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11 DE DEZEMBRO DE 1954 183

estão a ser dirigidas e impulsionadas pelo inspector-geral do fomento, Sr. Engenheiro Trigo de Morais.
Ora, paralelamente a este extraordinário empreendimento incluído no Plano de Fomento, está a correr em Angola a obra de colonização agrícola dirigida do colonato europeu da Cela.
E devo dizer que se alguma celeuma se levantou contra a inclusão no Plano de Fomento das obras de fomento e povoamento branco, não foi menor a oposição levantada àquele colonato europeu.
Fizeram-se críticas acérrimas ao colonato, indicando faltas, algumas sem fundamento e outras que foram corrigidas, pois no regime experimental é sempre possível que haja deficiências.
Entre outras, duas deficiências não previstas eu poderei apontar:
Alguns casais de colonos apresentaram-se na Gela com filhos e filhas, e por esta razão foi necessário introduzir apressadamente algumas modificações nas casas de habitação, aumentando o número de quartos.
Outra deficiência surgiu motivada pela existência de noivos entre os colonos, pois não fora prevista a hipótese de casamentos entre os colonos recém-chegados à Cela; e daqui resultou que antes de os noivos contraírem matrimónio houve que construir nova residência, que não estava prevista no respectivo plano.
Porém, a verdade é que o êxito do empreendimento confirma-se, e, quanto a mim, a sua confirmação resido essencialmente no facto de famílias fixadas na Gela terem chamado da metrópole parentes próximos e amigos, que nas suas tenras deixaram, para os ajudarem na faina agrícola como jornaleiros.
Sr. Presidente: há algumas dezenas de jornaleiros brancos no colonato europeu da Cela!
Está pois aberto novo caminho no nosso excesso demográfico metropolitano e à ocupação branca daqueles espaços vitais.
A existência daqueles jornaleiros europeus na Cela é a grande vitória do colonato, é o seu verdadeiro triunfo.
Pode dizer-se que foi ganha uma grande batalha para o futuro povoamento europeu em África e para a corrente migratória do excedente demográfico.
O que o futuro nos reservará de risonho e prometedor com a vitória do colonato da Cela!
Estão de parabéns Angola e toda a nação - é o que já se pode afirmar.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - O que dirão agora aqueles que julgavam ser completamente impossível a adaptação do trabalhador rural europeu à terra escaldante de Angola e impraticável conseguir-se que o branco prescindisse inteiramente da mão-de-obra indígena?
Na verdade, a experiência feita em Angola com o colonato europeu da Gela veio revolucionar as ideias que havia sobre a mão-de-obra branca em África e confirmar que o bronco pode prescindir da mão-de-obra nativa.
Com o resultado obtido na Cela podemos alimentar a esperança de quê, mais cedo ou mais tarde, deverá deixar de existir o forte pesadelo que nos causava a falta de mão-de-obra indígena, ou pelo menos não se fará sentir com tanta acuidade a falta de braços pretos que hoje se verifica.
A falta de mão-de-obra indígena que, presentemente, existe nas províncias de Angola e Moçambique é um facto verificado que ninguém contesta; e o que se apresenta mais grave para o futuro das duas grandes províncias do continente africano é que recrudesce dia a dia a falta de mão-de-obra indígena, à medida que o progresso aumenta e as actividades se desenvolvem e multiplicam por toda a parte.
E ainda bem que assim sucede, pois é para nos motivo de orgulho que aquelas províncias ultramarinas progridam tanto e em ritmo tão acelerado que a mão-de-obra preta se torna cada vez mais insuficiente para acudir às necessidades do seu progresso e desenvolvimento.
Mas, tendo nós o imperioso dever de fomentar e povoar, com metropolitanos, zonas despovoadas e de clima favorável à colonização europeia, encontrar-nos-íamos em presença da impossibilidade de cumprir esse dever, por falta de mão-de-obra indígena, se continuássemos na rotina de pensar e admitir que o branco não podia em África suportar trabalhos agrícolas.
Pela força de tais ideias o governador-geral Silva Carvalho encontrou em Angola ambiente eriçado de espinhos e dificuldades para levar por diante o colonato europeu da Cela dentro da inspiração do Sr. Presidente do Conselho, de se abstrair inteiramente da mão-de-obra nativa. E é neste campo, quanto a mim, na -luta contra tal oposição, que o governador-geral de Angola mais se tem revelado à altura das circunstâncias, não cedendo às pressões nem dos próprios colonos da Cela.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Foi preciso repatriar sete desses colonos, que se recusaram a trabalhar por não lhes satisfazerem a exigência de distribuir a cada um meia dúzia de trabalhadores indígenas.
Ë o próprio governador-geral de Angola, Sr. Capitão Silva Carvalho, quem dá este esclarecimento na sua conferência, em 27 de Novembro findo, com os representantes dos jornais diários e das agências nacionais de informação.
A persistência -da vontade deste governador-geral se deve ter sido vencida a resistência oposta ao colonato; e a sua actividade, com o apoio do Governo, temos de atribuir a obra que se realizou na Cela, que é uma verdadeira adaptação da pequena lavoura metropolitana em terras de Angola.
Há ali um aldeamento central -a vila de Santa Comba Dão -, onde se encontram instalados os serviços do Estado -necessários à assistência aos colonos e a maior parte das actividades comerciais; e à sua volta, disseminada pêlos vales, uma série crescente de aldeias, cada uma com 36 ou 26 fogos.
Estão presentemente ocupadas 4 povoações com 108 famílias, num total de 720 portugueses brancos. A quinta aldeia encontra-se pronta a ser habitada; a sexta ficará concluída até ao fim do ano.;' e tudo está preparado para se atingir a média de uma aldeia por mês, se o Governo assim o desejar.
Não se poderá dizer que tenham faltado meios de acção e que a organização do empreendimento não corresponda inteiramente aos altos fins que há em vista atingir..."
Convém fazer notar que durante a visita presidencial à província de Angola, e com a assistência de S. Ex.ª ó Presidente da República, foi inaugurado o pelourinho da vila de Santa Comba Dão, que é cópia exacta daquele que existe na terra natal do Sr. Presidente do Conselho e que tem no soco uma placa de, bronze a assinalar a visita à Cela do Sr. General Craveiro Lopes e uma outra que diz:

1954 - Em homenagem ao Presidente do Conselho Doutor Oliveira Salazar, a cujo pensamento se deve o colonato da Gela, foi reproduzido este pelourinho de Santa Comba Dão.