27 DE JANEIRO DE 1961 365
que serve a região mais necessitada, toda coberta de olivais e dividida em pequenas propriedades pertencentes à referida freguesia de Ficalho, urge que seja terminado o mais breve possível, permitindo àquelas trabalhadoras populações o seu uso total, mesmo em épocas invernosas, o que agora não acontece.
Embora reconhecendo os altos esforços da Junta Autónoma de Estradas e sua direcção distrital, entidades a quem presto o meu preito de homenagem, no sentido mais rápido do acabamento do último troço de tão útil via de comunicação, tomo o, liberdade de, Sr. Presidente, solicitar a S. Ex.ª o Ministro das Obras Públicas que, por intermédio da sua alta influência, sejam conferidos àquelas entidades os meios necessários e suficientes para o mais rápido acabamento do último troço da estrada nacional n.º 385, junto à Vila Verde de Ficalho, no ano corrente, de 1961, de forma a poder ser completamente utilizada no próximo Verão, por ocasião das colheitas a fazer naquela região, das mais produtivas de todo o distrito de Beja.
Tenho dito.
Vozes: - Muito bem, muito bem!
O orador foi muito cumprimentado.
O Sr. Santos Bessa: - Sr. Presidente: quando apreciei o relatório e o projecto da Lei de Meios para 1961, referi-me, entre outros assuntos, à nossa assistência materno-infantil, ao X Congresso Internacional de Pediatria, que terá lugar, no nosso país, em Setembro de 1962, e à necessidade urgente de equiparmos e pormos a funcionar o excelente conjunto de construções que o Prof. Bissaia Barreto fez erguer na Quinta da Rainha, em Coimbra, para sede da delegação do Instituto Maternal na zona centro. Fiz o meu apelo a SS. Ex.ªs os Ministros das Finanças, da Saúde e Assistência e das Obras Públicas e destaquei as razões de ordem política e de natureza técnica que tornavam urgente a concessão das dotações necessárias ao seu equipamento.
O apelo foi ouvido. O orçamento consignou uma verba especial de 5000 contos para tal fim e no Diário do Governo de hoje vem publicada a portaria que nomeia a comissão instaladora das novas construções. Apresento, por isso, a SS. Exas., neste mesmo local, os protestos do meu maior reconhecimento pela oportunidade que nos dão de pôr a funcionar no Centro do País, daqui a poucos meses, um excelente conjunto de obras destinadas a proteger a mãe e a criança e que compreendem a Maternidade Bissaia Barreto, um centro de prematuros, uma creche, um ninho dos pequenitos, o Jardim de Infância Doutor Oliveira Salazar, um lactário, uma escola de enfermeiras e as instalações indispensáveis às consultas externas de grávidas, de puérperas e de crianças. Como obra de conjunto para a assistência materno-infantil, não conhecemos nenhuma mais completa. Estão ali concentrados os vários tipos de instituições assistenciais da especialidade e esperamos que ela corresponda às esperanças que nela depositamos como centro de luta contra a mortalidade infantil, de escola de preparação do pessoal especializado, e que ela seja mais um padrão desta política de ressurgimento que se deve a superior visão do Sr. Presidente do Conselho.
Esta obra, que é a continuação da organização assistencial que o Prof. Bissaia Barreto ergueu no Centro do País para assistir à mãe e à criança, tem sido particularmente acarinhada pela população de Coimbra e seu termo. Por isso mesmo, é em nome dela que dirijo os mais vivos agradecimentos ao Sr. Presidente do Conselho e aos Srs. Ministros que criaram as condições indispensáveis à sua realização.
Tenho dito.
Vozes: - Muito bem, muito bem!
O orador foi muito cumprimentado.
O Sr. Vítor Galo: - Sr. Presidente: a mim, modesto cidadão, modesto industrial, modesta elemento das chamadas forças vivas da; Nação, a mim, dizia, me tem cabido, por imperativo da função (de que me incumbiram meus generosos pares) da presidência da Corporação da Indústria, lançar obrigadamente (quando até aí o fazia como simples observador e interessado noutro escalão) os olhos sobre o panorama da nossa indústria - e lançá-los com a serenidade de espírito que se impõe em conjuntura como a que atravessamos (de que, infelizmente, muitos portugueses não se deram ainda conta); e lançá-los com a possível fria inteligência (pouca, sim, por desfavor do destino; e fria porque o impõe a consciência do algo que, nesta Casa represento) - e os tenho de lançar, pois, com fria inteligência (porque não me posso deixar dominar pelo calor de quaisquer paixões - salvo o da paixão pelo bem-estar da nossa pátria ou da humanidade, que, até mesmo esse, só com pleno domínio de nós próprios pode ser útil ao objectivo); eu, meus senhores, os tenho de fechar depois para as concentrações necessárias, para a meditação conveniente, quanto ao que observaram e caldearam - e, em boa verdade, quem o fizer como eu o faço verificará imediatamente que os tempos vão agrestes para Portugal. Sim, agrestes em toda a plenitude do conceito, em toda a plenitude que o termo encerra. O que se observa nos diz que vão os tempos agrestes, não na mera passividade de uma inércia própria, senão que o são um pouco por isso e muito pelas vistas (que podemos dizer felinas!) que nos são deitadas pelas economias evoluídas, parceiras nassas ou não de pactos internacionais, a par de outras vistas (essas, sim, ostensivamente felinas!) que mós são lançadas por ideologias também evoluída(r) ou por simples (não menos perniciosas) suposições de países com os quais nada queremos ou de outros que, sendo das nossas relações mais ou menos amistosas, levam a vida como entendem e se encontram mal informados quanto à nossa.
Vozes: - Muito bem!
O Orador: - Recordando o que se tem passado lá fora a nosso respeito, se se considerar então que nos infelizes tempos que correm não são tomados na sua enorme e boa validade os timbres morais de missões (de muitas missões como a dos Portugueses) cumpridas ao longo dos séculos a favor da civilização por este rincão mais ocidental do Mundo em que surgiram e em que avultaram as missões dos nossos nautas, sábios e santos; e se se considerar que isso não está a contar para a sobrevivência de nações que não encontrem outras couraças mais do dia a dia de concepções, não importa se com a liderança de um lustro, de um ano, de um mês ou de menos ainda - então, bem poderemos dizer que estamos a travar uma batalha violenta, não em uma frente apenas, mas em muitas frentes.
Sr. Presidente: quando a Royal Air Force venceu a cruciante batalha da Inglaterra, Churchill, o velho leão que personifica as virtudes combativas e perseverantes da nossa aliada, proferiu a célebre frase de legenda, que ecoará pelos séculos fora: «Nunca, no campo dos conflitos humanos, tantos deveram tanto a tão poucos!».