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20 DE JANEIRO DE 1960 267

turismo da mesma região, nomeadamente as estradas Lamego-Tabuaço e Tarouca-Vila Nova de Paiva.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Seria fastidioso, Sr. Presidente, fazer o inventário artístico e panorâmico da região.
Não me furto, porém, a uma rápida digressão itinerante nela.
Quem de Vilar Formoso se dirigir ao Porto terá oportunidade de contemplar as interessantes fortificações de Trancoso, admirar o monumento único da ponte fortificada da Ucanha, berço esquecido do sábio Dr. José Leite de Vasconcelos, visitar os Conventos de Salzedas e de S. João de Tarouca, onde sobressaem os
Quadros de Grão-Vasco, descer à Capela de S. Pedro e Balsemão, nos arredores de Lamego, contemplar o excelente recheio artístico que esta cidade apresenta, subir ao alto do majestoso Santuário e Parque dos Remédios, visitar o Mosteiro de Cárquere, em Resende, etc., e ir admirando os soberbos panoramas que se vão desbobiuando perante os olhos maravilhados do viajante.
E, se o desejar, ainda pode o turista fazer uns ligeiros desvios para admirar o Castelo de Penedono, o Convento das Águias, em Tabuaço, e a igreja românica de Armamar.
£111 Lamego, como centro irradiante desta região, para complemento do esforço a despender na sua valorização turística, deverá ser instalado um hotel confortável e acolhedor, que dê a quem por ali passe a possibilidade de se deter e permanecer.
Só assim se encontrará uma pequena compensação para suprir a falta de uma indústria de vulto e de uma exploração agrícola rendosa que dessem aos seus habitantes um melhor nível de vida.
As regiões nortenhas, Sr. Presidente, tem sabido esperar com a melhor das paciências, mas o surto do progresso que se verifica na maior parte do País começa a inquietá-las e leva-as quase a jurar que o tal paralelo geográfico, impeditivo do seu progresso, existe na verdade.
Que se faça uni esforço no sentido de dar satisfação aos anseios dessas regiões e que o ilustre secretário nacional da Informação tome a iniciativa de dar corpo aos desejos .prementes da gente da Beira-Douro, possibilitando-lhe melhor nível de vida através da cuidada exploração de uma riqueza até agora quase ignorada.
Disse.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Presidente: - Vai passar-se à

Ordem do dia

O Sr. Presidente: - Continua em discussão na generalidade a proposta de lei sobre o abastecimento de água das populações rurais.
Tem a palavra o Sr. Deputado Augusto Simões.

O Sr. Augusto Simões: - Sr. Presidente: a conhecida posição que, desde o início da minha vida parlamentar, entendi dever tomar nesta Câmara perante os problemas da nossa ruralidade, não me consentiria apenas uma atitude de tácito aplauso à proposta de lei em que se estrutura a solução de um desses mais ingentes problemas, qual seja o do abastecimento de água às
Mias populações, e de apagada concordância com os valiosos depoimentos que, em sua apreciação e louvor, outros, com inexcedível brilhantismo, já produziram nesta tribuna.
Não me podia sofrer o ânimo que deixasse de vir expressar o meu júbilo quando verifico que, finalmente, o direito fundamental ao abastecimento de água limpa e abundante para todos os fins de um viver civilizado e digno das gentes dos nossos centros rurais parece ter ultrapassado os limites da legítima expectativa em que se tem mantido, para obter o reconhecimento e a consideração em categorizado documento oficial da alta estirpe do II Plano de Fomento, já em vigor.
E, sem embargo de saber de ciência certa que não foram os meus pobres apelos, aqui tão repetidamente lançados nesse sentido, alguma das causas determinantes desse reconhecimento, nem por isso experimenta qualquer diminuição a grandeza do meu contentamento.
Sendo testemunha, qualificada por longo e difícil servir os meios rurais no governo de um dos mais pequenos concelhos do meu distrito de Coimbra, que é destacado paradigma de necessidades, da abnegada devoção do Sr. Ministro das Obras Públicas e do escol de competentes técnicos do seu Ministério à nobre causa da dignificação total da vida rural, e conhecendo, até pela minha directa observação, muitos dos triunfos que vão ganhos em tal sentido, sei perfeitamente que só àquele ilustre governante se fica a dever essa expressiva vitória nacional, e por isso, sob o mais elementar mandamento da justiça, lhe quero endereçar a justa homenagem de agradecimento que lhe pertence de pleno direito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - E classifico tal reconhecimento de expressiva vitória nacional porque, Sr. Presidente, através dos preciosos ensinamentos do completo e exaustivo estudo da situação do País perante os abastecimentos de água às populações rurais, elaborado pelo Sr. Director dos Serviços de Salubridade da Direcção-Geral de Urbanização, engenheiro Macedo Santos - um técnico competentíssimo, a quem não me é lícito deixar de felicitar também por tão completo trabalho -, ficou absolutamente demonstrado que, se houvesse deixado finalmente de considerar tais abastecimentos, o II Plano de Fomento enfermaria de lacuna de intransponível profundidade, que lhe roubaria parte importante do seu muito reconhecido valor.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Por isso me causou certa estranheza, devo confessá-lo agora, como já o fiz notar, aliás, na altura própria, que as poderosas realidades do estado de carência que ficaram amplamente denunciadas não tivessem imposto, desde o primeiro momento das conferência» de estudo daquele Plano, a inclusão nele das verbas necessárias para a atenuar, considerando-se o legítimo e fundamental direito a água das gentes do meio rural pelo menos em paridade com outros empreendimentos a que se atribuiu a virtude incontestada e uma decisiva influência na melhoria das condições de vida dos Portugueses.
E que, sem água limpa e abundante, «boa, água, espelho da saúde», e muita água, «sangue da terra», na feliz expressão do aludido estudo, não se pode conceber qualquer efectivo melhoramento da vida rural, nem esperar aumento da produtividade do solo a que se pede e de que se espera o pão de cada dia.
Desprovido desse elemento vitalizador e indispensável, perde o torrão todo o seu natural aliciamento, e, por