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14 DE DEZEMBRO DE 1955 183

Não quero deixar passar esta oportunidade, sem salientar aqui os despachos recentes dos ilustres Subsecretários de Estado da Assistência Social e da Educação Nacional tendentes a assegurar uma campanha de profilaxia da tuberculose nutre os escolares de todos os graus de ensino.
Mercê desses despachos, estão fazer-se, mediante a colaboração dos serviços de saúde escolar com os do Instituto de Assistência Nacional aos Tuberculosos o radiorrastreio do pessoal das escolas, as provas de tuberculina e a vacinação dos analérgicos pelo B.C.G.E unia medida do mais largo alcance social, de que hão de resultar iniludíveis Benefícios para a saúde da Nação, e por isso mesmo importa salientá-la aqui e dirigirmos aos véus autores os nosso melhores cumprimentos.
Sabe a Câmara que recentemente, por iniciativa dos centros universitários da Mocidade Portuguesa do Sr. Reitor da Universidade do Porto e por deliberação de da Ex.ª o Ministro da Defesa Nacional, a uma proposta da Associação Académica de Coimbra, se iniciou o rastreio da tuberculose entre os alunos das nossas três Universidades. Este ano S. Ex.ª o Ministro da Educação Nacional tornou obrigatórios para esses alunas o radiorrastreio e o tuberculinorrasteio.
O Instituto de Assistência Nacional aos Tuberculosos deu a esta iniciativa a mais rasgada e generosa colaboração.
O serviço decorreu sempre 1:0111 a maior regularidade, tanto no regime de voluntariado, como nesta fase de obrigatoriedade.
Em Coimbra,- cujos serviços acompanhei em Maio e em Novembro, os estudantes revelaram sempre um alto espírito de compreensão e um deliberado desejo de colaboração. Eles sentiram bem que o serviço criado visava principalmente a garantir a defesa da sua saúde. Estou informado que em Coimbra e no Porto sucedeu outro tanto.
Registamos aqui com justificado prazer esta atitude admirável da nossa mocidade universitária.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Os resultados dos exame feitos até agora dão-nos os seguintes elementos:
1)Na Universidade de Coimbra, em Fevereiro de 1955, os serviços radiofotográficos do Exército submeteram à microrradiografia 1056 estudantes, tendo-se apurado 11 com lesões activas e 32 com lesões suspeitas de actividade.
1) quer dizer: entre estes 1056 estudantes, 43 considerados doentes.
Em Maio de 1955 foram observados pêlos mesmos serviços 1749, que não tinham podido apresentar-se em Fevereiro, tendo 6 deles revelado imagens com lesões activas. Estas duas séries de exames totalizam 2805 estudantes, nos quais se encontraram 17 com lesões activas 6,6 por mil).
Com os 32 com lesões suspeitas de actividade, descobriram-se ao todo 49 estudantes a vigiar e tratar (17.5 por mil).
Em Novembro último os serviços do Centro de Profilaxia e Diagnóstico de Coimbra observaram 2735 estudantes universitários, tendo encontrado G com lesões em actividade e 14 com lesões muito provavelmente activas. Estas duas rubrica? totalizam 20 estudantes, a que devem juntar-se 21 com lesões de actividade duvidosa.
2) Na Universidade do Porto foram feitas microrradiografias a 1730 alunos. Dos quais 8 revelaram lesões em actividade (4.6 por mil) e 32 lesões provavelmente activas ou com aspectos duvidosos de actividade.
Foram, portanto, 40 os estudantes destes dois grupos (23.1 por mil), valores estes muito mais elevados do que os encontrados em Coimbra.
3) Na Universidade de Lisboa em 1953-1954 foram passados à radiofotografia 1448 estudantes, tendo 38 revelado lesões suspeitas de actividade (26.2 por mil). Desses, foram sujeitos a exames complementares 37, mas só os concluíram 30, tendo-se apurado que em 12 as lesões eram evolutivas (7,1 por mil). Sabemos que. dos outros 7, trataram-se particularmente 6; logo u laxa é de 12- por mil.
Em 1954-1955 foi de 1789 o número d u estudantes submetidos ao radiorrastreio em Lisboa, tendo aparecido 7 com lesões em actividade (3.9 por mil).
Quer dizer: nos dois últimos anos lectivos submeteram-se voluntariamente ao radiorrastreio 7772 alunos das Universidades de Lisboa, Porto e Coimbra, tendo-se encontrado 50 com lesões em actividade (6,3 por mil) e 72 com lesões suspeitas de actividade (9,2 por mil). Não está apurado quantos deste 72 avolumariam a taxa dos 6.3 por mil. Nós outros 7000 de 1954-1955 que não vieram submeter-se ao radiorrastreio quantos encontraríamos? Quantos dissimularam a sua doença, não se apresentando ao radiorrastreio?
O radiorrastreio deste ano está em curso. Só se conhecem ainda os resultados dos dois terços que compareceram ao de Coimbra. Nele, como disse, encontraram-se 6 com lesões activas (,2,253 por mil) e 16 com lesões provavelmente activas (5,251 por mil), a juntar aos de Fevereiro e de Maio.
Escusado será encarecer o alto valor destas campanhas sanitárias.
Não sabemos o que nos viria dar o rastreio nos anos que vão seguir-se, mas pelo que se passa no resto do País é justo recear o aumento do número de doentes atingidos pela tuberculose.
Alias, é mais ou menos o que, no dizer do Dr. Courceux, se tem visto em França pelo radiorrastreio sistemático, onde, contrastando com a notável redução da sua mortalidade pela tuberculose, se mantêm as mesmas taxas de morbilidade:

Percentagens

Em 1946 - casos do tuberculose descobertos 5,5
Em 1948 - casos de tuberculose descobertos 6
Em 1952 - casos de tuberculose descobertos 5,0
Em 1953 - casos de tuberculose descobertos 5,5

A França conta hoje cerca de 225000 estudantes (150000 universitários e 75000 dos Liceus e escolas técnicas).
O radiorrastreio é ali feito todos os anos por trinta centros de medicina preventiva para os estudantes universitários e pêlos serviços de higiene escolar para os liceus e escolas técnicas. Enquanto que a taxa das tuberculoses diagnosticadas é de cerca de O por mil nos primeiros, é só de 4 por mil nos segundos; o que, por outro lado, está de acordo com a frequência dos pedidos de internamento de estudantes em sanatórios: em 1948 - 1230 estudantes; em 1951 - 1459; em 1952-1368; em 1953-1355 estudantes. Temos de coutar com fenómeno idêntico em Portugal.
E já que o Governo tomou a decisão de encarar o radiorrastreio e o rastreio tuberculínico da população escolar, até ao ponto de o tornar obrigatório para a Universidade e de dar as maiores facilidades para o internamento e a assistência terapêutica aos estudantes portadores de tuberculose, parece-nos lícito perguntar: porque não encara o Governo a construção de um sanatório privativo para estudantes? Porque não lançam os académicos de Portugal esta ideia?

Vozes: - Muito bem, muito bem!