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14 DE JANEIRO DE 1960 233

e meio. Tudo está previsto para atingir o dobro das capacidades de vazão horária indicadas utilizando composições de quatro carruagens.
Muitas pessoas que em Lisboa vivem e trabalham ou que temporariamente afluem à capital passam a dispor, nas zonas servidas pelo 1.º escalão aurora inaugurado, deste melhoramento de grande interesse público. Para estender o seu benefício a um maior número de interessados, para tirar melhor rendimento deste tipo de transporte e de toda a sua organizarão e para descongestionar o tráfego em certas zonas da cidade, é preciso que as obras da 2.ª e 3.ª escalões prossigam sem interrupção.
As condições favoráveis no aspecto financeiro e político em que o País se encontra permitiram incluir no II Plano de Fomento a dotação de 260 000 contos para o escalão Restauradores-Rossio-Areeiro-Alvalade. Este montante é escasso e não permitirá saldar a pronto todos os encargos do 2.º escalão. Se for possível aumentá-lo para 280 000 contos, ficará a empresa liberta dos encargos resultantes dos pagamentos diferidos, encargos que no 1.º escalão encareceram cerca de 20 por cento os fornecimentos feitos nessas condições.
Olhando a Lisboa de hoje e pensando na de amanhã, naquilo que virá a ser a cidade, região orientada e disciplinaria pelo seu plano director, este com a devida integração -no plano regional, sente-se que num sistema coordenado -de transportes colectivos as radiais do metropolitano não podiam deixar de se ajustar as grandes linhas de penetração e expansão da cidade, definidas e impostas pelo relevo da região.
São estas linhas as dos vales das Avenidas da Liberdade e de Almirante Reis, aquela prolongada para Benfica, por um lado, o Lumiar, por outro, e esta até ao Areeiro e Bairro de Alvalade, e as das marginais, oriental e ocidental, respectivamente até ao Poço do Bispo e Algés.
Os problemas de urbanização e transportes colectivos estão Intimamente, associados.
A grande ofensiva que vai ser desencadeada para resolver o problema habitacional na cidade de Lisboa poderá, para certas zonas da cidade, ser muito auxiliada pela rede do metropolitano. O troço da linha de Sete Rios a Benfica atravessará uma extensa área ainda não urbanizada, o mesmo sucedendo ao da Madre de Deus aos Olivais, áreas que poderão servir para criar para propriedade, horizontal zonas de população densa e com grandes espaços livres, em várias unidades de vizinhança ou paróquias, onde, para além dos aspectos sociais e económicos da habitação, sejam bem resolvidos os problemas morais e estéticos.
Lisboa engrandece-se, mas esse engrandecimento dava origem à asfixia de certas zonas da cidade se não fosse comandado pelo plano director e este ligado ao desenvolvimento dos transportes.

O Sr. Vasques Tenreiro: -V. Ex.ª dá-me licença?

O Orador:- Com todo o gosto.

O Sr. Vasques Tenreiro: - Certamente V. Ex.ª não quer dizer que o plano director de Lisboa tem de cingir-se ao plano do metropolitano?

O Orador: - Não é esse, de facto, o meu pensamento.
Nas horas em que é mais intensa a actividade da vida urbana ou em que se pretende atingir ou deixar o local de trabalho, há certas zonas de Lisboa com afluxos de pessoas e de trânsito excessivos, pejando as ruas de gente e veículos, daí resultando atrasos e um estado de nervosismo e contrariedade.
Em sistema de transportes de superfície necessita, para se deslocar em condições aceitáveis, de um mínimo de espaço livre nos arruamentos, e isto para que as suas velocidades não desçam a valores antieconómicos e não criem aos transportes colectivos a necessidade da existência de frotas muito grandes e caras para o escoamento, ainda que inaceitavelmente lento, do tráfego.
O metropolitano, proporcionando grandes escoamentos e o movimento de peões de uns cais para outros dentro de galerias bem ventiladas e iluminadas, descongestiona, muito o trânsito da superfície.
Para aliviar a circulação à superfície está previsto um sistema de galerias camarárias por baixo do Rossio (com montras e outros atractivos), ligadas ao metropolitano e á estação da C. P. no Rossio, também se pensando numa estação subterrânea de autocarros por baixo da Praça dos Restauradores, ligada ao metropolitano. Os peões poderão passar de um sistema de transportes para outro através das galerias subterrâneas, com grande alívio para a circulação de superfície.
É preciso que deste grande melhoramento citadino se aproveitem todas as vantagens para o trânsito da superfície. As pequenas distâncias entre cruzamentos e a falta de sinalização sincronizada obrigam em certas zonas de Lisboa, a muitas paragens (acontecendo, par vezes, a quem se desloca em automóvel receber ordem de paragem sucessivamente de todos os sinaleiros), o que retarda o movimento, adensa o trânsito e provoca gastos suplementares de material e combustível.
As paragens nos cruzamentos do nível conduzem, no que respeita a combustível, a um aumento do consumo superior a 25 por cento em cada quilómetro se for de 400 m o espaçamento médio das paragens.
O tráfego deve mover-se o mais rapidamente possível, e para isso nos sinais não cabe apenas o comando do movimento dos veículos, mas pela sua conveniente localização e coordenação, conseguir que este se faça com o mínimo de paragens a que estas sejam de duração mínima. Para cada sinal há que estabelecer o ciclo, a duração de cada fase e o desfasamento em relação aos outros sinais, de modo a assegurar na artéria sinalizada a máxima velocidade compatível com a boa segurança.
Sr. Presidente e Srs. Deputados: o surdo do desenvolvimento económico português, cujo ritmo ainda vai ser certamente acelerado, faz que o sector dos transportes trilha em todo o Pais de satisfazer a procura crescente. Essa procura crescente avoluma o trânsito, criando ao departamento das Comunicações a necessidade de estudar nova legislação e regulamentação.
Para descentralizar e descongestionar o trânsito de Lisboa é preciso não estimular o movimento dispensável e dar todas as possíveis facilidades ao tráfego inevitável.
Junto aos términos do metropolitano devem ser construídos quanto antes grandes parques de estacionamento para automóveis particulares, proporcionando aí a quem vem da periferia um estacionamento cómodo.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Os primeiros a evitar levar o seu automóvel à zona central devem ser iodos aqueles que diariamente o conduzem entre os locais de habitação e de trabalho e próximo do trabalho o deixam longas horas estacionado.
Junto aos términos da 1.ª fase do metropolitano devem construir-se também, e logo que seja oportuno, as estações centrais de camionagem a que se refere a lei de coordenação dos transportes públicos. As camionetas de carreira, em lugar de irem ao centro, deixarão aí os passageiros, que deverão poder dirigir-se da estação ter-