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20 DE MARÇO DE 1957 395

Estes transitam ao longo das estradas, causando problemas da mais variada ordem-, representa uma forma perniciosa do analfabetismo geral, que deve ser combalida com a mesma intensidade.
É por isso que não podem deixar de ser louvadas. pela alta compreensão e espírito de bem-servir que tão claramente demonstram, as campanhas da prudência levadas a efeito pelo Automóvel Clube do Portugal, nem a sua, restante actividade em prol da difusão dos preceitos básicos que a todos cumpre conhecer, nem ainda o interesse revelado pela imprensa no mesmo sentido, como sentinela sempre, generosa, e atenta aos grandes problemas nacionais.
Foram geralmente apreciadas as sugestivas imagens que se deixou estereotipada perante os olhares de tantos incrédulos a súmula de tremendos resultados da condução feita por indivíduos falhos de idoneidade moral para serem condutores da viação acelerada. em que muitos, puderam ver o retrato das suas próprias; torpezas.
A lição não pode deixar de ter frutificado.
Importa, porem, que os departamentos ,do Estado aos quais o trânsito e a vasta gama dos seus, problemas mais devem interessar secundem e revigorem deliberadamente aquelas patrióticas campanhas. Tudo quanto se faça pela difusão das regras da circulação ocupa os lugares cimeiros duma. escala de valores.
É quando, Sr. Presidente, tenhamos efectivamente alcançado estado de compreensão tão ajustado ao alto interesse público que cada um de nós viva compenetrado de que não pode facilmente desrespeitar os preceitos estudados e criados .para a segurança de todos sem incorrer no aviltamento da sua própria consciência, a vida terá então encontrado aquela expressão de harmonia pela qual é mister que se trabalhe sem desfalecimento.
Disse.

Vozes:- Muito bem, muito bem! O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Melo Machado: - Sr. Presidente o Srs. Deputados: em primeiro lugar, quero pedir desculpa a VV. Ex.as da minha excessiva assiduidade a esta tribuna. Posso afirmar que não tenho nenhum propósito de copiar o nosso ilustre colega Sr. Pinto Barriga, mas circunstâncias que não vale a pena referir têm feito com que nos últimos tempos eu tenha subido à tribuna mais certamente do que VV. Ex.as desejavam e muito mais do que eu desejaria.
Além destas, tenho também de apresentar as minhas desculpas ao ilustre Deputado avisante pela maneira impetuosa com que há dias o interrompi, mas isso deveu-se às más condições acústicas da sala. que não me permitiram ouvir completamente o que S. Ex.ª tinha dito; isso me levou, pois, a ter intervindo com uma certa inoportunidade.
Lendo o Diário das Sessões, vi que, na verdade, S. Ex.ª se tinha referido exactamente a alguns assuntos que eu salientara. Posso afirmar que isso não foi por falta de consideração ou de amizade por S. Ex.a, mas apenas se deveu ao meu interesse pela questão e porque supus que essa minha intervenção podia, efectivamente, ajudar a esclarecê-la. Se assim não foi, não tem S. Ex.ª mais do que desculpar-me.

O Sr. Paulo Cancella de Abreu: - Muito obrigado a V. Ex.ª pelo seu esclarecimento.

O Orador:- É evidente que neste assunto não se pode estar em desacordo com o nosso colega, porque todos nós desejaríamos que o número do vitimas causado pelos acidentes de viação fosse cada voz menor. Portanto, neste ponto todos estamos de acordo. Poderemos, sim, não estar de acordo com certos métodos propostos e que impressionam: a ideia, por exemplo, de uma certa ferocidade legislativa contra o automobilista, pois é certo também que nenhum automobilista causa um acidente deliberadamente e por vontade.

O Sr. Paulo Cancella de Abreu: - Se fosse deliberadamente, o automobilista seria um assassino.

O Orador:-Há muitas causas que conduzem a esses acidentes e que V. Ex.a referiu.
Assim, por exemplo, é evidente que as actuais estradas não são as mais próprias pura a intensa viação automóvel. Trata-se de estradas antigas, com muitas curvas, com muitos cruzamentos, o tudo isso torna extremamente difícil conduzir um automóvel sem perigo iminente de acidentes.
Todos nós, os que conduzimos automóveis, sabemos que quando chegamos do noite a casa, depois do um dia a guiar carro na cidade, ficamos surpreendidos por termos conseguido permanecer incólumes.
Mas em todo o taxo há uma manifesta falta por parte de toda a população em relação aos cuidados que seria indispensável ter para evitar um sem-número de acidentes.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador:- VV. Ex.as sabem que há romarias que se efectuam em plena estrada, e porque o asfalto é mais convidativo que o largo da povoação, ali só realizam bailes. Já me tem sucedido ir sossegadamente por uma estrada e encontrar uma aglomeração de gente que entusiasticamente ali baila, causando dificuldades atravessar essa multidão sem que ocorra qualquer acidente.
Lembro-me até, Srs. Deputados, de que o único acidente de viação gravo que tive na minha vida foi na minha terra, com um trem. Uma criança saiu de repente a correr e meteu-se debaixo das patas do cavalo. Isto é inevitável.
E quando a gente pensa que um automobilista ao ter um acidente sofre com todo o rigor a actuação da justiça, que lhe cai em cima, não podemos deixar do reconhecer que tudo .isso ó um bocadinho forçado, não Valendo a pena ser perseguido com tanta ferocidade, porque os inconvenientes e as causas desses incidentes não estão muitas vezes no automobilista, mas nas circunstâncias que o rodeiam ou na inconsciência dos peões.
Sr. Presidente: é minha convicção que o que mais falta faz para atenuar e diminuir os acidentes é a educação.
Seria possível fazer-se nas escolas, para as crianças, uma educação sobre o trânsito, e lembro a VV. Ex.as que em França se ensina nas escolas, faz parte dos programas, um código do viação reduzido, com o essencial.

O Sr. António de Almeida: -V. Ex.a fez uma afirmação interessante sobre a possibilidade de se ensinar as crianças. Em Setembro passado estivo na América do Norte e verifiquei que em todas as escolas de ensino primário se faziam prelecções sobre o trânsito.

O Orador:-Agradeço muito o esclarecimento de V.Ex.a...
É evidente que, se a viação automóvel é uma coisa do nosso tempo e não tende a diminuir, mas a desenvolver-se, se não educarmos as pessoas para esta realidade inegável os acidentes hão-de multiplicar-se e ser porventura cada vez mais graves, a menos que nos ré-