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14 DE JANEIRO DE 1960 237

mentos estanques, tão do gosto de uns quantos a quem o mando facilmente entontece.
Grémios da lavoura operando dentro da verdadeira linha do seu rumo lógico em busca dos seus fins de alta utilidade, e não entidades mercadejadoras inoperantes, em que tantos aberrativamente se tornaram; cooperativas de cultura e produção nos minifúndios; fácil seguro das colheitas: máquinas e ferramentas ao cómodo dispor de todos os agricultores; boas sementes e a conveniente colocação e valorizarão dos produtos da terra, afiguram-se entre tantos outros, dos mais importantes elementos de que se deverá lançar mão.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Mas há também que respeitar os clássicos conceitos da afinidade política e económica do território nacional, e ter em conta que uma modificação substancial nas zonas de influência das circunscrições naturalmente delimitadas pelos seus elementos diferenciadores pode conduzir a resultados do bastante inconveniência.
O distrito de Coimbra, com os seus problemas e as suas ansiedades, os domínios morais e materiais do seu vasto território e toda a sua longa história de afinidades étnicas, forma uma dessas circunscrições absolutamente diferenciadas, em que existe bem viva e bem vincada a ideia de unidade e de independência, perante as restantes circunscrições nacionais. Forte vanidade seria pretender desconhecer ou desconsiderar esta consoladora realidade.
E, portanto, em nome desse conjunto de, notáveis sentimentos comuns, sempre latente nas gentes do meu distrito, como certamente nas dos outros, e agora tão expressivamente afirmado em relação ao problema da valorização da sua lavoura, que eu, Sr. Presidente, como seu representante nesta Assembleia, aqui quero deixar a minha instante solicitação ao Governo, e especialmente ao Sr. Secretário de Estado da Agricultura, para que, revista a solução precaríssima em que se tem vivido quanto à sede da brigada técnica agrícola da IV região e o arranjo agora introduzido na fórmula da assistência à lavoura distrital, se resolvam tais problemas, com a criação de uma nova brigada técnica em Coimbra, a partir da qual se processo, cada vez com mais intensidade, essa imprescindível assistência.
A criação dessa pretendida brigada não deve suscitar grandes dificuldades, por não afectar a posição da Direcção-Geral dos Serviços Agrícolas.
Bem ao contrário, com ela será grandemente facilitado o desenvolvimento agrário do distrito, sem se causarem perturbações ao de qualquer outro.
Espero, desta sorte, Sr. Presidente, que o limiar da benemerente campanha nacional de assistência técnica à lavoura do meu país ficará assinalado em Coimbra com a esperada solução do problema em que tanto se têm empenhado os melhores valores do meu distrito, qual seja a da criação da sua brigada técnica agrícola e a consequente remodelação da sua zona de influência.
Disse.

Vozes: - Muito bem, muito bem!
O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Belchior da Costa: - Peço a palavra, Sr. Presidente, para um esclarecimento.

O Sr. Presidente: - Tem V. Ex.ª a palavra.

O Sr. Belchior da Costa: - Acabo de ouvir a intervenção do Sr. Deputado Augusto Simões à qual prestei a melhor atenção.

O Sr. Augusto Simões: - Muito obrigado.

O Orador: - E, embora, não esteja preparado para neste momento lhe dar a resposta conveniente, entendi no entanto, como Deputado pelo distrito de Aveiro e com o assentimento tácito e muito benévolo dos meus iludires camaradas, dizer aqui uma palavra imediata, que não é evidentemente do protesto, mas que procurará ser de esclarecimento.
Não tenho em meu poder as razões que determinaram a fixação na capital do distrito de Aveiro da brigada técnica agrícola. Mas quero admitir, quase como uma certeza, que o argumento invocado na douta dissertação do Sr. Deputado Augusto Simões não foi, penso eu, aquele que em definitivo, determinou a referida fixação.
Não posso admitir que fosse apenas a falta de casa, em determinada emergência, que tivesse obrigado os serviços a fixarem e sobretudo, a manterem na cidade de Aveiro a brigada técnica que estaria inicialmente destinada a fixar-se em Coimbra. Penso, pelo contrário, que deve ter-se reconhecido, com o decorrer dos tempos e no apuramento das circunstâncias, que a manutenção em Aveiro obedecia a razões imperiosas. E é compreensível que assim tenha acontecido, porque quem conhecer a fisionomia agrícola dos dois distritos e estabelecer o seu paralelo, sem menosprezo pelo distrito de Coimbra - o Coimbra tem no nosso espírito, e ia a dizer no nosso coração, um especial lugar de relevo e de ternura - , mas quem conhecer, repito, a fisionomia agrícola dos dois distritos há-de forçosamente reconhecer que o de Aveiro suplanta de longe o de Coimbra, e tanto que, a região de Aveiro é comummente conhecida como a Holanda de Portugal, isto é, a região dos lacticínios.
E como esse valor económico do País é extraordinariamente ponderoso e altamente relevante para possibilitar, para aconselhar e para impor que efectivamente se mantenha no local um centro de assistência eficiente e oportuno, para em todos os momentos acudir às necessidades do distrito, não me causou estranheza a decisão tomada.
Mas só quero vincar aqui, para que se não diga que nós, os Deputados por Aveiro, deixámos passar em claro a afirmação do Sr. Deputado Augusto Simões, não o nosso protesto, mas sim algumas palavras de esclarecimento.
Que se crie em Coimbra uma brigada técnica agrícola, se realmente as exigências, as necessidades, as condições e as circunstâncias do seu potencial agrícola e agrário assim o aconselharem. Mas que se mantenha, e, porventura, se alargue, na sua actuação e eficiência, a brigada técnica agrícola em Aveiro, visto que ela representa uma necessidade imperiosa para satisfação das exigências agrícolas do meu distrito, que todos nós sabemos que, apesar de já estar bastante industrializado em curtos pontos, continua a ser eminentemente agrícola.
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!
O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Augusto Simões: - Sr. Presidente: peço a palavra para um esclarecimento.

O Sr. Presidente: - O Sr. Deputado Belchior da Costa usou da palavra, para um esclarecimento V. Ex.ª que tratou o assunto com largueza, pede a palavra para um esclarecimento. Não posso admitir que se prolongue um diálogo que ameaça transformar-se num debate antes