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324 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 188

o que ó, aias, Legítimo e consolador, lembro-me sempre do tempo em que não tinha quaisquer recursos que me permitissem realizar alguma coisa. Dêmos graças a Deus por tudo aquilo que nos tem sido possível realizar e reparem as que, se com esta lei se impõem efectivar mente encargos às câmaras, eles são limitados de forma tal que não sucede como na questão dos hospitais civis.
Também entendo, Sr. Presidente, que se não devem tutelar as câmaras, municipais e fazê-las perder assim a sua verdadeira expressão.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Vem-se tentando isso por variais formas, mas sobretudo através dos secretários das câmaras, que, só na sua grande maioria são auxiliares preciosos, alguns há que, por vezes, se armam em ditadores prepotentes, substituindo-se as vereações e intrometendo-se na política local, o que devia ser absolutamente proibido.
Também não concordo com a nomeação de presidentes de câmara que não pertençam ao concelho, porque só quem vivi na terra e lá tem os seus interesses pode sentir as necessidades e ocorrer a elas e ter a dedicação necessária (pie tão indispensável é para procurar com afinco todos os melhoramentos e tudo aquilo que os concelhos desejam, sofrendo por vezes, para não dizer-mos sempre, dificuldades e dissabores.
Por consequência, Sr. Presidente, ir buscar fora pessoas para ocuparem esses lugares não é sistema; deve ser apenas a excepção, muito excepção.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Fora disso, não compreendo que se recorra com excessiva frequência a esta excepção.
Não nos esqueçamos ainda, Sr. Presidente, de que os municípios são uma escola admirável para criar valores que depois possam subir aos lugares superiores da administração pública. Os antigos, apesar de alguns defeitos, Unham muitíssimas qualidades, sabiam fazei-os seus valores, caminhar através desses lugares de administração municipal para os da administração pública, de modo que, quando chegavam às cadeiras do Poder, tinham a experiência suficiente para exercer os seus cargos com facilidade e, sobretudo, conhecimento da técnica administrativa.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Suponho, Sr. Presidente, que isto não se deve esquecer.
Eu sei, Sr. Presidente, que hoje os valores vão escasseando e que cada vez mais vão faltando nos concelhos pessoas com qualidades e conhecimentos suficientes para exercerem estes lugares.

O Sr. Júlio Evangelista: - V. Ex.ª dá-me licença?

O Orador: - Faz o obséquio.

O Sr. Júlio Evangelista: - Nos concelhos há essas pessoas, o que são é de fora da terra, enquanto, possivelmente, na terra deles, estão outros de outra terra. O grande mal é aquilo a que uso chamar «nomadismo burocrático».

O Orador: - Talvez V. Ex.ª tenha razão, tem, com certeza.
Lembre-me de ter lido aqui há uns anos um artigo no jornal A Voz em que alguém contava que, tendo voltado bastantes anos depois à sua terra, quase não encontrara ninguém do seu tempo. Os grandes nomes, as grandes casas, tinham desaparecido, mas, apesar disso, insisto no interesse que há em chamar as pessoas da localidade para a administração local, porque para o que houver de mais complicado na burocracia lá está o secretário da câmara.
O que há a tentar é conseguir que as terras sejam administradas pelos seus naturais, pela necessidade que há em fazer com que estes sintam o apoio daqueles que administram.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Parece-me, Sr. Presidente, que estou quase fora da ordem, tratando dos assuntos de que me venho ocupando, mas como estes dois diplomas interessam particularmente aos municípios, penso que estas poucas considerações não deixarão de ter lugar ao discuti-los.
O parecer da Câmara Corporativa aborda, com conhecimento de causa, vários aspectos. De louvar é o que se tem feito ultimamente pela instrução primária. Foi preciso um esforço enorme, um esforço violento, para ver se acertamos o passo e se acabamos com uma taxa de analfabetismo verdadeiramente vergonhosa.
Mas também, por via desta mesma razão, não há dúvida nenhuma que temos vindo a improvisar. E, porque temos vindo a improvisar, vários elementos que se devem conjugar para que a instrução primária renda quanto deve não estão concordes. Umas vezes faltam as escolas, outras os professores e outras ainda sobejam os alunos.

O Sr. Carlos Moreira: - Os alunos sobram sempre.

O Orador: - Tem V. Ex.ª razão. Em todo o caso, sobram agora em muito maior número, o que não deixa de demonstrar o desacerto existente, só por causa de se ter querido acudir, num rasgo de audácia, àquilo que tão mal estava.

O Sr. Carlos Moreira: - Já esteve pior.

O Orador: - Outra preocupação existente é a de terem desertado do professorado primário os homens e terem ficado apenas as senhoras. Há quem mostre, pois, a sua preocupação pelo facto de a educação das crianças estar exclusivamente entregue a senhoras. Mas eu, Sr. Presidente, também a este respeito tenho uma opinião diferente. Pergunto: quem nos ensinou as primeiras letras, quem moldou o nosso coração e o nosso carácter? Não foram as nossas mães? As mulheres têm no seu coração uma tal reserva de ternura, dedicação e espírito de sacrifício, que tenho a certeza de que as crianças não ficam mal entregues nas suas mãos.

O Sr. Rodrigues Prata: - Permita-me V. Ex.ª um esclarecimento. No ano passado verificou-se um maior número de concorrentes masculinos ao magistério primário. O número de professores aumentou cerca de 73 por cento em relação ao ano anterior.

O Orador: - Agradeço o esclarecimento de V. Ex.ª, porquanto estou, como é compreensível, um bocadinho fora do conhecimento dessa matéria.

O Sr. Rodrigues Prata: - Está efectivamente a verificar-se um volte-face, tendo o número de concorrentes tendência para aumentar de ano para ano.

O Orador: - Em todo o caso, e ainda em consequência do desaparecimento dos professores do sexo masculino, faltam mesmo em grandíssimo número as pró-