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6 DE ABRIL DE 1961 515

Mas nem tudo é ingratidão no concerto das nações, e é consolador verificar, no auge dos ataques que nos são dirigidos, a atitude firme e leal de um país vizinho, e esse, sim, irmão querido, a fidalga Espanha ...

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - ... que nos veio trazer, pela boca do seu Ministro das Relações Exteriores, a sua completa solidariedade e a reafirmação da sua amizade e do seu auxílio em quaisquer prováveis emergências.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Honra a esse país, que também só em Portugal encontrou compreensão para os seus problemas no início de uma maré perigosa da sua existência, e que aliado a nós, neste recanto da Europa, formará o último e inexpugnável reduto da civilização, que juntos levamos a todos os recantos do Mundo há já algumas centenas de anos.
Podem caluniar e mentir à vontade nessa associação de nações desunidas que Portugal e Espanha continuarão, como sempre, à sombra da Cruz, mas com a espada ao alcance da mão, a formar um bloco exemplar de fé, lealdade e fidelidade aos princípios eternos do cristianismo.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente: como corolário das palavras de um orquestrante das tais Cações Unidas, mais uma vez em terras angolanas correu sangue português. A escória da sociedade, paga pelo ouro amealhado à custa dos escravos das seitas comunistas, entrou na fronteira norte da nossa portuguesíssima Angola e, de surpresa, pois de outra forma o não faria, assassinou impiedosamente pacíficos cidadãos, cujo único crime era trabalhar em paz e sossego para ganhar honestamente o seu pão e o dos seus e engrandecer a Pátria de que tanto se orgulhavam. A Pátria não os esquecerá e não abandonará os sobreviventes dessa abominável chacina.
Os que lá entrarem de futuro como inimigos e com as mesmas intenções dos de agora devem ficar sepultados em terreno à parte, só a eles reservado e com a legenda bem à vista: «Reservado a traidores a Portugal e à civilização cristã que o orienta». Não haja confusões, nem depois de mortos.
Aguardo com vivo interesse as palavras de alguns senhores, tão pesarosos pela morte de Lumumba, que, com certeza, não esquecerão os inocentes, de mais a mais seus patrícios, tão cruelmente vitimados, palavras que traduzirão o seu indignado protesto às tais Nações Unidas pelas atrocidades cometidas, inspiradas e comandadas fora do solo pátrio por bandidos e feras sem classificação.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente: mais uma vez, daqui desta tribuna, saúdo todos os portugueses dignos deste nome, sem distinção de cor, raça ou credo político ou religioso, que trabalham nas nossas províncias ultramarinas, e também é devida uma palavra de justíssimo louvor a quem nos representa nas Nações Unidas pela sua atitude firme e pelas palavras justas, claras è verdadeiras que proferiu em defesa do que é e sempre será nosso, embora a pirataria universal e todas as forças do mal se congreguem no assalto iniciado e que por certo continuará.

A nossa gratidão à África do Sul, a esse país com quem mantemos relações de boa vizinhança e que cada vez se devem estreitar mais.
Os Portugueses foram sempre homens de fé arreigada, e foi essa virtude que formou o nosso império, que civilizou terras e povos em todos os continentes e continuará a dar ânimo e coragem a todos os seus filhos para defender e conservar o sagrado legado nos nossos maiores.

Sr. Presidente: não nos cansamos de dizer e provar ao Mundo que não temos colónias nem segregações raciais.

A nossa bandeira não drapeja senão em Portugal, seja continental, insular ou ultramarino, e daí a sua defesa até ao sacrifício da vida.
Não insistam, pois, os nossos falsos amigos, ou verdadeiros inimigos, nas suas torpes e falsas afirmações.
E, por isso, que o Mundo leia e retenha tudo o que a honrada e bem patriótica imprensa portuguesa tem relatado, verdades que, bem meditadas, só querem traduzir o que alguém, com a máxima autoridade, proferiu em tempos e não sofrerá a mínima alteração: «Portugal não transacciona nem deixa roubar à boa paz qualquer parcela do seu património territorial, haja o que houver».

Disse.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Sá Linhares: - Sr. Presidente: antes de pedir hoje a palavra a V. Ex. ª para tratar de assuntos locais, confesso que hesitei se o deveria fazer no momento presente, em que a única preocupação que nos deve dominar é repelir, por todas as formas e com todos os meios ao nosso alcance, a insólita atitude tomada contra o nosso país no seio da Assembleia das Nações Unidas.
Tendo, porém, sempre presentes as palavras e os conceitos do Sr. Presidente do Conselho, tinha decidido fazê-lo, dado que, se devemos «empunhar a espada» com uma das mãos para defender a terra legada pelos nossos maiores, devemos também, com a outra, continuar a «manejar a nossa charrua».
Sr. Presidente: algumas das mais poderosas nações do Mundo, arvorando, desde há muito, as suas bandeiras em defesa dos direitos do homem e da democracia, conquistaram a simpatia de todas as restantes, que ambicionam paz e liberdade para os seus povos.
Neste último meio século foi o Mundo teatro de duas grandes e sangrentas guerras, em que aquelas nações, lutando por esses ideais, saíram vitoriosas das contendas.
Na primeira, formámos ao seu lado e mandámos os nossos soldados para a frente de batalha e para o mar infestado de submarinos os nossos marinheiros.
Milhares deles sucumbiram às balas do inimigo confortados com a esperança que dias melhores viriam para a humanidade.
Na segunda, abrimos as portas da nossa Casa, para nela se instalarem e darem combate ao adversário.
Não fomos beligerantes, mas a nossa não beligerância serviu bem melhor a causa dos Aliados.
A história há-de fazer um dia a completa justiça ao homem que, poupando a vida aos nossos soldados e as lágrimas às mães portuguesas, soube dar àquelas nações a colaboração de que elas mais necessitavam.
Sr. Presidente: apesar de termos demonstrado desde há longos anos a nossa lealdade e a nossa amizade para com aquelas nações; apesar de termos franqueado os mais recônditos cantos da nossa terra a todos esses países e terem verificado o ideal que cultivamos e a paz em que vivemos; apesar de o nosso povo, espalhado