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14 DE DEZEMBRO DE 1955 185

O seu isolamento num ambiento completamente diferente e a perda de, contacto com livros e mestres compromete-lhes o interesse e a ginástica, intelectual, tão necessária à prossecução dos seus estudos. Esta solução de continuidade é a morte da sua carreira.
À obra merece sor encarada com urgência, dentro de um plano criteriosamente estabelecido, no que respeita à ordem de precedência das instituições, sua localização, sua capacidade, etc.
O tratamento da tuberculose dos universitárias e dos alunos dos últimos anos dos liceus não é incompatível com a continuação dos seus estudos, e até estes podem constituir um benéfico auxílio paru aquele.
Os estudos podem, sem prejuízo, fazer-se no próprio sanatório - a experiência está largamente feita e os resultados encorajam a prossecução da obra. Mas não se pense, porém, que estes sanatórios de estudantes são simples estabelecimentos de ensino onde se tratam doentes. Não! Como diz Rist- são sanatórios onde se faz o ensino!
E não se julgue que se quer qualquer privilégio para esta classe - não se procura senão garantir o melhor rendimento social possível no capital investido na luta.
E, por fim, não se pense que não há para lá meter! ...
Pelo rastreio até agora feito entre voluntários universitários - entre pessoas que se julgavam sãs ! - encontramos mais de 6 por mil número que corresponde ao da França. Supomos que elo subirá com o rastreio da totalidade dos universitários, com o rastreio de muitos daqueles que talvez, infelizmente, tivessem razões para se não apresentarem voluntariamente. Sob esta taxa, teremos de contar, em cada ano, com mais de 89 estudantes universitários. E se adoptarmos para Portugal a taxa de 4 por mil da França para as idades que frequentam o ensino secundário, técnico, normal e artístico (ao todo cerca de 90500) alunos e mestres), teremos de contar com mais de 3000, pelo menos, também na roda do ano atingidos pela tuberculose!
Suponho que os cálculos não estarão longe da realidade.
Só os países nórdicos, que desde há anos prosseguem uma batalha sem tréguas contra a tuberculose e que têm um nível sanitário e de vida- bastante elevados. é que um carecem d u encarar este problema.
Efectivamente, na Dinamarca, em duas Universidades o radiorrastreio de 1952 não revelou mais do que 0,97 e 1,9 por mil e, portanto, como diz Douvady, o problema resolvesse ali com casas de repouso e convalescença de poucas dezenas de camas.
Nós, com a nossa grave endemia tuberculosa, com o nosso nível de vida e com as condições em que vive uma boa parte dos estudantes, não podemos duvidar da necessidade que temos de encarar este aspecto da luta.
E Chegou o momento oportuno de o fazer -já porque, iniciámos o radiorrastreio obrigatória, já porque estamos suficientemente experimentados na luta, já porque o Governo decidiu concentrar a sua atenção nesta campanha de extermínio da tuberculose.
Este novo escalão da luta contra a tuberculose (que como é evidente, se não pode limitar só ao sanatório) casa-se bom com o moderno plano de combate estabelecido pelo Estado Novo. E não me parece difícil tentar a experiência junto de uma cidade universitária, mesmo sem construção cara e até com simples adaptação de uma instituição que a tal se preste.
Aliás, está na ordem do dia dos mais progressivas nações, e justificou n reunião de uma conferência que teve lugar em Abril deste ano em Laren, perto de Amsterdão, sob a égide da U. I. C. T., onde estiveram delegações de onze países e onde Portugal esteve representado por três distintos médicos que à profilaxia da tuberculose na juventude portuguesa têm consagrado uma boa parte da sua vida.
A vacinação pelo B. C. G. é uma outra nova arma da nossa luta, que está mundialmente consagrada e não vale a pena exaltar as suas vantagens.
Tem atrás de si mais de trinta e quatro anos de aplicação à espécie humana. Contam-se por mais de 100 milhões as pessoas por ela vacinadas. Tem resistido, através do tempo e do espaço, às mais duras provas a que tem sido submetida. Tem a seu favor a opinião de eminentes e respeitáveis homens de ciência e os votos de congressos e de conferências internacionais em que participaram os mais consagrados especialistas.
Está mundialmente reconhecida como o melhor e mais seguro processo de protecção imunológica contra a tuberculose.
Na nossa campanha - vacinação seguimos as recomendações dos mais experimentados peritos sobre o B.C.G , orientando-nos pelas conclusões dos congressos da especialidade, preparamos e aplicamos a nossa vacina B.C.G dentro da mais escrupulosa técnica.
Não vale a pena perder tempo a dar ouvidos a opiniões isoladas de gente a quem falece a autoridade para se pronunciar sobre tal matéria. Interessa, sim, difundir o método e vacinar, dentro do mais curto prazo, o maior número possível de analérgicos. fazendo cumprir um despacho de S. Ex.ª o Subsecretário de Estado da Assistência Social, de 30 de Julho de 1954, alargá-lo a outros sectores e intensificar a campanha de educarão sanitária do povo.
Os antibióticos, que larga e ente temos distribuído, são elementos do mais alto valor que podemos utilizar contra a vida do bacilo. A sua prova está feita, mesmo naquelas formas de mais alia gravidade e que eram sempre morais como a meningite tuberculosa.
A educação sanitária do povo de que falámos há pouco, tem de acompanhar as medidas legislativas em matéria de higiene e profilaxia e estas terão tanto maior êxito quanto mais vasta e mais profunda for essa campanha de educação sanitária.
É altura de dizer que a nossa Liga Portuguesa de Educação Sanitária, fundada, embora, há poucos anos ainda, tem já no seu activo uma considerável obra de propaganda eficaz e pode dar a esta campanha contra a tuberculose um concurso de notável valor.
Conscientes dos deveres que lhe incumbem, resolveu a sua direcção consagrar o trabalho de 1955 e de 1956 propaganda da luta contra a tuberculose e à do combate às causas da mortalidade infantil - os dois problemas sanitários mais angustiosos de Portugal - cm colaboração, respectivamente, com o Instituto de Assistência. Nacional aos Tuberculosos e com o Instituto Maternal.
O trabalho é vasto, mas esta deliberação pode vir a ser coroada dos melhores resultados práticos, se aqueles institutos quiserem aproveitar a experiência e a actividade da Liga e se o Governo lhes não regatear os meios para as exercer condignamente.
Outro problema que tem du ser devidamente encarado na luta contra a tuberculose e que até agora mal foi afincado entre nós é o da readaptação dos antigos doentes, há poucos minutos aqui tratado pela nossa ilustre colega Sr.ª D. Maria Leonor Correia Botelho com aquela elegância e profundidade a que já estamos habituados.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - A maioria destes indivíduos uma vez curados clínica e radiológicamente, não está em condições do retomar a sua primitivo função - carece de