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7 DE MAIO DE 1959 679

oásis de paz numa das horas mais conturbadas e incertas da história do Mundo.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - O grande coração de Gulbenkian abriu-se em larga benemerência para pagar a Portugal a divida, que ele julgou contrair, de tranquilidade, de paz, de bem-estar e de segurança.
Mas não vá dizer-se que ele apenas se limitou a praticar um acto de justiça.
Não. Foi mais longe, porque praticou um acto sublime de caridade que transcende a justiça, um acto de devoção e de amor que só os corações nobres e profundamente humanos como o dele sabem e podem praticar, quando Deus lhes propicia a fortuna de que honradamente sabem usar.
Nós, Portugueses, é que contraímos para com Gulbenkian uma divida de eterna gratidão.
Rendamos-lhe o nosso sentido preito de justa homenagem, pois ele é, sem dúvida, um dos maiores beneméritos da nossa terra, das nossas gentes, no campo da cultura e da assistência social.
Honra, pois, à sua memória.
Homem de larga previsão e profundo conhecedor dos homens e do Mundo, quis assegurar e tornar plenamente eficiente a sua grande obra, confiando-a, como a confiou, à lúcida inteligência e ao coração generoso desse verdadeiro espirito de escol que é o Dr. Azeredo Perdigão, a quem, neste momento, também não posso deixar de tributar a minha mais justa e sentida homenagem.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador:-Pois bem: é neste condicionalismo que, agora, um homem novo, no novo Ministério da Saúde e Assistência, onde se englobam todos os serviços de um sector da nossa administração pública já de bem marcada e honrosa tradição, sim, um homem novo, dotado do mais elevado espirito de cruzada, nos aparece a pedir aos que podem que auxiliem os que precisam, ciente como está da insuficiência das verbas orçamentais para a realização da grande obra de saúde e assistência social que sonha realizar.
Assim, foi ele bater à porta da benemérita Fundação Gulbenkian, e essa porta, como não podia deixar de ser, abriu-se-lhe: e a dádiva generosa a que me refiro não se fez esperar, desta vez para beneficio dos necessitados dós concelhos de Cabeceiras de Basto, de Mogadouro e de Moncorvo.
Ora, pertencendo estes dois últimos ao circulo que me honrou com o mandato de Deputado, julgo-me no indeclinável dever de patentear aqui, em meu nome e no desses necessitados, o mais profundo reconhecimento à Fundação Gulbenkian e ao ilustre titular da pasta da Saúde e Assistência, Sr. Dr. Henrique Martins de Carvalho, a quem já nesta Câmara, e por mais de uma vez, tem sido rendida justíssima homenagem, que agora renovo, confiado no seu talento de bem-fazer em prol dos que precisam, e tantos eles são.

Vozes: - Muito bem, muito bem !

O Orador:-Bem haja a Fundação Gulbenkian.

Bem haja o Sr. Ministro da Saúde e Assistência por tudo e, de uma maneira especial, pelo beneficio agora proporcionado aos pobres da minha região.
Graças a Deus, nem tudo são tristes sinais dos tempos nesta hora conturbada e incerta do Mundo.
A mensagem evangélica do amor do próximo ainda vive em muitos corações.
Os homens, como já dizia esse pré- cristão que foi o filósofo romano Séneca, são criados para se auxiliarem mutuamente.
Ainda há no Mundo de hoje quem se não esqueça daquela mensagem e desta sentença do velho Séneca, a despeito de tantas forças diabólicas que se conjugam e obstinam em negá-las.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador:-Graças a Deus, em Portugal não são muitos os tristes sinais dos tempos: bem ao contrário, na nossa vida de nação livre e possuída do mais alto espirito de missão ainda há muito de afirmativo, de construtivo, de humano, de profundamente humano, de cristão, numa palavra, que nos possa inspirar optimismo e confiança no futuro.
Com esse alto espirito, mestre de portugalidade, que foi António Sardinha, estão mesmo em dizer que ninguém, como nós, no longo crepúsculo que envolve os destinos do Mundo e da civilização, possui motivos de mais firme e elevada esperança».

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Sim, tudo está em nos elevarmos acima das pequenas querelas que possam dividir-nos e em nos unirmos, cada vez com maior coesão, para prosseguimento da política de resgate e de restauração nacional que se vem processando, entre nós, desde 28 de Maio de 1926, sob a égide do génio político de Salazar.
Sursum corda.
Disse.

Vozes: - Muito bem, muito bem !

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Presidente: - Vai passar-se à

Ordem do dia

O Sr. Presidente: - Continua em discussão na generalidade a proposta de lei sobre o plano director do desenvolvimento urbanístico da região de Lisboa.

Tem a palavra o Sr. Deputado Peres Claro.

O Sr. Peres Claro: - Sr. Presidente: a proposta de lei sobre o plano director do desenvolvimento urbanístico da região de Lisboa, que esta Assembleia está a discutir, reveste-se de tal importância e é de tão geral interesse que até eu, de formação literária, me atrevo a fazer aqui, a propósito, algumas considerações.
Atrevo-me na medida em que essas considerações tocarem no que é técnico, na urbs, mas sinto-as obrigatórias, por força dessa mesma formação, quando se põem já no plano da civitas. E a maioria delas tem forçosamente de se pôr nesse plano, pois, se o urbanismo procura o bem-estar do homem, o homem deve estar sempre no pensamento de quem tiver sobre si a tarefa de organizar planos urbanísticos.
Sr. Presidente: antes de entrar na matéria que aqui me traz quero ter uma palavra de justo louvor para a Câmara Corporativa, que, uma vez mais, através de extenso e esclarecedor parecer, nos põe em condições de apreciar, na devida medida, a proposta do Governo.
São trinta s quatro páginas impressas onde se explanam as teorias que tratam do problema urbanístico em geral, de forma a poder-se compreender depois, à luz delas, o problema urbanístico português, que parece, enfim, entrar em caminho de solução, embora seja longa, mesmo muito longa, a jornada.