo do dirigente: a autoridade educativa conquista-se pela prática de todos os deveres e virtudes que se preconiza m e pelo constante desinteresse e espírito de sacrifício.
A obediência é escola de disciplina e colaboração. Mas não deve ser imposta sem utilidade e cumpre ao dirigente firmar o gosto de obedecer, incutindo nos seus dirigidos a confiança nas suas ordens e procurando obter deles a compreensão racional ou intuitiva das vantagens das ordens dadas.
A obediência não deve impedir nos rapazes a manifestação da sua personalidade; convém evitar os perigos de uma obediência passiva, sistemática e imotivada, que possa suscitar no espírito de quem obedece um recalcado sentimento de revolta.
O espírito de iniciativa deve ser estimulado para permitir ao rapaz habituar-se a resolver os seus problemas com «s próprios recursos, tornando-se assim apto para na vida seguir o caminho do dever em qualquer emergência e situação.
Para desenvolver o espírito de iniciativa convém que os dirigentes favoreçam e permitam a acção autónoma dos filiados ou de pequenos grupos e acolham as suas propostas quando exequíveis, permitindo experiências orientadas pelos proponentes, ainda que discretamente vigiadas.
Os dirigentes não devem ter a preocupação de tudo comandar e autorizar: em cada escalão de hierarquia deve haver suficiente liberdade de agir, para os chefes subalternos adquirirem o sentimento da responsabilidade e se formarem na experiência da acção.
A prudência do dirigente pertence estimular anais o espírito de iniciativa nos tímidos e escrupulosos e discipliná-lo e regrá-lo nos indivíduos dotados de excessiva personalidade, quando se apresente, relativamente ao grupo, com tendência subtractiva!

A juventude na vida nacional

A participação da juventude na vida nacional compreende a sua preparação educativa nas modalidades seguintes:

a) Formação pré-militar;
b) Actividade cívica;
c) Serviço social.

A educação pré-militar, destinada à preparação para a defesa nacional, é estabelecida pela lei do recrutamento militar, englobando na parte aplicável aos três primeiros escalões da Mocidade Portuguesa a exercitação física e a educação patriótica. Estas têm por fim facilitar e dar maior eficiência à instrução pré-militar especial da milícia e à, instrução militar propriamente dita, a receber na idade própria nas fileiras do Exército e da Armada,