O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

898 DIÁRIO DAS SESSÕES N. 96

pavilhões do Sanatório ocupados por numerosos doentes, que ali irão procurar a saúde e encontrar a vida.

Vozes: - Muito bera !

O Orador:-Sr. Presidente: demonstrei há instantes como a vida da Assistência aos Tuberculosos do Norte de Portugal se modificou em sentido progressivo e regressivo, com ou sem a acção das emissões radiofónicas. Indubitavelmente, grande parte da época de prosperidade que a Assistência atravessou a deve à acção exercida pela rádio, acção proveitosa e benéfica de tão reconhecido valor. A comissão a que foi confiado o estudo da radiodifusão temos a certeza de que saberá, criteriosamente, desempenhar-se de tão difícil e ingrata missão e solucionar problemas delicados, há largo tempo equacionados.
Sr. Presidente: as instituições de beneficência particular, para poderem viver e empreender condignamente as suas humanitárias iniciativas de caridade, precisam de facilidades que lhes assegurem vida própria. Só assim poderão consolidar e angariar os fundos necessários à manutenção da sua constante actividade, em favor dos pobres e dos humildes doentes.
A Assistência aos Tuberculosos do Norte de Portugal é digna de tudo quanto só laça em favor do seu engrandecimento e a rádio dar-lhe-ia essa satisfação. A sua aspiração mais premente seria possuir um emissor privativo, u cuja montagem procedeu, confiada na justiça que assistia à sua reivindicação e ao sen lema de lutar em favor dos desprotegidos da sorte.
Mas essa aspiração parece não ter passado de um sonho cheio de esperanças! E nós pomos esta interrogação: não seria um acto de grande alcance social transformar esse sonho numa realidade? Se assim fosse, Sr. Presidente, curar-se-iam muitas feridas; enxugar-se-iam muitas lágrimas, salvar-se-iam muitas vidas, e as almas bons que conceberam e realizaram obra tão notável principiariam n gozar na terra a alegria que encerra esse sentimento inigualável na sua beleza: a caridade cristã.
Disse.

Vozes: - Muito bem, muito bem !

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Presidente: - Vai passar-se à

Ordem do dia

O Sr. Presidente: - Estão em discussão as Contas Gerais do Estado e as da Junta do Crédito Público relativas a 1953.

Tem palavra o Sr. Deputado Araújo Correia.

O Sr. Araújo Correia: - Sr. Presidente: quem tiver por obrigação auscultar os anseios e as necessidades do País c- seguir atento os debates mesta Câmara não deixará de verificar quase unanimidade de vistas sobre torto número de problemas.
Proponho-me hoje examinar alguns deles, com directas repercussões na vida financeira, e por isso, periodicamente assinalados nos pareceres das contas.
Não é de admirar e até de surpreender que, a maior parte dos casos, as queixas e críticas nos debates suscitados na. Assembleia Nacional tenham em mira o exame das necessidades materiais do País sua evolução. alam do objectivo imediato de aperfeiçoamento dos diversos sectores da vida nacional, quer eles digam respeito aos meios indispensáveis para melhorar o nível intelectual e moral da população, quer só refiram às próprias condições de vida material usufruídas por cada um
Podemos dizer neste último caso que o problema, na sua forma genérica e objectiva na parte respeitante à intervenção do Estudo, é redutível à consideração das diversas rubricas orçamentais - nas receitas e nas despesas.
Desejo anais especialmente desenvolver hoje os aspectos da matéria em discussão.
Contudo, é bom salientar que a vida de uni país não se resume nem circunscreve só aos seus aspectos materiais, incluindo neste termo, por agora, apenas a evolução económica relacionada com progressos de natureza física. Sem querer ir mais fundo nu apreciação do assunto, aliás fora do debate, acrescentarei que nenhuma iniciativa séria de melhorias consideráveis, na evolução económica de um povo, pode surtir efeito se não levar em conta, a indispensabilidade de acompanhar o seu ritmo com a gradual elevação do nível moral desse povo. Serão sempre passageiras, enganadoras ou ilusórias todas as tentativas feitas nesse sentido.
Por outras palavras se poderá dizer que o progresso económico, tomado isoladamente, sem paralelo nu evolução moral e intelectual, nunca conduzirá á felicidade e até ao bem-estar dos povos.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Temos assim de considerar, no exame das cifras que forniam a Couta Geral do Estado, outros aspectos, além do puro significado de valores monetários que elas exprimem: temos de como que desarticulá-las da expressão de valores monetários. Vistas apenas por este lado, as cifras são folhas caídas, secas e sem vida. Podem ser flores vistosas e exuberantes na sua grandeza ou até expressão, mas não tom perfume nem aroma. São nada se não forem relacionadas com a vida de cada um, com os seus sofrimentos, alegrias, anseios e sacrifícios. Por detrás das verbas orçamentais está um mundo de actividades e até de sentimentos. São actividades sentimentos de homens e mulheres que sofreou as repercussões do seu emprego, quer cias se utilizem em obras de interesse nacional ou regional, quer se ocupem em serviços que, dentro ou fora da engrenagem do Estado, tenham por missão o exume de questões fundamentais nu acessórias, ligadas ao progresso moral, económico, social e intelectual da Nação.
O parecer das coutas tenta, pois, humanizar as cifras - despi-las do secura, cobrir a sua nudez, dar-lhes a vida que falta a todas as coisas materiais. Preocupa-se com o mostrar objectivamente os resultados ria sua aplicação, os benefícios que derivam ou podem derivar dessa aplicação, e, em última análise, com as consequências e orientações seguidas e dada a série de anos da sua publicação, já é possível determinai resultados, já hoje se torna fácil, a quem quiser filtrar um pouco mais fundo na política económica nacional verificar o acerto ou desacerto de sugestões nele feitas de comentários a esta ou aquela medida ou plano de critérios aconselhados ou não.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - É tarefa inglória, e até certo ponto falaz e até falível, esta voluntária missão do parecer da contas. Inglória, porque o exame das engrenagens d tão vasta organização, como a de um estado moderno não podo deixar de revelar erros, descuidos e desleixos falível, porque muito do que se examina é susceptível de ser visto por critérios diferentes, repousa em dado que, podem variar. E os critérios dependem muitas vezes de modos de ser, de temperamentos. do grau e tipo