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212 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 141

Se me falha competência especializada para emitir parecer sobre essa sugestão, é certo que o meu sentimento lusíada me faz inclinar para a ela aderir com entusiasmo e alvoroço, pois me parece forma real e efectiva, ainda que indirecta, de afirmar nossos direitos históricos legitimamente adquiridos, de que adveio manifesto benefício para todos os povos modernos e cuja subsistência, parece evidente, continua a ser indispensável para o progresso espiritual e económico do mundo actual e para a paz entre as nações.
Sr. Presidente: o Sr. Embaixador do Brasil manifestou em Santarém quanto o impressionara o vibrante, carinhoso e vitoriante acolhimento que lhe dispensaram alguns milhares de jovens dos estabelecimentos de ensino daquela cidade no momento em que chegou junto do pórtico monumental da Igreja da Graça para nela se recolher e concentrar, por instantes, perante o túmulo daquele que, por seu feito, deu origem a que Pedro Vaz de Caminha escrevesse a primeira página da história da sua pátria.
Essa espontânea manifestação da juventude traduz os sentimentos de Portugal inteiro para com o Brasil.
Que o alto pensamento que estava no espírito do Sr. Embaixador e os sentimentos que se albergavam no seu coração e determinaram a sua romagem a Santarém se traduzam, por parte dos governantes das duas nações irmãs, em actos e factos de conteúdo espiritual, cultural e económico, como exigem os novos tempos, que ainda mais avigorem, robusteçam e imponham ao Mundo a comunidade luso-brasileira.
É o voto que, por sentimento e por acto de inteligência, aqui quero deixar expresso.
Foi para o formular que pedi a palavra e no uso dela abusei da generosidade da Câmara.
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

Sr. Melo Machado: - Sr. Presidente: tudo o que interessa à capital interessa necessariamente ao País.
Inaugurou-se no passado dia 29 o metropolitano de Lisboa.
Na expressão de progresso que dá à nossa capital, no concurso que vai prestar para a resolução do problema de trânsito, o metropolitano, essa grande obra que os habitantes de Lisboa viram realizar interessados uns, resmungões outros -, granjeou já a compreensão geral através dos benefícios que dispensa nas zonas em que funciona.
Essa compreensão foi aliás, exuberantemente demonstrada no interesse manifestado logo no primeiro dia de funcionamento.
O que é preciso é que se continue com a mesma decisão com que se começou, pois não se aceitará que uma capital como Lisboa continue permanentemente sofrendo os congestionamentos de trânsito, que tornam hoje a vida dos seus habitantes incómoda e enervante.
Trata-se de uma grande obra - grande pelo volume de capitais nela empregados, pelas consequências felizes que nos trará, pelo esforço técnico despendido na sua realização, que nos honra.
Não pode comemorar-se este acontecimento, esta inauguração, este progresso, sem lembrar-se o nome de Álvaro da Salvação Barreto, antigo membro desta Assembleia, a cuja energia, inteligência e acção inteiramente se deve.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - A S. Exa., como presidente da Câmara, deve a cidade de Lisboa um preito de admiração e gratidão pelo muito que por ela fez.
Não tenho dúvidas de que o seu nome ficará gravado a letras de ouro na história da nossa capital e de que essa mesma história lhe prestará um dia inteira e merecida justiça.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Não importam os que conservam o espírito saudosista do Passeio Público, não importa a resmunguice e a crítica fácil contra os buracos, como se fosse possível fazer obras deste vulto sem incómodos para a população.
Esse foi o seu concurso, já que outro não deu, para essa obra admirável, concebida, realizada, em seu proveito.
Indispensável será prosseguir, pois não está nas normas nem na tradição do Estado Novo alterar os planos concebidos e estudados no sentido de alcançar um determinado fim.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Estudar na dúvida, realizar na fé, disse Salazar, e, consequentemente, não parar no meio.
Estudar na dúvida, para que os assuntos sejam estudados cabalmente; realizar na fé, que é como quem diz que encontrado o caminho, nele se prosseguirá até ao fim.
A população de Lisboa começa, tenho a certeza disso, a ter orgulho nessa obra, a abençoar os transtornos que sofreu para a ver hoje concluída e triunfante. Sabe que se lhe antepõem tremendas dificuldades técnicas, mas por isso mesmo tem como capricho terminá-la, para que a todos os habitantes da cidade chegue o benefício que já alguns desfrutaram.
Louvemos a obra, o sen grande animador Salvação Barreto, todos os técnicos responsáveis que na sua realizarão puseram um notável esforço, sem esquecer todos os operários a cujo trabalho e esforço comum se deve a sua realização, e assinalemos mais uma vez que só sob a égide do Estado Novo, com ordem nos espíritos, nas ruas e nas finanças, com uma técnica evoluída, graças à possibilidade de exercitar-se, foi certamente possível e tornada necessária, o que é mais, esta demonstração de progressiva evolução económica.
Felicitemo-nos, regozijemo-nos, mas que a alegria deste momento não nos faça esquecer, antes relembre e louve, todos aqueles a quem a devemos.
Outro assunto:
Também neste interregno foi publicado o decreto sobre a simplificação administrativa.
Não quero - eu, que, aqui, em vários anos e por várias vezes, a última das quais durante a discussão da Lei de Meios, levantei estes problemas - deixar de ter uma palavra de encarecimento e de agradecimento ao Governo por ter começado a atender aquelas reclamações que estavam porventura no espírito de todos e que tive a felicidade de trazer aqui repetidas vezes.
São do preâmbulo desse decreto as seguintes afirmações:
No seguimento do propósito já expresso pelo Conselho de Ministros de simplificar os métodos do trabalho burocrático e melhorar a eficiência dos serviços públicos, tem natural cabimento a preocupação de dispensar do despacho dos membros do Governo todos os assuntos que possam sem inconveniente ser resolvidos em outro nível.