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13 DE JANEIRO DE 1960 215

Corporações torna-se indispensável ao prosseguimento da política de revigoramento do nosso sistema industrial e valorização da riqueza nacional em que todos estamos empenhados.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Só assim acontecer, a indústria portuguesa saberá corresponder, como provou já o sector algodoeiro, bem expressivamente. Há que ponderar claramente sobre estes problemas e atender ao conjunto de interesses em causa, pois de contrário correremos o risco de tudo submergir.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Ao Governo, na pessoa do Sr. Presidente do Conselho, renovo os agradecimentos pelo auxílio concedido há meses e peço a melhor atenção para o que acabo de expor.
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Pinho Brandão: - Sr. Presidente: há perto de dois meses li no diário Novidades uma entrevista concedida a este jornal pelos padres Monteiro Saraiva e Vaz Pinto, da missão católica portuguesa em Paris. Incidiu essa entrevista sobre a necessidade de protecção e de assistência espiritual e moral aos emigrantes portugueses que vivem em Paris e arredores, os quais atingem o elevadíssimo número de cerca de 30 000, e sobre a obra que essa missão se propõe realizar em ordem àquela protecção e assistência.
Entendeu o Episcopado Português que urgia dar amparo e assistência moral aos 30 000 portugueses que mourejam em Paris e arredores, e. por isso, há cerca de ano e meio para lá enviou o padre Monteiro Saraiva. com o fim de aí fundar a missão católica portuguesa.
Instalou-se então o padre Monteiro Saraiva numa pequena dependência da missão católica espanhola, e dessa dependência, que provisoriamente serve de sede da missão católica portuguesa, iniciou a sua notabilíssima e prodigiosa actividade, com o objectivo de encontrar todos os portugueses que labutam em Paris e arredores, dispersos nas mais variadas profissões.
Trabalho tenaz e persistente, de largo sentido humano, que o obrigou a percorrer em todas as direcções essa vasta região de Paris, penetrando nas fábricas e nos campos, nas barracas que servem de residência e até nas casas nocturnas, no meio da escória da grande urbe.
Assim o padre Monteiro Saraiva conseguiu localizar, num esforço persistente e contínuo, os 30 000 portugueses e chamá-los, depois, até junto de si, paru inquirir dos seus problemas e necessidades,. das suas angústias e insatisfações, dos seus dramas pessoais e íntimos e até da sua vida de todos ns dias.
Grande obra é esta. Sr. Presidente, do mais puro sentido cristão e do mais alto interesse nacional. Do mais puro sentido cristão, pela assistência moral dispensada a esses portugueses; e do mais alto interesse nacional porque 30 000 portugueses representam uma força importante que convém permaneça enquadrada nos sentimentos e aspirações gerais da Nação.

O Sr. Cortês Pinto: - Muito bem!

O Orador : - Mas a obra está apenas no seu início. A missão católica portuguesa, que se propõe realizar a obra de protecção e de assistência moral ao emigrante português em Paris e arredores, nem sequer tem sede própria, nem recursos que lhe permitam instalar e desenvolver os serviços indispensáveis a sua nobre função, à sua patriótica actividade. Tem boa vontade e os melhores propósitos; mas faltam-lhe os meios necessários para levar a cabo o sou elevado, cristão e patriótico objectivo.
É necessário fundar escolas de francês e de português que ministrem o ensino aos nossos compatriotas, conferências de S. Vicente de Paulo que protejam os vê lios e os doentes, centros de reuniões e de convivência social que apertem os laços de solidariedade entre todos eles, etc.
Pois bem, Sr. Presidente: esta obra magnifica, de elevado sentido cristão e altamente patriótica, precisa de ser amparada pelo Governo Português, com a concessão do auxílio financeiro indispensável. Os 30 000 portugueses que vivem na região de Paris merecem amparo, protecção e carinho de todos nós. A sorte deles não nos pode ser indiferente e há que encaminhar os seus passos pelas vias que conduzam no amor de Deus da Pátria e da família.
Por isso, crente de que interpreto neste momento os sentimentos gerais da Nação, faço apelo ao Governo para auxiliar a obra da missão católica portuguesa em Paris, concedendo-lhe subsídio necessário u realização dessa obra. Ela s de tamanho relevo e de interesse para o País que bem se justifica seja subsidiada pelo Estado. E tudo que tenha a fortalecer os laços entre os numerosos portugueses espalhados pelo Mundo e a Mãe-Pátria é feito no interesse da Nação, e por isso compete ao Governo, zeloso do bem comum, auxiliar esse fortalecimento.
Aqui deixo, pois, em duas palavras, este apelo, confiado no homem excepcional que, pelos seus talentos e virtudes e fiel a história da Nação, soube imprimir o mais alto sentido cristão e português à marcha da Revolução Nacional.
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Presidente: - Vai passar-se à

Ordem do dia

O Sr. Presidente: - Continua em discussão na generalidade a proposta de lei de abastecimento de água das populações rurais.
Tem a palavra o Sr. Deputado Munoz de Oliveira.

O Sr. Munoz de Oliveira: - Sr. Presidente: a leitura da proposta de lei n." 28, em discussão nesta Assembleia, trouxe-me à ideia o notável livro de Frei António de Guevara, Menosprecio de Corte y Alabanza de Aldea, em que o conselheiro e cronista de Carlos V enaltecia a salubridade dos aglomerados rurais em confronto com o nefasto ambiente da cidade. E fazia-o, em s eu dizer, com «muitas e muitas e muito boas doutrinas».
Como vão longínquos e mudados aqueles tempos, tanto mais longínquos quanto maior vai sendo o progresso das cidades, quanto mais lento e difícil se vai tornando o benefício da aldeia.
É, no entanto, consolador verificar que o espírito que presidiu à elaboração desta proposta de lei, e cuja presença claramente transparece quase que em cada linha do seu relatório justificativo, é o de uma excelente