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266 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 144

nitude que confere n terra que abraça desde Sagres a Vila Real.
Ali reside, ainda em simples potência, uma das grandes riquezas turísticas do Pais.
Saibamo-la aproveitar, em orientação ordenada e persistente, sem nos deixarmos seduzir, nem por um comopolitismo descaracterizado, igual em todos os lugares e latitudes, nem por um regionalismo estreito e economicamente inviável. No meio termo está a virtude. Saibamos encontrá-lo na consideração dos factores que melhor sirvam o interesse regional e nacional.
São estes os meus votos.
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Nunes Fernandes: - Sr. Presidente: há poucos dias que o diário portuense Comércio do Porto lamentava o esquecimento a que eram votadas as terras do Norte d» País quando se elaboravam roteiros turísticos para conhecimento e difusão no estrangeiro.
O facto é verdadeiro e, por isso, bastante de lamentar. As regiões nortenhas das Beiras e Trás-os-Montes sofrem do fatalismo dos paralelos que as situam longe do Terreiro do Paço.
Os benefícios, quando lá chegam, parece que se vão diluindo pelo caminho, e ainda não surgiu a ocasião propícia para se encarar o problema da valorização dessas terras bem portuguesas, habitadas por gente de indefectível e são patriotismo e toda ela exaltando a obra magnífica das últimas décadas, embora tenham sido contempladas com um quinhão mínimo.
Sem indústria de relevo, com uma agricultura depauperada, nem sequer ainda viram ao menos salientado, definido e aproveitado o seu tesouro turístico, ainda desconhecido da maior parte dos visitantes que, abaixo de determinado paralelo, perdurem o País de lés a lés.
Salazar afirmou um dia que se «são abertas de par em par as fronteiras e que é sempre obsequiosa a hospitalidade portuguesa».
Assim é, de verdade, e nada haverá que supere a acolhedora hospitalidade das gentes das Beiras e Trás-os-Montes.
Entretanto, o ferrolho oficial ainda não se abriu suficientemente para franquear aos turistas essas regiões panorâmicas sem par e detentoras de um excelente recheio artístico.
Embora a construção de pousadas represente um esforço no sentido da atracção turística, não poderão elas, só por si, atrair o que viaja.
Impõe-se a reparação total das principais vias de comunicação e apresenta-se como indispensável o estudo de roteiros turísticos completos e aliciantes, com a necessária difusão, dentro e fora de fronteiras.
No II Congresso Nacional de Turismo, o dinâmico secretário nacional da Informação, que teve uma fugaz, mas fulgurante, passagem por esto Casa. anunciou que o Secretariado pensava em dotar as capitais de distrito e outras localidades turísticas importantes de hotéis de turismo.
Na verdade, não pode haver turismo onde não exista um hotel acolhedor que receba todos quantos se deslocam através das estradas de Portugal.
Por outro lado, a Lei n.º 2082 permite que o mesmo Secretariado tome a iniciativa da criação de regiões de turismo que orientem, aproveitem e divulguem as belezas turísticas dos vários concelhos.
Ora, sem menosprezar os interessantes aspectos turísticos de outras regiões nortenhas, há que sugerir a criação, desde já, da região turística da Beira-Douro,
tendo por cabeça a linda e vetusta cidade de Lamego, e que o Século, com tanta propriedade, exaltou há dias.
Essa região poderia ser constituída pelos concelhos de Lamego, sede da região, Resende, Armamar, Tarouca, Moimenta da Beira, Tabuaço, S. João da Pesqueira, Penedouo e Sernancelhe, pois Iodos eles têm motivos históricos, artísticos e panorâmicos que merecem um mais amplo e pormenorizado conhecimento.
Ainda há bem pouco tempo que um ilustre membro do Governo me afirmava que Lamego ora bem uma cidade-museu. por virtude dos artísticos monumentos nacionais que encerra e o número, ainda maior, de edificações particulares armoriadas e de traça arquitectónica de grande beleza.
Possui uni museu de real valor artístico, seja pelos seus quadros, seja pelas suas ricas tapeçarias, a colecção mais rara e valiosa do País.
E se da parte arquitectónica derivarmos para a panorâmica, há que concluir que a natureza foi pródiga nos seus abundantes benefícios a esta região.
Desde o termo do concelho de Resende até Lamego, ao longo de cerca de 00 km, percorre-se uma encantadora estrada, permanentemente debruçada sobre o rio Douro, que corre no fundo das altas montanhas que o ladeiam.
Logo que se encontre concluída a estrada marginal Porto-Entre os Rios, ela será o traço de união entre o Norte do País e a fronteira, em Vilar Formoso, por mais curta e de encantadora panorâmica.
E para que o turista possa rodar, com prazer, por essa admirável região bastará reparar o troço de estrada do Resende-Lamego, ao presente em deplorável estado, e outro de Moimenta da Beira-Ponte do Abade, na estrada nacional n.º 226, já que o ilustre titular das Obras Públicas, a quem Lamego tanto deve, honrou a promessa feita de reconstrução do troço que vai desta cidade a Moimenta da Beira, em vias de conclusão.

O Sr. José Sarmento: - V. Ex.ª dá-me licença?

O Orador: - Tenha a bondade.

O Sr. José Sarmento: - A estrada de Lamego a Resende, que tão bem conheço, encontra-se num estado de conservação deplorável. Considero-a mesmo como uma das estradas pior conservadas do País.
Através dela faz-se um tráfego intensíssimo de mercadorias que se dirigem, via Lamego, para a estação da Régua, visto todas as freguesias dessa zona estarem separadas da, linha férrea pelo vale escarpado do Douro.
Do ponto de vista paisagístico, essa estrada é considerada, por quem conhece todas as estradas de Portugal e desempenha, na nossa Administração papel de grande relevo, uma das mais belas do País. A ela se referiu elogiosamente, em Jornadas de Portugal, o grande prosador que foi Antero de Figueiredo.

O Orador: - Ainda há poucos dias, dado o estado lastimoso em que essa estrada se encontra, se deu lá um desastre que mandou para o hospital vinte e tantas pessoas.
E se o ritmo de trabalhos na estrada nacional n.º 2, entre Viseu e Lamego, for acelerado, poderão todos quantos tenham o prazer de viajar dar por bem empregado o passeio por uma região de maravilha, até agora quase desconhecida.
Mais se valorizará a região se for dada execução ao plano rodoviário de 1945, abrindo-se novas estradas de penetração, do maior interesse para a economia e