82-(110) DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 178
lelo no abate de 1948 a 1955, mas, a partir desse ano, o movimento dos matadouros e dos postos de matança começou a decair, o que põe a descoberto as dificuldades de abastecimento.
É verdade que outros factores, como a estabilização de preços, praticada durante muitos anos, e a circunstância de a maioria do armentio se encontrar na posse dos nativos, têm também contribuído para o enfraquecimento de uma das principais riquezas de Angola, mas n verdade é também que, para além destes factores, continua a permanecer em primeiríssimo lugar a necessidade de se fomentar, em bases eficientes e rentáveis, a exploração pecuária.
E estamos crentes de que para tanto mais não há do que apenas dotar as zonas mais propícias e onde a produção pode ser mais intensiva da indispensável o permanente assistência, assegurando-lhes, por outro lado, a abundância, de pastos e o conveniente abastecimento de água.
Aliás, o Governo-Geral da província, atento a esta conjuntura da actividade pecuária, publicou em fins de 1957 um diploma legislativo que lança as bases de uma organização tendente à exploração em moldes racionais: melhor organização e maior rendimento.
Previu-se, assim, a utilização de grandes áreas para a pastorícia extensiva, além do aproveitamento de terrenos próprios para a exploração intensiva. Por outro lado, estimulou-se o incremento do povoamento europeu, mediante a instalação de núcleos ligados à actividade pecuária, enquanto se criou a Comissão de Fomento Pecuário, entidade à qual incumbe a função de dar parecer sobre todos os assuntos que se relacionam com o desenvolvimento desta actividade e proceder aos estudos e à apreciação e apresentação de propostas que entenda convenientes para o seu progresso, encarado em todos os seus aspectos.
Destas medidas, como se vê, atentando na produção de 1958, se começaram já a colher alguns resultados, ainda que pouco expressivos e indecisos na sua marcha ascensional, como o demonstra, por sua vez, a produção de 1959.
Tal diploma não foi desde logo compreendido, mas, vencida a natural hesitação inicial, alguns criadores se inscreveram e começaram já a gozar as regalias previstas, o que está, como se esperava, despertando interesse e estímulo em outros mais indecisos ou menos crédulos na aplicação das normas legisladas, segundo as quais os criadores, em troca de determinadas e variadas regalias concedidas pelo Estado, se obrigam a obedecer a determinado condicionalismo que foi estabelecido no sentido de se conseguir que cada um dedique às suas criações um mínimo de cuidados, por forma a usufruir o rendimento e progresso que é obtido em países de condições ecológicas semelhantes.
Se bem que no Plano de Fomento Nacional que em 1958 findou os competentes serviços oficiais não tenham tido possibilidade de dar integral aproveitamento a todas as verbas postas à sua disposição, nomeadamente por falta de pessoal, ficaram, em todo o caso, registadas realizações de mérito, das quais se fica esperando vir a colher bons frutos no futuro.
Ficou assim não só quase montado o Posto Experimental do Lungo, situado numa zona de pastagens típica da pastorícia extensiva para o boi de corte - pois, a par de ser a de maior armentio, oferece imensas possibilidades ao desenvolvimento das criações extensivas aos animais de talho -, como também continuaram as obras do Laboratório Central de Patologia Veterinária, com o apetrechamento das respectivas secções, estando já em condições de ali se poder proceder não só à preparação dos principais soros e vacinas para a protecção dos gados da província como a vários trabalhos de investigação científica.
E, de outra parte, melhoraram-se também as condições de outros estabelecimentos zootécnicos.
Por outro lado, e por fim, formou-se no distrito da Huíla a Associação dos Criadores de Gado e, por dotações do referido Plano de Fomento, foi adquirida maquinaria pesada para a abertura de lagoas e de barragens nas linhas de água, tendo sido feitas sondagens em regiões adequadas com o fim de permitir um melhor e mais racional aproveitamento dos recursos naturais;
b) A extensão do fabrico de cerveja a outras regiões da província, onde, em 1 de Maio de 1959, foi, em Nova Lisboa, inaugurada, tendo-se nessa altura iniciado o respectivo fabrico, uma fábrica de cerveja, que, desde essa altura até ao fim do ano, produziu mensalmente uma média de 150 000 l, calculando-se que durante esse período se tenham produzido entre 1 200 000 l e 1 500 000 l.
A instalação da fábrica em Nova Lisboa teve em vista, ao que sabemos, a melhor distribuição do produto no Sul da província e a preços acessíveis.
Além desta nova fábrica, existia já, com se sabe, uma unidade para os mesmos fins instalada desde há longo tempo em Luanda.
Tem interesse registar a evolução do fabrico de cerveja desta fábrica nos últimos anos, pois por ela podemos mais explicitamente ajuizar do desenvolvimento e aperfeiçoamento por que a mesma tem passado.
Para que tal se veja, basta atentar que em 1952 a fábrica referida produziu 1 811 445 l de cerveja e em 1959 os seus 8 683 965 l!
Ora, isto é importante, porquanto a cerveja é um produto que Angola importa, e portanto agravante da sua balança comercial.
Da instalação e desenvolvimento desta indústria na província resultou já o seguinte benefício para Angola: as suas importações desta bebida diminuíram de maneira notável, passando de 4357 contos em 1956 para 565 contos em 1957, 242 em 1958 e, finalmente, uma dezena de contos em 1959.
Além disso, como produto subsidiário e a par do gelo e gás carbónico, iniciou-se em Setembro de 1959 a produção de rações para gado, distribuídas por toda a província. Apesar de a laboração ter começado só nessa altura, fabricaram-se até final do ano 219 t de rações.
O valor das vendas de todos os produtos fabricados cifrou-se em cerca de 61 000 contos, mas, levando em conta o imposto de fabricação e consumo, integrado no preço de venda da cerveja, aquele montante elevou-se a 77 000 contos.
E cabe aqui registarmos que mais uma vez, o Estado estendeu o seu manto protector também a esta indústria, fazendo-a beneficiar, com base no aumento de capacidade de produção para 10 milhões, de uma redução de 50 por cento nos direitos, que recatou sobre as matéria-primas que lhe são essenciais e que não podem ser fornecidas pela província;
c) A ampliação da indústria de cimentos, que, pela montagem de mais de uma unidade industrial, foi reflectir-se benèficamente na construção civil: em 1957 a produção de cimento progrediu regularmente em relação a 1956, mas, mesmo assim, as importações atingiram ainda 21 672 t, enquanto em 1958 o incremento que se evidenciou em relação o 1957, passando de