9 DE MAIO DE 1959 713
veitamento dos factores de produção de que dispõem, fazendo uso dos recursos que a tecnologia moderna lhes oferece. Qual a situação actual da indústria do nosso país?
Deram-se alguns importantes passos para a conquista do mercado interno pelos produtos nacionais e inicia-se a árdua tarefa de colocar os produtos no estrangeiro. É óbvio que pouco se conseguirá se não se fabricarem produtos de qualidade a baixo custo. E isto será difícil - sejamos mais realistas: impossível - , se não se aplicarem completa e adequadamente as armas que a engenharia industrial desenvolveu no Mundo.
São especialmente importantes as seguintes medidas: contrôle na aquisição e utilização das matérias-primas; planificação e contrôle da produção; contrôle da qualidade ; investigação de mercados; distribuição dos produtos; contrôle de vendas; contrôle do desperdícios; contrôle de custos; boa distribuição de pessoal; estudo dos tempos e movimentos de produção; salários e incentivos; relações entre trabalhadores, e patrões, além de um eficiente contrôle administrativo e de métodos de contabilidade adequados.
O factor humano é essencial para o progresso de todas as instituições idealizadas pelo homem, neste caso, empresas industriais.
Não será possível aumentar realmente a produtividade em geral, embaratecer as matérias-primas e melhorar a qualidade dos produtos elaborados, sem o concurso de técnicos nacionais ou até estrangeiros, educados e preparados no nosso próprio meio. Por falta desses técnicos está-nos embargada a criação de uma quantidade considerável de novas indústrias, com evidente prejuízo para o País, pois toda a economia estancada ou desenvolvendo-se lentamente corresponde a um atraso.
Com o crescente desenvolvimento da indústria em todos os países do Mundo vão surgindo problemas de índole económica e política, tanto nos sectores nacionais como internacionais.
É também de grande interesse nacional fomentar a exportação de artigos produzidos pela indústria do País. Em matéria fiscal sugere-se um estudo prévio e a adopção de medidas que concedam às indústrias que exportam os seus produtos um máximo de isenção de impostos para esses produtos, isenção que se devia outorgar automaticamente, quer dizer, pela simples comprovação por parte do exportador dos produtos exportados.
É incontestável que a situação e a evolução económica nos diversos países do Mundo e, sobretudo, nas diversas regiões do Mundo, diferem largamente. Da mesma forma, o nível da produtividade, tanto no seu ponto de partida como já durante a sua evolução, é muito diferente de país para país. Isto serve particularmente para as comparações que se pretenda fazer entre países já fortemente industrializados e aqueles que, por assim dizer, iniciaram o seu desenvolvimento industrial.
A quantidade e grau de formação da mão-de-obra, as possibilidades de formar capitais, a política de investimentos e a posição ocupada por um país no comércio internacional são, entre muitos outros, os factores que determinam em larga medida a situação e evolução económicas de um país, assim como as possibilidades de fazer participar os trabalhadores nos frutos do progresso económico.
É absolutamente necessário estabelecer um plano geral da actividade industrial dos territórios portugueses -me.-, trópole e ultramar-, de forma a aproveitarmos ao máximo as nossas matérias-primas, para podermos abastecer suficientemente os mercados do nosso império.
As relações entre as nações industriais e as regiões novas ainda por explorar devidamente encontram-se, hoje em dia, sob duas grandes influências. A primeira é a que emana de uma economia internacional em plena expansão, incessantemente à procura de novas fontes de matérias-primas e de novos mercados.
A economia contemporânea tem tal dinamismo, de tal forma se reduziram as distâncias e se multiplicaram os meios de comunicação entre todas as partes do Mundo que, com tudo isto, é evidente que esses territórios não devem escapar à influência económica ambiente.
Numa atmosfera geral de actividade e desenvolvimento económico todos os territórios, principalmente os de desenvolvimento incipiente, são chamados a desempenhar um papel cada vez mais importante, por disporem de mais recursos naturais, pelo facto de estes recursos não terem sido tão explorados.
Temos que explorar, em ritmo cada vez mais acelerado, os recursos naturais dos nossos territórios, tanto metropolitanos como ultramarinos. Manter improdutivos os nossos recursos naturais é condenar a nossa geração, e várias gerações de Portugueses, a baixos níveis de vida.
O dinamismo mundial que caracteriza este século não deixou de manifestar-se no nosso pais. Se olharmos para o passado, veremos que as mudanças tem sido muitas e em muitos sectores. Infelizmente, em muitos deles, e muito especialmente no industrial, a evolução tem-se verificado, na maior parte dos casos, sem prévia planeação.
No entanto, a tendência actual é para uma situação mais estável. O consumidor tem sido educado pela experiência e as suas exigências vão aumentando. Todos estes factores, e outros mais; determinam a necessidade de olharmos para o futuro e de nos interrogarmos sobre o que se. espera da indústria em geral.
Indubitavelmente, as perspectivas de futuro têm melhorado, mas não podemos deixar de pensar nos problemas que se levantarão quando a concorrência interna for muito mais forte e, principalmente, quando os nossos produtos tiverem de entrar em luta aberta com os das outras nações. Se não estivermos atentos, nunca seremos capazes de nos pormos em dia com o avanço dos outros países.
Chegou o momento inadiável de nos prepararmos para enfrentar as situações que um futuro próximo nos trará. Para o conseguirmos é essencial adoptar a investigação como fonte de nova vida para a nossa indústria e garantia da prosperidade do nosso país.
Observemos por um momento os exemplos que outros países nos têm dado sobre a potencialidade e a necessidade da investigação.
Ao desconcerto moral e económico motivado pela segunda guerra mundial seguiu-se na Alemanha uma era de reconstrução e de reabilitação de todos os sectores da sua vida nacional, e, num lapso de apenas onze anos, constatam-se resultados excepcionais.
Durante a guerra foram destruídas as grandes fábricas alemãs e muitos dos seus homens de ciência desapareceram, mas o hábito de investigar perdurou e devolveu à Alemanha, da noite para a manhã, a sua posição adentro do concerto mundial da indústria.
Durante o ano de 1940 investiram-se para a investigação nos Estados Unidos mais de 4000 milhões de dólares, o quê representou, aproximadamente, 2 por cento das vendas net da indústria.
Felizmente, actualmente, o nosso país começa a preocupar-se com a investigação e a convencer-se da sua indispensabilidade. Muitos foram os anos perdidos, em parte talvez devido à nossa situação favorável nos anos da guerra.
Os benefícios da investigação são inumeráveis. Têm sempre, em última instância, uma repercussão de tipo nacional. A exploração dos recursos naturais, o aumento do aproveitamento dos que já estão em exploração e a consequente diminuição do volume das importações terão como consequência o melhoramento da nossa