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234 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 142

mino da camionagem no metropolitano por galerias subterrâneas, sem perturbar a circulação de superfície. Os passageiros das camionetas de carreira estão habituados a trazer nos tejadilhos uma imensidade de volumes, que será preciso distribuir da estação de camionagem ao domicílio de forma económica e cómoda para o passageiro.
Um estudo da coordenação dos transportes de Lisboa localiza os parques de estacionamento e as centrais de camionagem, a que nos referimos, junto às actuais estações de Entrecampos e Sete Rios e junto as futuras estações de Alcântara e Areeiro.

O Sr. Augusto Simões: - Estamos a precisar de uma coordenação de todos os transportes do país e não só dos de Lisboa.

O Orador: - Tem V. Ex.ª muita razão. Eu já disse que o surto do nosso desenvolvimento económico faz que o sector dos transportes tenha em tudo o País de satisfazer a procura crescente e que essa procura crescente, avolumando o trânsito, cria ao departamento das Comunicações a necessidade de estudar nova legislação e regulamentação.

O Sr. Augusto Simões: -Agradeço a V. Ex.ª a repetição do que já tinha dito, mas a minha intervenção queria vincar precisamente, e dentro do espírito de V. Ex.ª, que é necessário que não só para Lisboa, mas para todo o País, se faça a coordenação dos transportes e que Lisboa deve ser um dos capítulos da legislação sobre essa coordenação.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Para o metropolitano percorreu-se a etapa decisiva, e, quanto a nós, todo o 1.º escalão se fez com boa técnica e acertada estética. Dirijo, por isso, desta, alta tribuna, a todos quantos trabalharam nesta obra e para ela contribuíram com o seu esforço e entusiasmo, um palavra de simpatia o louvor.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - O montante total gasto pela empresa até à inauguração foi de 380 000 contos, tendo ficado em Portugal mais de 68 por cento deste montante.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Se nos próximos escalões a indústria nacional melhorar a sua posição nos fornecimentos de equipamento, como se espera, ainda ficará em Portugal uma maior percentagem do que vier a gastar-se nas ampliações.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - O metropolitano de Lisboa, vem prestar um grande serviço à cidade e é uma obra de grande utilidade para o público. Deve, por isso, ser motivo de orgulho para os Lisboetas e para todos os portugueses.
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!
O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Franco Falcão: - Sr. Presidente: por mera coincidência, vou ocupar-me de um assunto já hoje trazido a esta Câmara pela voz fluente e brilhante do nosso distinto colega Sr. Dr. Cerveira Pinto.
Considero, no entanto, que não é de mais insistir na defesa de uma classe que deve merecer de todos nós e do País a maior simpatia.
Sr. Presidente: poderá parecer estranho que, metendo eu a foice em seara alheia, como costuma dizer-se, aqui traga problemas relacionados com o ensino.
Não vou, certamente, abordar aspectos de ordem técnica, científica ou pedagógica, mas apenas encarar situações de natureza funcional e moral, para o que me julgo revestido da necessária autoridade, não só por virtude das minhas atribuições parlamentares, mas ainda porque multo do meu carinho, bastante do meu esforço pessoal e algumas parcelas do meu modesto património tenho consumido, com inteira satisfação, ao serviço do importante sector do ensino primário.
Profissional do direito, habituado a exercer há longos anos a nobre missão da judicatura, nunca o meu espírito deixou de estar atento aos legítimos anseios de justiça e aos prementes sentimentos de humanidade, onde quer que eles se situem.
Quero referir-me, Sr. Presidente, à sacrificada classe dos regentes escolares, esses esforçados e devotados servidores, cuja acção tem sido tão deficientemente compreendida e cujo esforço, tenacidade o espírito do sacrifício não tem merecido o amparo, o estímulo e aquela justa compensação absolutamente indispensáveis à valorização do trabalho e à dignificação da pessoa humana.
Foi o Decreto n.º 20 604, de 30 de Novembro de 1931, que criou estes improvisados, mas fiéis e prestimosos, agentes do ensino, que, embora constituindo, talvez, um mal necessário, surgiram como providência, de ordem económica, como único recurso para a divulgação dos conhecimentos do ensino primário elementar e, ainda, como imperativa medida de emergência, tendente a preencher lacunas e a solucionar o complexo problema da falta de professores primários.
Vai decorrido mais de um quarto de século, através do qual os regentes escolares, espalhados por povoações e lugarejos, sem o mínimo de condições de alojamento e conforto, em luta constante entre o sofrimento e o cumprimento do dever, têm revelado, na sua quase totalidade, o maior zelo dedicação e apreciáveis qualidades de mestres e de educadores.
Sob a luz dos seus primeiros ensinamentos se tem moldado o carácter a cultura e a inteligência de muitos daqueles que, desde os mais modestos misteres até aos cadeirais da ciência, da administração e da política, fazem parte da massa letrada e culta da Nação.
As provas exuberantemente dadas por estes prestáveis auxiliares da instrução pública na luta contra o analfabetismo e a necessidade imperiosa da sua presença perante um candente deficit de 2000 professores em relação com o número de escolas em funcionamento, em cerca de 4000, se atendermos ao volume de lugares docentes necessários, transformaram, por força das circunstâncias, o fenómeno que inicialmente se apresentava como um mal necessário num bem indispensável e valioso ao serviço da educação nacional.
Estes agentes, que na sua grande maioria, são raparigas arrancadas ao aconchego e ao carinho das famílias, atraídas pela necessidade de ganharem honrada e honestamente o pão de cada dia, são dignos dos maiores louvores, pelo sacrifício e pela coragem que tem consagrado no cumprimento de uma missão que a despeito de ser exercida nas mais precárias e espinhosas condições, constitui a base e o fundamento onde começam a edificar-se as muralhas do espírito e da cultura da Casa Lusitana.