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678 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 104

as comunicações aéreas entre as duas ilhas não pode fazer milagres e os pequenos aviões que é obrigada a utilizar não podem aterrar em condições atmosféricas que seriam normais para mais pesadas aeronaves.
Profundamente lamentando que não sejam feitas desde já as obras em Santana, novamente peço ao Governo que, como solução provisória e tendo sobretudo em vista as necessidades das populações do grupo central dos. Açores, promova que alguns dos aviões que ligam a Europa à América aterrem no aeroporto das Lajes, e não apenas no de Santa Maria, e isto enquanto uma indispensável carreira nacional não liga Lisboa àquelas ilhas atlânticas.
Os dissabores, os aborrecimentos, os prejuízos morais e materiais que acarreta a falta de pronta solução para estes problemas, só podem ser- medidos com exactidão pelos que efectivamente os vivem, pois os que voem as ilhas apenas como minúsculos pontos perdidos no oceano dificilmente concebem esse conjunto de dificuldades que, todavia, afligem tantos milhares de tão bons portugueses.
Instantemente chamo a atenção do Governo para estes factos e renovo a sugestão já em tempo apresentada, dado que, infelizmente, não será por ora considerado o que se afirma ser a solução definitiva.
Eu muito desejava, e comigo toda a população dos Açores, que se reconhecesse, conforme justamente há pouco se afirmou relativamente à Madeira, imperioso assegurar rápidas, regulares e permanentes ligações aéreas entre o continente e os Açores.
Sr. Presidente e Srs. Deputados: outro problema me obriga ainda a prender a atenção da Câmara por mais alguns instantes - o das comunicações marítimas, tão deficientemente asseguradas pelo velhíssimo Lima e pelo velho Carvalho Araújo.
Dizem-me que está para breve a construção do barco que substituirá o primeiro daqueles navios, mas também me afirmam que as dificuldades financeiras da empresa concessionária complicam o que exige remédio mais do que urgente.
Sei que o Governo atenta no problema com devotado empenho, mas não ignoro também que o assunto ainda não foi resolvido, apesar do carinho com que tem sido analisado, o que constitui motivo para dobrada preocupação, pois o que não é resultado de desatenção exige reforçado interesse.
É esse interesse que novamente solicito, para que as comunicações marítimas com os Açores sejam consideradas no plano das exigências nacionais em que, por tantas e tão evidentes razões, naturalmente se movem.
É função dos Deputados -seu principal direito e maior dever- referir os problemas que melhor devem ser conhecidos da Administração, assim como exprimir com nitidez os desejos das populações que representam.
Fazendo-o, não ignoro haver quem, com despudoradas intenções, intenta deformar o que aqui, a bem da Nação, é dito, fingindo esquecer-se de que nada nos fará regressar às tristes divisões partidárias de que ainda se ouvem os ecos dolorosos, vindos das sombras do primeiro quartel do século, nesta mesma Cosa, ressurgida afinal e desses pesadelos liberta por acção de Salazar e da sua doutrina.

Vozes: - Muito bem !

O Orador: - Até muito longe, por autêntico crime de traição ou por inqualificáveis abusos, divisam-se deploráveis atitudes a exigirem total reprovação. Saibam os que criminosamente traem a Pátria e a tentam expor às cutiladas estrangeiras -como os alheios que lamentavelmente se excedem - que a nossa verdade, até porque em nossa casa é executada, tem força de gigante e que a caravana sempre passou indiferente aos berros insofridos dos que nasceram agitados e de tal maleita não conseguiram curar-se. Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem !

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Vítor Galo: - Sr. Presidente: pedi a palavra para enviar para a Mesa o seguinte

Requerimento

«Requeiro que, pelos Ministérios competentes, me sejam fornecidas notas das partes de capital que o Estado e as instituições de previdência possuem - e desde quando - nas empresas nacionais (metropolitanas e ultramarinas), do capital social de cada uma dessas empresas e dos respectivos lucros líquidos em cada um dos últimos cinco anos, até 1908, inclusive, se possível.
As posições referir-se-ão ao dia 31 de Dezembro de 1958».

O Sr. Afonso Pinto: - Sr. Presidente: sempre a nossa consciência de Deputados a esta Assembleia Nacional deverá estar atenta aos problemas da governação, quer para fiscalizar os seus actos, criticando-os ou censurando-os, severamente, se tanto for necessário e a justiça o impuser, quer para incentivar ou louvar quem careça de incentivo ou seja digno de louvor.
Assim, saberemos honrar o mandato que nos foi confiado, livres, completamente livres, do ilaqueante e negregado espirito de facção, de marca demagógica, que tudo deforma e perverte, deturpando factos, confundindo situações, malsinando intenções rectas e a todo o ponto louváveis.

Sr. Presidente: hoje é para louvar e para agradecer que ergo aqui a minha voz.

Vem isto a propósito da grata notícia que ontem li num dos jornais da tarde, sob o título Dar a quem precisa, e que reza assim:
O Ministro da Saúde foi ontem à Fundação Gulbenkian. Visitou as instalações provisórias de Palhavã e trouxe, como lembrança da sua visita, mil contos de resposta ao seu apelo a favor do Socorro Social.
Mais de 41 milhões de escudos levados pela Gulbenkian aos hospitais e outros serviços de saúde traduzem, em números altamente expressivos, o valor e a intenção da sua acção generosa, fecundante e humana ... Esses mil contos destinam-se aos serviços hospitalares de Cabeceiras de Basto, Mogadouro e Moncorvo.
Ora, esta breve noticia, que a alguns poderia deixar indiferentes ou insensíveis, não- pode deixar de interessar vivamente esta Camará.
Por isso a refiro, para que fique assinalada no Diário das Sessões.
Na verdade, há muitas coisas novas e boas coisas em Portugal, mas que não acontecem por acaso, antes são fruto de um conjunto de circunstancias felizes que as determinam.
Há que assinalar, em primeiro lugar, o clima propicio criado pela nossa «revolução na paz».
Foi sem dúvida tal clima que deu incentivo a essa grande alma de benemérito que foi e é Gulbenkian - e digo sé» porque ele, mesmo depois de morto, continua a viver perpetuado na obra grandiosa e admirável da sua Fundação - para se fixar neste doce país que é Portugal.