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408 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 196

da Nação, em nota oficiosa, comunicou ao País a sua acção firme e pronta em tão delicadas circunstâncias em termos de só merecer elogios e louvores. Não havia apenas que ter em consideração a sorte dos passageiros e dos tripulantes do Santa Maria. Havia que fazer o possível também, para evitar o afundamento do navio, o que seria motivo de luto nacional e perda irreparável para a economia do País. Mais uma vez o nosso reconhecimento a Salazar e ao seu Governo.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Não podemos também deixar de nos associar ao júbilo da companhia armadora, do seu conselho de administração, dos seus funcionários, que formaram um só bloco em horas tão amargas e tão difíceis.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - São administradores da companhia armadora dois nossos ilustres colegas nesta Câmara: o Dr. José Soares da Fonseca e o Dr. João do Amaral. O País conhece já o que foi a acção infatigável do ilustre presidente do conselho de administração da Companhia Colonial de Navegação, que dia e noite, no seu gabinete de trabalho, junto dos seus colaboradores, sem um cansaço, sem um desfalecimento, sem uma hesitação, adoptou todas as providências necessárias para obter a restituição do navio, conservando uma lucidez de espírito e uma firmeza de ânimo que o impõem ao nosso sincero respeito e ao nosso profundo apreço.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Do outro lado do Atlântico estava o Dr. João do Amaral. Adivinhamos de longe a sua ansiedade, o melindre e a delicadeza da sua missão. E daqui o envolvemos - ele, que é um dos mais altos e belos espíritos desta Assembleia - num pensamento de viva solidariedade e admiração pelas horas que viveu e que são daquelas que não se esquecem nunca.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - A esta hora o comandante Simões Maia faz já rumo a Portugal. Os que conhecem de perto a vida de bordo dos navios portugueses sabem as qualidades de ouro que distinguem essa nobilíssima classe dos oficiais da marinha mercante. Competência, modéstia, seriedade, dedicação integral à sua profissão e ao seu navio. Uma só política: a política do mar. Uma única bandeira: a bateira da sua Pátria. Não se conhecem a bordo divisões nem querelas. Oficiais e tripulantes constituem uma grande família, à qual a própria vida do mar fortalece o cumprimento do dever. E uma tradição de séculos deu-lhes uma ética própria, que é o mais sólido fundamento do seu patriotismo e do seu espírito de disciplina e de sacrifícios. Bem hajam os que assim honram em todas as longitudes dos oceanos a nação a que pertencem e que se esforçam sempre por assegurar aos seus passageiros um ambiente de calma e confiança, prodigalizando-lhes também todos os primores da gentileza e da hospitalidade.
Sr. Presidente e Srs. Deputados: seja bem-vindo ao Tejo e a terras de Santa Maria o navio que no costado tem um nome tão caro aos sentimentos e à fé de todos os portugueses.
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Bagorro Sequeira: - Sr. Presidente: é ainda sob a dolorosa impressão do aprisionamento do paquete Santa Maria, levado a efeito por um bando de assaltantes armados, sem lei e sem pátria, e ainda mal refeitos dos amargurados dias passados em angustiosa expectativa sobre o desfecho de tão criminoso acontecimentos, que durante longos doze dias sujeitou à mais impiedosa crueldade cerca de 1000 pessoas, passageiros e tripulantes do navio, que nos surgiu a notícia, tristíssima notícia, dos acontecimentos ocorridos na cidade de Luanda na madrugada do passado dia 4 do corrente e em que perderam a vida alguns componentes da força pública, que, no cumprimento do seu dever e decididamente, enfrentaram os agressores e firmemente restabeleceram a ordem e a tranquilidade na cidade.
E com a mais veemente repulsa e amargurada indignação que deploramos tais acontecimentos, que vieram perturbar e encher de luto a bela capital de Angola, tão ordeira e acolhedora, tão orgulhosa da ordem e da paz em que tem vivido e tem sabido construir o seu progresso, luto que atinge todo o ultramar português, luto que abrange todo Portugal.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - É com a alma torturada por confrangedora tristeza e viva saudade que recordamos os 27 anos que ali passámos e convivemos na mesma perfeita comunhão de ideal e compreensivo entendimento com toda a sua população para o maior engrandecimento de Angola, essa maravilhosa e bendita parcela de Portugal, a que criámos tanto amor como à nossa terra natal, e que agora a maldição de alguns portugueses renegados, de mãos dadas com mercenários estrangeiros, todos criminosamente irmanados nos mesmos desígnios de maldade e ambição, perturbam e inquietam, arvorando a desordem e a traição, onde sempre prevaleceu a ordem, a paz e a lealdade à Mãe-Pátria.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Por isso, é para nós duplamente doloroso presenciar, ainda que de longe, os tristíssimos acontecimentos passados em Luanda, que devem ter levado a inquietação e a amargura a toda a sua laboriosa população, à qual daqui dirigimos uma afectuosa e fraterna saudação pela dignidade e portuguesismo do seu comportamento moral e cívico, em conjuntura de tão grande abnegação e tanto sacrifício. Sr. Presidente: de ânimo alevantado e consciência firme, preparemo-nos para dar réplica aos nossos inimigos no mesmo terreno em que nos atacarem e prestemos a última homenagem de respeito pelos que já morreram no cumprimento do seu dever.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Façamos ainda votos para que em toda a terra portuguesa haja ordem e paz para sempre.
Entretanto, sejamos firmes, com justiça, na repressão de todos os actos perturbadores da tranquilidade daquela nossa querida terra de Angola.
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Cardoso de Matos: - Sr. Presidente: como é do conhecimento desta Assembleia, desde a madrugada do último sábado produziram-se em Luanda, capital da portuguesíssima Angola, acontecimentos que, embora prontamente dominados, não deixaram de perturbar, episodicamente, a sua tranquila vida e foram causa