26 DE NOVEMBRO DE 1959 78-(97)
reitos de importação das mercadorias que constituem matéria-prima para as indústrias.
315. Dentro do quadro industrial da província podem alinhar-se, em primeiro lugar, todos os projectos e realizações industriais que têm por objectivo a satisfação das necessidades internas, pela produção de bens de consumo para a alimentação, para o vestuário e para a habitação.
Citam-se a este propósito:
a) A relativamente recente empresa criada para a congelação de carnes, que decerto irá contribuir para a solução do problema alimentar e fomento da pecuária.
O armentio da província ressentiu-se muito das prolongadas estiagens em 1956. E o panorama da pecuária, que já então causava preocupações, manteve-se no decurso de 1957, melhorando um pouco em 1958, mas com a agravante do aparecimento de novos sintomas desfavoráveis; os sucessivos arrolamentos que têm posto em evidência a evolução regressiva do armentio referem, quanto ao gado bovino, por exemplo, que o número de cabeças - que entre 1948 e 1956 baixara de 1312000 para 1 213 000 - voltou em 1957 a experimentar novo decréscimo ao descer para perto de 1 176 000, para em 1958 subir ligeiramente: 1 217 000. Embora à primeira vista a simples enumeração da diferença entre os anos limites considerados, ou seja 95 000 cabeças, não pareça preocupante, há que ponderar no que ela representa: a estagnação de um sector que bem deveria ter acompanhado, no mesmo período, o surto manifestado nas outras actividades económicas e o constante aumento das massas populacionais.
E o problema põe-se ainda em termos menos lisonjeiros ao observar-se que o gado transaccionado para abate continuou a apresentar pesos diminutos, facto que exige, por sua vez, maiores esforços no sentido de selecção e de melhoramento de raças, tanto mais que desta situação têm resultado sucessivos agravamentos na comercialização dos gados, a qual se encontrou assim impedida de satisfazer a crescente capacidade de consumo tanto das massas indígenas como da população europeia.
Com efeito, ao progressivo aumento das necessidades do mercado interno correspondeu um movimento paralelo no abate de 1948 a 1955, mas a partir desse ano o movimento dos matadouros e dos postos de matança começou a decair, o que põe a descoberto as dificuldades de abastecimento.
É verdade que outros factores, como a estabilização dos preços praticada durante anos e a circunstância de a maioria do armentio se encontrar na posse dos nativos, têm também contribuído para o enfraquecimento de uma das principais riquezas de Angola, mas a verdade é também que, para além destes factores, continua a permanecer em primeiríssimo lugar a necessidade de se fomentar, em bases eficientes e rendáveis, a exploração pecuária.
E estamos crentes de que para tanto mais não há do que apenas dotar as zonas mais propícias e onde a produção pode ser mais intensiva da indispensável e permanente assistência, assegurando-lhes, por outro lado, a abundância de pastos e o conveniente abastecimento de água.
Aliás, o Governo-Geral da província, atento a esta conjuntura da actividade pecuária, publicou em fins de 1957 um diploma legislativo que lança as bases de uma organização tendente à exploração em moldes racionais: melhor organização e maior rendimento.
Previu-se, assim, a utilização de grandes áreas para a pastorícia extensiva, além do aproveitamento de terrenos próprios para a exploração intensiva. Por outro lado, estimulou-se o incremento do povoamento europeu, mediante a instalação de núcleos ligados à actividade pecuária, enquanto se criou a Comissão de Fomento Pecuário, entidade à qual incumbe a função de dar parecer sobre todos os assuntos que se relacionam com o desenvolvimento desta actividade e proceder aos estudos e u apreciação e apresentação de propostas que entenda convenientes para o seu progresso, encarado em todos os seus aspectos.
Destas medidas, como se vê atentando na produção de 1958, se começaram já a colher alguns resultados, ainda que pouco expressivos.
Tal diploma não foi desde logo compreendido, mas, vencida a natural hesitação inicial, alguns criadores se inscreveram e começaram já a gozar as regalias previstas, o que está, como se esperava, despertando interesse e estímulo em outros mais indecisos ou menos crédulos na aplicação das normas legisladas, segundo as quais os criadores, em troca de determinadas e variadas regalias concedidas pelo Estado, se obrigam a obedecer a determinado condicionalismo que foi estabelecido no sentido de se conseguir que cada um dedique às suas criações um mínimo de cuidados, por forma a usufruir o rendimento e progresso que é obtido em países de condições ecológicas semelhantes.
Se bem que no Plano de Fomento Nacional que em 1958 findou os serviços oficiais não tenham tido possibilidades de dar integral aproveitamento a todas as verbas postas à sua disposição, nomeadamente por falta de pessoal, ficaram, em todo o caso, registadas realizações de mérito, das quais se fica esperando vir a colher bons frutos no futuro.
Ficou assim não só quase montado o posto experimental do Lungo, situado numa zona de pastagens típica da pastorícia extensiva para o boi de corte, - pois, a par de ser a de maior armentio, oferece imensas possibilidades ao desenvolvimento das criações extensivas aos animais de talho -, como também continuaram as obras do Laboratório Central de Patologia Veterinária, com o apetrechamento das respectivas secções, estando já em condições de ali se poder proceder não só à preparação dos principais soros e vacinas para a protecção dos gados da província, como a vários trabalhos de investigação científica.
E, de outra parte, melhoraram-se também as condições de outros estabelecimentos zootécnicos.
Por outro lado, e por fim, formou-se no distrito da Huíla a Associação dos Criadores de Gado e, por dotações do referido Plano de Fomento, foi adquirida maquinaria pesada para abertura de lagoas e de barragens nas linhas de água, tendo sido feitas sondagens em regiões adequadas, com o fim de permitir um melhor e mais racional aproveitamento dos recursos naturais ;
b) A extensão do fabrico de cerveja a outras regiões da província, onde no presente ano a única unidade instalada em Angola aumentou a sua produção de 20 por cento, pelo acréscimo de 11 809 hl. À excepção de uma pequena exportação, toda a produção foi absorvida pelos mercados internos, onde só Luanda consumiu 60 por cento do total produzido, ou sejam 44 330 hl, isto é, mais 5544 hl do que no ano findo.
Com referência ao alargamento desta actividade, pode informar-se que a nova fábrica de Nova Lisboa deve ser inaugurada dentro ainda do presente ano e que já se constituiu uma nova empresa, com o capital de 35 000 contos, para explorar esta indústria também