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516 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 205

pelas cinco partes do Mundo, viver na maior das fraternidades, sem ódios de raça ou de religião; apesar de nunca termos hesitado em pôr à disposição dos nossos amigos todos os nossos modestos recursos, verificamos com mágoa e surpresa que algumas daquelas nações não só nos abandonaram no momento em que o inimigo comum nos atacou como ainda se colocaram ao seu lado.

Num dos salões das Nações Unidas, em triste cena, onde se exibem representantes de 39 países afro-asiáticos ao som de marimbas de inspiração soviética, vemos fraternalmente unidos, lado a lado, os representantes da Rússia e da América do Norte, acarinhando, como se de ambos fosse filho, o slogan "A África para os Africanos".

Um daqueles representantes a quem é atribuído o papel de rábula, oriundo, talvez, daqueles negros que a América em tempos idos exportou para a Libéria, chama a atenção dos restantes, num grito de alarme, para o perigo que constituirá para a paz do Mundo continuarem os Portugueses a permanecer no continente africano!

Angola é o alvo escolhido. Todos lhe lançam as suas setas envenenadas. Uns por ódio e outros, talvez, por visão errada nos seus planos de defesa da civilização ocidenta1.

Não mu merece reparos a atitude tomada pelos primeiros.

Sabemos bem o que pretendem e, por isso, só devemos continuar, como temos feito até hoje, a combatê-los, recobrando agora as nossas forças e utilizando todos os meios ao nosso alcance.

Quanto aos últimos, tenho as maiores dificuldades em encontrar uma explicação satisfatória para a sua surpreendente atitude.

Não oondo em dúvida que continuam, como nós, a procurai defender a civilização ocidental, só a posso atribuir a unia errada concepção da sua estratégia e a um completo desconhecimento dos meios de que o inimigo se serve para conseguir os seus objectivos.

Se assim não fosse, não encontraria explicação para que naquela grande festa dedicada a Angola não se tivesse ouvido a voz do representante dos Estados Unidos da América em defesa dos infelizes povos que, encerrados há longos anos na cortina de ferro, desconhecem por completo a liberdade e os direitos do homem. Se assim não fosse, não compreenderia também que aquela grande nação fosse amiga ou inimiga da Rússia consoante as coordenadas geográficas onde se encontra. Se assim não fosse, não compreenderia ainda que, depois das atrocidades cometidas em Angola por bandos de assassinos a soldo e instruídos pelo inimigo comum, dirigentes daquela nação continuem a afirmar que o apoio por ela dado à vergonhosa cena levada a efeito num dos salões das Nações Unidas representa o "verdadeiro caminho da política dos Estados Unidos da América em tais assuntos".

Sr. Presidente: se na realidade for exacta aquela explicação, temos apenas que lastimar profundamente e com r maior tristeza o erro cometido e aguardar com serenidade e com coragem uma nova viragem na política do?, nossos amigos. Enquanto essa viragem não se der deveremos todos, unidos com a fé e com os exemplos que nos legaram os nossos maiores, continuar a defender, mesmo que fiquemos sozinhos, os pedaços de terra o ide eles ergueram a Cruz de Cristo, para que todos ai, sem distinção de cor ou de raça, se respeitassem e se amassem através dos séculos.

Se aquela Cruz fosse derrubada, as armas e o dinheiro das nações livres do Mundo para nada serviriam.

Devemos, por isso, lá continuar bem cingidos a ela e à nossa fé., porque se assim procedermos construiremos um baluarte que a história classificará um dia como o maior que o Mundo viu erguer em defesa da civilização ocidental.

Sr. Presidente: quando hoje pedi a palavra a V. Ex.ª fi-lo, como já disse, no intuito de chamar a atenção do Governo para alguns problemas dos Açores, nomeadamente para os do distrito da Horta, que aqui represento.

Não desejando diminuir o alto significado que V. Ex.ª pretende dar a esta sessão, convidando os Deputados a subir a esta tribuna para falarem sobre o grave momento que atravessamos, julgo que devo reservar a segunda parte da minha intervenção para outra oportunidade e. por isso, vou terminar.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem !

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Armando Cândido: - Sr. Presidente: há onze anos, precisamente há onze anos e uns dias, no dia 29 de Março de 1950, anunciei o propósito de me ocupar nesta Assembleia dos nossos excedentes demográficos. Não sei se todos se aperceberam então das razões que viviam na base da minha ansiedade. Eu olhava para diante e via, até onde os meus olhos alcançavam, dois largos caminhos na nossa frente: o caminho da África e o caminho do Brasil.

Entristeciam-me a pulverização da Raça, a dispersão do sangue por destinos mortos para o nosso futuro. Que restará do elemento português na Venezuela ou no Canadá, por exemplo, daqui a um século ou mais?

Só o Portugal de além-mar e essoutro Portugal que ficou no Brasil transformado em grande e extraordinário documento histórico: grande pela imensidade, extraordinário pela afirmação, viva - por isso redondamente inegável.

O trabalho que produzi então nas sessões de 3 e 13 de Março de 1952. no seguimento do compromisso assumido, poderá não ter sido tomado por alguns na sua verdadeira dimensão e terá, porventura, despertado noutros a ideia de que se tratava, afinal, de um simples arroubo romântico dedilhado por homem que, por ter nascido no meio do mar, se habituara a olhar as questões pelo lado poético das espumas.

O certo é que o Tempo mie habilita a retomar aqui a palavra com a devida autoridade e a devida firmeza. Pouco acrescentarei ao que disse sobre a necessidade de nos fundirmos mais e mais com a nossa África, com aquela, África que não é começo nem fim de Portugal, mas Portugal lua sua carne e na sua alma. O Governo devota-se tanto ao caso da nossa unidade, como nação multirracial o pluricontinental, que não há nada que lhe dizer, mas tudo que lhe dar - tudo. pelo apoio quês lhe devemos em obediência ao imperativo da nossa, feliz e irrevogável condição de (portugueses.

(Reassumiu a presidência o Sr. Deputado Albino dos Reis).

Assim, e a propósito, seja-me permitidas algumas notas à margem dos acontecimentos que têm ferido ultimamente o nosso país.

Bradar a surdos ou mostrar a cegos, uns e outros voluntários, é esforço vão em que se consomem emergias necessárias para as lutas decisivas.

Quem poderá convencer a Rússia comunista de que pratico, o mãos bárbaro colonialismo de todos os tempos?