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6 DIÁRIO DAS SESSÕES N.° 64

para quando o desenvolvimento natural a tornasse de indiscutível utilidade.
Ficaria assim disponível, a favor do complemento da infra-estrutura geral, que reputo indispensável para se pisar terreno firme, uma larga soma das nossas possibilidades de investimento.
Afirmei ainda que era necessário que o produzido nas obras do Sul não fosse atacar a economia do Norte e agravar problemas como o da batata, milho e outros que não deveríamos esquecer.

Vozes: - Muito bem!

O Orador:-Afirmei também que era necessário que se promovesse uma política séria de preços, de defesa das produções fundamentais, e se criasse um clima de confiança e compreensão entre o Governo e o País, o que é a verdadeira base de sucesso para um plano de fomento.

Vozes: - Muito bem!

O Orador:-Assim é que fica completo o pensamento que expus na minha intervenção e que mereceu o apoio, que muito me desvaneceu, da Federação dos Grémios da Lavoura do Alto Alentejo.

O Sr. Amaral Neto: -V. Ex.a dá-me licença?

O Orador:-Faz favor.

O Sr. Amaral Neto: - Creio que moção votada pela Assembleia no fim da convocação extraordinária vai muito mais ao encontro dos pontos de vista que V. Ex. defendeu do que daqueles que expendeu o Sr. Deputado Trigo de Negreiros.

O Orador:-Perante a reacção sentida na minha região e o telegrama da Federação dos Grémios da Lavoura do Alto Alentejo, não podia deixar de dar aqui uma resposta.
E se assim é, como criticar ou admirar-se desse apoio ?
Só é admissível essa admiração, essa critica, se nos colocarmos em terrenos bem diferentes. No daqueles que aceitam o pensamento de que sem economia sã não pode haver política sã ou no dos que podem pensar que o que interessa ó que as obras dêem frutos políticos. Eu coloco-me decididamente no terreno dos primeiros.
O País não há muito, e também o afirmei aqui com o conhecimento de quem o sentiu de perto, pôs bem a claro o seu pensamento quanto a essa produção de bens políticos.
Posta assim a questão, eu, que vinha para criticar a crítica, tenho afinal que agradecer o especial relevo que o orador deu à minha intervenção e até, como alentejano, agradecer também o destaque dado, em interpretação sensata, ao apoio que me foi dado pela Federação dos Grémios da Lavoura do Alto Alentejo.
Muitas foram também as suas palavras a respeito dos Alentejanos. Muitas e pouco justas.
Sou alentejano, mas não tenho, como diz o orador quando afirma que não sabe quem representa o Alentejo, credencial de representação senão aquela que se pode inferir do apoio dado pela Federação dos Grémios da Lavoura do Alto Alentejo.
Das suas afirmações, que lamento, tenho, porém, de tirar uma conclusão: é que o orador não chegou a conhecer o Alentejo nem os Alentejanos, nem o trabalho ali feito nas últimas décadas, nem a sua preocupação pela água, tão largamente demonstrado por tanta obra feita.
São portugueses como os restantes habitantes do País e como eles com todas as qualidades para se adaptarem às condições do meio.
Serão, porém, mais frios nas manifestações de aprovação, que mais preferem traduzir em acção. E ai deve estar talvez o engano de S. Ex.a Bem real foi, porém, a sua presença nas últimas eleições.
Quando são diferentes as condições do meio não deixam de marcar as suas qualidades de trabalho em confronto com outros.
Ainda não há muito o antigo Ministro da Presidência me traduziu esta verdade com a seguinte afirmação: «Estamos admirados, mas estamos a constatar que os colonos que com maior êxito se têm fixado em África são os Alentejanos».
Creio, porém, que toda a razão da sua critica e minha intervenção estará contida nesta sua afirmação: «Nem aplausos ou agradecimento ao Governo, nem tão-pouco qualquer entusiasmo por parte dos futuros beneficiados».
É muito discutível a consideração dos beneficiados em razão das obras quando se têm de tirar conclusões em face do que fica para trás.
É beneficiado aquele que vai ter água e vai ser obrigado a produzir sem garantia de colocação quando é imediatamente sujeito a aumento tributário como se de facto estivesse garantida a sua rentabilidade?
É beneficiado aquele que tem de suportar encargos de amortização da obra e sua conservação quando é imediatamente tributado pelo aumento do valor teoricamente calculado em face cia passagem de sequeiro a regadio, e sem um sério plano de cultura que torne possível esse rendimento, ou que vai por vezes pagar a água mais caro do que a tinha?
É indiscutivelmente beneficiado o País quando o que se vai produzir por efeito das obras ou parte destas pode criar problema grave em vez de resolver as nossas necessidades ?
Tudo isto está na base do problema em aberto e tudo isto tem de ser encarado para além do «parece que é» para e o que é é». Assim é que é na vida real.
«Nem aplausos ao Governo», disse o Sr. Dr. Trigo de Negreiros.
Lembro-me, porém, que afirmei a minha satisfação, o meu orgulho de que se pudesse já fazer um programa de investimentos que tão grande soma envolvesse.
Poucas palavras, talvez, mas sinceramente ditas, envolvendo o pensamento de Quão se sente da casa. e por isso consciente de que, se a obra que tal permitiu foi possível, é porque a Nação, entregando-se em confiança, em confiança aceitou todos os sacrifícios que lhe pediram.
Palavras de quem aceitou como directriz para a sua intervenção o pensamento lê que tudo é preciso fazer para que essa confiança e essa fé se restabeleçam de novo.
Este é que foi o pensamento dominante da minha intervenção.
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem! O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Peres Claro: - Sr. Presidente: o interesse que mereceu a esta Camará, durante a discussão das bases do II Plano de Fomento, o que nelas se dizia sobre a importância e necessário desenvolvimento do ensino técnico para preparação sobretudo dos operários, de que a Nação precisará em breve, torna ainda mais justificadas as palavras que pretendo aqui dizer.
No próximo mês de Dezembro realiza-se em Lisboa o I Congresso do Ensino Técnico Profissional, que pretende, passados dez anos nobre a publicação do novo estatuto daquele ensino, averiguar da sua actualidade. Esse Congresso será, pois, uma vasta sessão de estudo