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514 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 205

e ad hoc governos, leaders, governantes, partidos, autoridades - e que tudo isso é descolonizar, entregar os territórios aos naturais e conceder-lhes uma autonomia completa.
Napoleão, em Fontainebleau, também quis pôr fim a Portugal, e, todavia, foi ele que acabou tristemente poucos anos após.
Nesta ordem de ideias, julgo azado:

1) Manter vivas e firmes as concepções de convívio e solidariedade portuguesas, no que têm de mais profundo, secular e característico;
2) Preparar a resistência, a novas agressões e insídias;
3) Itinamizar ainda mais as políticas também pelas soluções a curto prazo, provisórias mesmo, mas distintas, e não antagónicas, das grandes
e nobres mas morosas programações de objectivos elevados e contínuos;
4) Apetrechar a documentação fotográfica, estatística, literária e científica que, por forma sintética, incisiva e flagrante, mostre a obra realizada e o desenvolvimento social em marcha. Só o que as {amaras municipais fizeram em Angola atinge dimensões espantosas;

5) Fazer compreender aos dirigentes brasileiros, alguns imbuídos de romanticismo jurídico e não conseguindo raciocinar senão em termos
americanos acerca da Europa e da África, que Angola está em frente do Brasil, é ponto dominante no Sul Atlântico, mercado futuro, apoio, na futura divisão do Mundo em grandes comunidades e espaços;
6) Valorizar as funções políticas aos futuro Deputados angolanos;
7) Levar a Angola equipas capazes de montar e reorganizar os Serviços, balancear potencialidades e tornar mais íntimo o contacto com a casa paterna. Aperfeiçoar e alinhar no possível as políticas indígenas por certas realizações úteis e perduráveis, algumas experimentadas em Moçambique.
Às vítimas, às suas famílias, objecto de crudelíssimos atentados, que nem os desvarios políticos e criminosos desses tempos explicam, apresento, comovidamente, a expressão do maior pesar.
Aos portugueses, resistentes e indomáveis, que não cederam nem contemporizaram e que mostraram não conhecer a cor do temor; às forças da ordem, perdidas na imensidade geográfica e na imensidade dos seus deveres profissionais, que praticaram verdadeiras heroicidade; aos dirigentes centrais e ao Governo-Geral, que nunca perderam a serenidade e compreenderam a altura e excelência do poder lusíada; aos funcionários, autoridades locais, chefes indígenas, que cumpriram tão abnegadamente com as imposições da consciência portuguesa, nenhuma solidariedade e colaboração pode ser regateada e todo o louvor é devido.

(Assumiu a presidência o Sr. Deputado Cota Morais).

Angola ião poderá ser desviada do nosso direito pela razão simples de que não sairá do nosso coração; certezas, ambições, esperanças suas, confundem-se inteiramente com as nossas e foram seladas com honra e sacrifício, e até com sangue, em centenas de anos. Contra isto, contra a lusitanidade dos trópicos, nada podem a malevolência e o crime.

Mas devemos estar atentos, acautelados, espreitando cuidadosamente os horizontes, porque as distracções, atrasos e imprevidência, de ora avante, hão-de pagar-se usurariamente.
Disse.

Vozes: - Muito bem, muito bem! O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Alberto Cruz: - Sr. Presidente: durante o período de interrupção de funcionamento desta Assembleia deram-se factos e produziram-se acontecimentos que não podem nem devem passar sem um comentário neste agremiado político, reflexo da opinião pública da população portuguesa.
O primeiro deu-se nas Nações Unidas, onde tudo é falso, até o seu próprio nome; foi o ataque deliberado de minúsculas nações africanas, pintadas de fresco com falsificadas tintas de pseudodemocracia, arvoradas, por moto próprio, em dirigentes da política africana, mas, no fundo, simples lacaios da Rússia, que as manobra a seu bel-prazer e a quem obedecem docilmente, mascaradas de pessoas civilizadas e independentes.
Essa intromissão de jovens pseudonações na vida de um país com tantos séculos de existência e uma história sem par no mundo civilizado poderia ser motivo de riso e mofa se não causassem náuseas os factos mentirosos que nos atribuem e as infâmias e calúnias com que procuram atingir-nos, apesar da observação directa dos seus representantes no continente e de todos os observadores que passam livremente por todas as províncias ultramarinas, onde são recebidos com a tradicional e requintada hospitalidade portuguesa.
Podem também desmentir essas falsidades os Srs. Embaixadores de vários e poderosos países que percorreram ultimamente os nossos territórios de além-mar e onde tudo lhes foi facultado para sua completa elucidação e dos seus governos.
Mas se assistíssemos sómente a esse batuque de pequenos países africanos talvez isso nos divertisse; mas o que se não compreende, e já não é motivo de distracção, é a entrada em cena, tocando as mesmas marimbas, de velhos países civilizados com quem mantemos relações de amizade e simpatia e alguns até que se dizem parentes próximos, e todos debaixo da regência de um considerado hipercivilizado e a quem facultamos nos nossos territórios bases militares, de que tanto necessita para à sua defesa e, segundo afirma, também para a defesa do mundo livre.
Mas não é só com bases militares que o mundo livre se defende. Essa defesa deve fazer-se em todos os locais de ataque, seja com armas ou seja com palavras e atitudes bem definidas.

Os Portugueses estilo habituados de sempre ao cumprimento estrito da palavra dada, arrostando com todas as consequências, por piores que sejam.

Têm, pois, o direito de exigir que amigos e aliados se pronunciem abertamente nos casos que lhes dizem respeito.

Sim ou não!...

A Quaresma já acabou; acabem também as abstinência.
Pretendem-se situações claras para pautar futuros procedimentos.
O que nos reservará mais o destino depois deste conúbio afro-asiático presidido pela poderosa república norte-americana?!...
O que será desta Europa, último reduto da civilização cristã, que durante séculos manteve o equilíbrio político do Mundo?!...