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262 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 144

de iniciativa das empresas de camionagem -, passou-se à fase de fomento hoteleiro, com providências legislativas de largo alcance, que merecem ser aqui registadas e realçadas como termos de uma orientação objectiva e consequente.
Intervieram, coordenadamente, nessa política de fomento hoteleiro incentivos fiscais e de crédito que muito ajudaram a impulsionar esse surto de construção de hotéis que vemos felizmente processar-se por todo o País, essencialmente com base na iniciativa privada.
Instiga seja feita ao Secretariado Nacional da Informação. O seu esforço de orientação e realização é verdadeiramente notável em prol do turismo nacional, que me seja permitido daqui dirigir-lhe uma palavra de saudação e alto apreço na pessoa do nosso ilustre colega César Moreira Baptista, a quem o Secretariado já deve inestimáveis serviços.
Sr. Presidente: o equipamento hoteleiro, que é, naturalmente, factor que avulta no domínio de uma política de fomento turístico, nào pode, todavia, deixar de ter em conta o sentido da sua exploração comercial.
O Estado, através do seu departamento próprio - quantas vezes em difíceis condições de actuação -, fez aquilo que lhe competia no plano de criar as condições básicas de estímulo â iniciativa privado.
O impulso desta trouxe já resultados positivos, em que o caso do Hotel Ritz, pela sua ordem de grandeza e majestade, bem merece ser assinalado e realçado como vultoso investimento imobiliário de largas repercussões económicas, nacionais e internacionais.
Ao assinalar e realçar o mérito desse empreendimento quero juntar o meu aplauso, não só pela iniciativa do investimento imobiliário em si, que é de origem estritamente portuguesa, mas ainda pela fórmula adoptada para a exploração do referido hotel.
A sua entrega a uma cadeia internacional de hotéis constitui, na verdade, e em meu entender, o melhor caminho a seguir em empreendimentos desta natureza.
São justamente organizações deste tipo, por poderosas e de larga irradiação externa, que detêm, a bem dizer, o elemento motor do grande turismo internacional.
A atracção dos turistas não só faz só por simples chamamento publicitário confinado a interesses estritamente locais ou mesmo nacionais na proclamação da excelência dos nossos ambientes. Somos infelizmente pequenos demais para nos erguermos, com eficiência, ao nível dos encargos de propaganda internacional do turismo e suportarmos o embato frontal da concorrência com elementos tão poderosos.
É indispensável por isso convocar as grandes organizações internacionais que se dedicam, de longa data, a descobrir os recantos do Mundo mais apropriados a uma volumosa clientela que compassivamente ouve e segue os seus conselhos e a sua orientação.
Para isso torna-se, porém, necessário atrair a Portugal e «interessar» efectivamente essas organizações no quadro da exploração do nosso turismo.
Aliás, a indústria de turismo possui hoje uma técnica própria, extremamente evoluída, que deve inspirar e estruturar os empreendimentos destinados a promover a sua exploração em bases económicas.
O equipamento hoteleiro é, em verdade, um elemento fundamental da estrutura do turismo, mas não é tudo, como dissemos.
O seu esquema de exploração, que é afinal o método de obter a reprodutividade do investimento, envolve um sem-número de organizações satélites ou periféricas, que vão desde os transportes colectivos que proporcionam roteiros turísticos, a mostrarem, em rápida visão, pontos estratégicos de panorâmica o monumentalidade,
até ao aluguer individual de automóveis, até às diversões diurnas e nocturnas, até aos centros de repouso e de desporto, para quem vem predisposto a deixar-se orientar obedientemente, segundo os seus gostos e tendências.
Ora todas estas organizações, que fazem parte integrante da estrutura de exploração turística, só podem efectivamente aperfeiçoar-se e prosperar se tiverem a apoiá-las um fluxo regular de turistas que lhes garanta uma exploração económica.
Se é certo que na nossa época de Verão se acentua e condensa o movimento turístico - tendo apenas em mente o Portugal europeu, quando os nossos territórios ultramarinos possuem fortes motivos de atracção turística, nomeadamente Angola e Moçambique -, a verdade é que, quando esse movimento é olhado à escala e na perspectiva de uma grande organização internacional, pode daí promover-se uma política que tenda a aproveitar, em largos espaços económicos e ao longo do ano, as particularidades climatéricas de certas regiões que oferecem atractivos de amenitude muito propícios a estimular também o movimento de turistas durante o Outono e o Inverno. E os nossos, sobretudo nas regiões do Sul do País, são essencialmente atractivos para quem vive a inclemência das brumas e dos frios setentrionais.
Não pode, de facto, esquecer-se que, em matéria de turismo, o factor «procura» tem uma mobilidade extremamente pronunciada, ao passo que o da «oferta» mantém marcadas características de rigidez.
Por isso, e do ponto de vista económico, importa assinalar que todas as dormidas em vazio constituem uma perda definitiva de rentabilidade do investimento hoteleiro.
Daí o sucesso que tem obtido o regime de exploração comum de hotéis da mesma estrutura funcional localizados em regiões climatéricas diferentes, permitindo, assim, não só uma redução dos encargos de investimento e também um coeficiente mais elevado de utilização, com benéfica incidência na economia da respectiva exploração.
Nice e Vichy fornecem a este respeito curiosos e significativos exemplos pela alternância que proporciona de movimentos turísticos repartidos entre o Inverno e o Verão.
Nesta ordem de preocupações, a Suíça calculou que a ocultação média na sua rede hoteleira é de 71 por cento de camas e que a rentabilidade de exploração somente começa a partir dos 55 por cento.
Se as correntes turísticas nacionais não são por si suficientes para compensar uma exploração onerosa como é a hoteleira, com pesado volume do encargos fixos, empenhemo-nos no aproveitamento do favorável condicionalismo de que desfrutamos em ampliar o nosso circuito económico, trazendo a ele uma corrente humana mais caudalosa e regular.
Para se atingirem os objectivos referidos é necessário, porém, não considerar apenas os turistas ricos, mas aqueles que a classe média, constituída por larga gama de profissões e ocupações, tão amplamente comporta. E é esta classe de turistas que pode trazer largo contributo para um esquema económico mais social da nos«a exploração hoteleira e da nossa própria política de turismo.
A democratização do turismo é, aliás, um fenómeno visível, que segue, pari passu , o progresso do rendimento real das várias ramadas sociais.
Sr. Presidente: é neste quadro de considerações que só insere o problema que mais concretamente quero focar - o do Algarve.
As excelências do seu clima, as maravilhas da sua paisagem soalheira, a que o mar e a serra emprestam