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64 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 171

Quanto à contracção das importações do Brasil devemos notar que, não tendo resultado satisfatoriamente o nosso esforço no sentido de, à custa do incremento das importações daquela origem, criar possibilidades de escoamento dos nossos produtos para o mercado brasileiro, será pouco frutuoso o insistir numa tentativa que não produziu efeitos e que é, além disso, difícil de levar a cabo, dadas as limitações da oferta brasileira e o maior custo dos seus produtos.
O incremento do nosso comércio com o Brasil -que tanto desejamos- parece que haverá de assentar em bases diferentes, só possíveis de encontrar com a colaboração e a compreensão das autoridades deste país.
Analisamos por fim a situação do intercâmbio comercial com os países do Leste. A partir de l de Março de 1956 o Banco de Portugal estabeleceu com os bancos centrais da Alemanha Oriental, Hungria, Polónia e Checoslováquia um sistema de compensação bilateral de pagamentos para as operações sobre mercadorias que constassem de listas anexas aos acordos, dentro dos contingentes estabelecidos.
No entanto, decorridos sete meses sobre a celebração destes acordos, o volume de trocas registado entre Portugal e cada um dos países indicados apresenta-se a nível muito baixo, registando-se grande desproporção entre o valor dos contingentes estabelecidos - não obstante a sua fraca importância - e o das transacções efectuadas.
A situação, praticamente, não difere da que anteriormente se verificava: saldos positivos a nosso favor, valor insignificante das nossas importações e concentração das exportações metropolitanas na cortiça e das ultramarinas no cacau.
A fim de alterar a situação existente -que sob muitos aspectos nos é desfavorável- e de procurar dar execução aos acordos celebrados, está presentemente em estudo a possibilidade de intensificar as importações do Leste europeu -desde que não se apresentem contrárias aos interesses da economia nacional-, de diversificar as exportações portuguesas para aqueles países, de garantir as transacções efectuadas e de estabelecer entre a metrópole e o ultramar português uma distribuição da actividade comercial com os países do Leste mais consentânea com as necessidades e estrutura de cada região económica.
Embora se reconheça a vantagem do alargamento das relações comerciais com os quatro países em questão, não parece, no entanto, antever-se essa possibilidade imediata se ponderarmos as necessidades actuais daqueles mercados dentro do quadro estrutural que os caracteriza.

131. Da evolução do comércio por principais produtos conclui-se que nos oito primeiros meses do ano corrente, e em comparação com período homólogo de 1955, decaíram as exportações para o estrangeiro da cortiça em bruto (-156 759 contos), das conservas de peixe (-148 316 contos), do azeite (-76 522 contos), da amêndoa em miolo (-70 577 contos), da cortiça em obra (- 26 417 contos) e dos tecidos de algodão (-14 073 contos).
Entre os produtos cuja exportação subiu destacam-se os cereais em grão (+64 734 contos), os resinosos (+ 64 128 contos), as madeiras serradas para caixas ou barris (+61 750 contos), os vinhos (+44 410 contos) e os cimentos (+30 718 contos).
De um modo geral, podemos, portanto, concluir que as contracções e expansões das exportações se verificaram principalmente nos grupos das matérias-primas para a indústria, da agricultura e da indústria e nos bens de consumo imediato.

132. A observação de uma lista composta de oitenta e oito produtos, que perfazem cerca de 79 por cento da nossa importação total, permite inferir a extrema pulverização da nossa importação, porquanto na exportação apenas com metade dos produtos se atinge mais de 90 por cento do total da exportação para o estrangeiro.
De uma maneira geral, em todos os produtos observados houve acréscimos, sendo mais notórios os do trigo em grão (+158 652 contos), pescarias (+146 046 contos), cobre (+93 524 contos), ferro e aço (+84 853 contos), automóveis de carga (+49 454 contos), aparelhos e máquinas industriais (+47 647 contos) e carvões (+35 677 contos).
No que se refere aos decréscimos registados, devem citar-se o das embarcações novas de mais de 1000 t brutas (-215 400 contos), o do algodão (-82 100 contos), o do material circulante para caminhos de ferro (-22 457 contos) e o da lã (-22 503 contos).

As principais variações operadas na importação registaram-se, assim, na aquisição dum maior valor das matérias-primas para a indústria e provenientes da indústria e numa contracção de equipamentos para a indústria.

133. Um dos aspectos mais graves da nossa balança de comércio com o estrangeiro é o da variação dos preços dos produtos importados e exportados, que mais uma vez nos foi desfavorável.

QUADRO XXVII

Comércio da metrópole com o estrangeiro (Em milhares de conto»)

[Ver tabela na imagem]

Enquanto a alta do valor médio da importação originou um prejuízo de 259 000 contos, a baixa do valor médio da exportação acarretou uma perda de l 022 000 contos; no que se refere às quantidades, a expansão do volume das exportações favoreceu-nos em mais de 938 000 contos, enquanto o prejuízo resultante do maior volume da importação não ultrapassou os 477 000 contos.
A compreensão destes números obriga a notar que não só à evolução dos preços unitários se devem os resultados apontados. A formação desses valores médios foi influenciada pela diferente composição da importação e da exportação: enquanto na primeira se verificaram maiores compras de produtos manufacturados, na exportação assistiu-se a um reforço da posição que tradicionalmente nela ocupam as matérias-primas e outros produtos em que a incorporação de mão-de-obra é mínima.
Este, como os demais indicadores observados, aponta um mesmo sentido ao nosso processo de expansão: necessidade de, a curto prazo, se corrigirem as deficiências da nossa organização comercial, em grande parte responsável pela colocação dos excedentes no estrangeiro. Desta correcção, pelo rápido aumento da exportação que provocará, em muito depende a possibilidade