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340 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 117

fàcilmente às 4 arrobas, mas para atingir as 7 e 8 consome enorme quantidade de ração e leva muito tempo.
Pensou-se na Junta Nacional dos Produtos Pecuários em determinar o tempo e ração consumidos para a, engorda até 4 e 8 arrobas, pois isso indicaria o peso económico para a chacina.
É evidente que, uma vez que a gordura do porco está a ser Latida no consumo pelo uso da manteiga e da margarina, o Alentejo tem de mudar o seu sistema de engorda de porcos e preparar suínos para salsicharia fina.
Claro está que a engorda industrial pudera obter-se sem a bolota, aproveitando o milho de Angola.

O Sr. Nunes Mexia: - Mas a bolota representa o alimento mais barato que temos, e há que aproveitá-la.

O Orador:- Perfeitamente de acordo.

O Sr. Nunes Mexia: - A bolota, como ração, agrava a tendência du porco para a engorda.

O Orador: - O problema talvez pudesse levar a engordas mesmo fora do tempo da bolota, pois Angola pode fornecer milho em quantidade e preço convenientes.
O milho de Angola é pago ao produtor a £73(5) porquilogramas, mas, com os transportes, fretes, direitos e alcavalas, quando é entregue à produção custa 2$22; isto se for para forragem, porque se for para alimentação o seu preço chega a 2$40.
Parece-me que, se houver uma redução de todos estes encargos, o milho pode chegar aqui por um preço mais acessível, pagando-se até mais ao produtor indígena.
Há no problema do milho um aspecto que quero salientar, que é o do frete marítimo: custa $30 por quilograma .
É por tal maneira caro o frete que se paga pelo transporte dos produtos de Angola para cá que os navios estrangeiros cobram menos para os portos do Norte da Europa do que os navios nacionais para Lisboa.
Se organizássemos uma zona franca, com bons e adequados transportes marítimos. Lisboa pudia transformar-se no entreposto distribuidor de todos os produtos de Angola, quer para a Europa, quer para a América do Norte. Para os navios estrangeiros representaria isso menos dias de viagem e menor estadia no porto para carga; portanto menor despesa.
Os países do Norte da Europa preferem mandar directamente a Angola, em vez de virem a Lisboa, onde teriam mais facilidades nas cargas e descargas, mas isso é outro problema.

O Sr. Furtado de Mendonça: - V. Ex.ª referiu o preço de 2$40 por quilograma de milho para alimentação; mas há um diferencial para compensar.

O Orador: - Eu sei apenas que foi determinado aquele preço para a venda ao consumidor.

O Sr. Furtado de Mendonça: - O milho continental custa 2$20 e está estabelecido que o preço vai aumentando conforme os meses, a partir de Janeiro.

O Orador: - O preço que referi, é o preço de venda ao consumidor, aqui, na metrópole, mas o produtor recebe $73(5).
O porco alentejano adapta-se muito bem em Angola, onde não falta milho para a engorda; mas, para a criação de suínos e de bovinos, Angola tem de resolver o problema das epidemias. Angola dispõe de um bom laboratório de patologia veterinária, mas não sei se já conseguiu as vacinas e outros meios terapêuticos necessários para a defesa sanitária, do armentio. Mesmo na posse de tais meios, sei qur é difícil o trabalho de profilaxia e combate às doenças.
É muito difícil convencer os prelos a deixarem vacinar o gado, e são eles quem tem a maior parte. Deste modo, não é fácil dominar as epidemias. Todavia, enquanto não forem dominadas e não for criado ali um matadouro-frigorítico, por forma a animar o europeu na criação de gados, não sei como o problema possa resolver-se. Angola dispõe de grandes espaços livres, que valem pelo número de cabeças de gado que sustentam. Com o plano de obras de hidráulica e de irrigação é possível aumentar ainda mais as condições de criação de gado.
O que o Sr. Ministro estabeleceu em matéria de diferença de precos na carne também me parece bem, se nos desprendermos da ideia de que, com esses preços vamos orientar a lavoura na criação de gado especial para talho: simplesmente, esses preços podem influenciar a entrega de gado, acelarando-a e melhorando, portanto, a qualidade.
Sr. Presidente: volto à afirmação inicial: sem resolver o problema das forragens não poderemos melhorar os gados e orientar a lavoura noutros rumos.
Que esse problema se converta na preocupação absorvente de quem pode e deve estudá-lo e resolvê-lo são os meus votos.
E sobre isto não posso trazer mais nenhuns esclarecimentos à Assembleia. Estes foram os problemas que me passaram pelas mãos, tal como os vi e pude
percebê-los.
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Sá Linhares: - Sr. Presidente: pedi a palavra para fazer algumas considerações sobre o problema das carnes, que se envoíitra em apreciação por esta Assembleia Nacional.
Depois da brilhante e pormenorizada intervenção do ilustre Deputado Sr. Nunes Mexia, ao efectivar o deu aviso prévio, a minha intervenção quase se tornaria desnecessária.
No entanto, como representante de um dos distritos dos Açores, eu não podia deixar perder a oportunidade que se me oferece para falar mais uma vez daquelas isoladas ilhas do Atlântico.
Embora já sejam remotos os tempos em que essas ilhas, com as suas populações tão portuguesas como as melhores, eram quase, ignoradas e entregues a si próprias, nunca será de mau falar sobre elas. Já nesta Assembleia, na sessão de 18 de Março de 1954, ao referir-me à situação decadente em que se encontrava o distrito da Horta, comparada com a que desfrutou no decurso do segundo e terceiro quartel do século passado, procurei demonstrar que os principais problemas daquele arquipélago só poderiam ter uma solução quando integrados no conjunto nacional.
Os seus mais importantes problema, e em especial os do distrito da Horta, são os que resultam da sua feição essencialmente agrária. Com efeito, a agricultura e a pecuária são, sem duvida, as actividades básicas, onde a boa e laboriosa gente daquelas ilhas encnntra não só os meios de subsistência como ainda a principal fonte dos seus rendimentos.
A criação de gado ocupa o primeiro lugar, e esta posição não foi conseguida por capricho do homem, mas sim imposta pela naturexa, que deu àquelas ilhas con-