O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

6 DE ABRIL DE 1961 513

Vemos criarem-se, com ajuda dos grandes e de outros, focos de conflito, ameaças dê toda a sorte, desencadear de invasões e terrorismos.
Vemos Angola objecto de uma larga e não disfarçada conspiração exterior, Angola invadida e ensanguentada!
Vemos a intolerância suplantar a tolerância e nem o padre-nosso nos livrar dos maus vizinhos à porta.
Vemos louvar, explorar, especular, acalentar os actos agressivos, proclamar atitudes e relações inamistosas, fazer tudo quanto é possível por derrubar os intuitos fundamentais das Cartas.

Proclama-se nelas que não se procuram engrandecimentos territoriais, e a que assistimos?
Assistimos ao domínio económico, procurando franquear todas as portas e conquistar o monopólio dos mercados.
Assistimos à pressão política e internacional para obter matérias-primas por preço favorável e evitar que a mão-de-obra possa concorrer com as exigências técnicas e operárias de outros países.
Proclamava-se que não se realizem modificações territoriais.
E assistimos a toda a propaganda, literatura interesseira, pressões desencadeadas para que haja em Angola modificações territoriais.
As Cartas afirmam o direito de escolher os regimes de poder público.
E será isto que vamos encontrar?
Vamos encontrar a imposição descarolada de ideologias e sistemas expansivos, o recurso a meios de facto, o agravamento das grandes desigualdades e, sobretudo, a afronta e os ataques à soberania interna.

Assim alguns grandes, os apóstolos de coexistência pacífica, os propugnadores da «autoridade nova», mostram-se deploràvelmente impotentes em realizar a ordem internacional e, como representativos a mais mas juristas a menos, apenas parlamentarizaram os espectáculos, fazendo a república internacional dos aprendizes.

A primeira pergunta que um político que folheia as Cartas do Atlântico, das Nações Unidas e outros textos de direito internacional formula, é esta:
Em Nova Iorque está-se, na realidade, a organizar mundialmente a paz?
Não está.

Lançar pretos contra brancos, mestiços e outros pretos não é organizar a paz.
Estimular, espicaçar, acalorar a insurreição, conspirar contra a segurança interna dos Estados, incentivar as revoltas dos povos de cor, criar antagonismos onde eles não existem, não é organizar a paz, mas promover a guerra.
Intervir nos assuntos que afirmam a competência normal dos Estados é contrário às Cartas, aos seus fins, ao seu espírito, e é espalhar um fermento de conflitos e guerras.
Os Estados Unidos estão agora a regressar à política do «irmão proletário», de que tão funestas provas colheram em 1946.
A política de princípios acredita-se pouco entre os pragmáticos, justificando sempre suas acções, e entre ultra-realistas, para os quais apenas conta a exploração de recursos e a altura dos lucros.

A política de alguns membros da O. N.º U. não é de princípios, mas anda ao sabor de adaptações, compromissos inconfessáveis, incríveis e paradoxais transigência, considerando a execução apenas como alimentada pelas realidades imediatas, sem qualquer ligação a imperativos substanciais.

O Ocidente, levado assim, dá ideia de um homem vacilante, distraído, irresoluto, trocando as pernas, que ignora para onde se dirige.

Aparecem afirmações contestando a invencibilidade dos Brancos e a grandiosidade das suas realizações tropicais.
Que se neguem estes predicados, vá, mas que se pretenda promover as fraquezas e confessar submissão, eis o que parece apenas estar a organizar com brevidade a derrota.
A doutrina continental monopolista significa a América para os Comanches, para os Sioux, para os Astecas, para os Inças ...
Mas em África significa mais: significa a expulsão dos Brancos e dos seus aliados e amigos; significa a «cafrealização», que é um fenómeno conhecido e caracterizado.
Significa ainda o regresso à Idade do Ferro.
Querer sobre isto assentar o domínio da banca e da finança, garantir juros e desenvolvimento e melhorar as técnicas é apenas uma grande ilusão destes tempos.
Não façam jogos de palavras nem estabeleçam mais confusão de conceitos.
Quando em Bandung, em Acra e no Cairo se fala em descolonizarão pretende-se o banimento dos Europeus, a revisão e reprovação total da acção secular europeia. Pretende-se herdar sem partilha as plantações, casas, escritórios, armazéns, oficinas, fábricas, portos, estradas, obra dos capitais, inteligência e trabalho europeu, tudo que é património público e privado, sem indemnização nem compensação, para o devolver a alguns meneurs e algumas massas em rebeldia.
Integração significa também descolonizar porque assegura independência nacional, desenvolvimento e vida que se pode chamar própria.
Integração significa descolonizar e todavia não querem que assim seja.
Vejamos.
Integração significa elevação do nível moral e civilizador até ao nível europeu. Significa assistência financeira, técnica, desenvolvimento económico e social - toda uma obra imensa de associação e de intimidade nas ideias e nos factos.
Significa unidade moral e política.
Isto é o inverso, o oposto à descolonização.
Esta o que vem a ser, não segundo as fórmulas extensivas de Bandung, de Acra e do Cairo e até de Moscovo, mas nos seus resultados?
Interrupção na marcha ascensional, secessão, miséria maior, as fúrias desatadas da anarquia, da luta tribal e da feitiçaria.
Descolonização significa vassalagem ao partido comunista, irreligião e servidão económica.
Ninguém poderá explicar porque federação de Estados duvidosos ou de artifício e associação de pretensas nações se respeita e recomenda mais do que a unidade ascensional das terras e homens portugueses e porque o nosso formulário secular de Estados e províncias é alvo de incompreensões e de críticas.
A confusão e a crítica resultam, porém, daquilo que alguns escritores chamam a solidariedade dos pré-marxistas, do «impacto da cor» e da exportação de revoluções, como atalhos para o cataclismo social.
Em Angola quis-se dizer que não havia liberdade e que se impunha a libertação.
Pois a imprensa estrangeira referiu-se à existência de uma comissão de libertadores e de nada menos de cinco partidos empenhados na desvinculação. Nada menos de cinco!

Portanto, é absurdo, ridículo, é uma grande maquinação de crueldade e rapina, improvisar fora de portas