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538 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 207

voracidade económica doutras nações, que, como os lobos famintos da fábula, se travestiram de inocentes avòzinhas!
Portugal é uma nação una, indivisível e indestrutível, que se fundou e floresceu segundo as exigentes leis de natural genética das nações. Através de tantos séculos de história ao serviço do Mundo, conquistámos palmo a palmo a nossa própria extensão.
Antes de recebermos a título gratuito adquirimos a título bem oneroso tudo quanto boje nos pertence; isso nos veio pelo preço do sangue e da dedicação dos nossos heróis, dos nossos mártires e dos nossos santos.

Apoiados.

Não estamos na Europa, na Ásia, e na África pelos perturbai ores acasos de qualquer lotaria; o que desses continentes ocupamos já tem a nosso favor uma posse sem vícios de mais de cinco séculos!
Não podem por isso os Portugueses discutir tal património com ambiciosos antagonistas, que nos aparecem apenas com a alta precariedade do seu nefando apetite!

Vozes : - Muito bem!

O Orador: - Assim, em todo o distrito de Coimbra, como em todos os rincões benditos da Pátria, não sentimos amargos infortúnios de qualquer pequenez na hora presente, mas sim o orgulhoso valor da nossa unidade, cada vez mais robustecida e interessada no seguro rumo dos fulgores do futuro !
Isto o afirmaram perante Salazar, em palavras da mais alta vibração, os ilustres oradores que lhe deram conta dos nossos sentimentos de imperecível fidelidade à sua iluminada abnegação e total devotamento.
Ali se vincou inquebrantável certeza na perenidade da Pátria engrandecida e a afirmação de que a serviremos sem tibiezas até ao natural limite das nossas forças o até à s sobrenaturalidade da nossa devoção por ela.
Salazar póde assim arrecadar, para além do agradecimento que não esperava, a certeza de que as fileiras dos bons portugueses se vão cerrando junto a si, cada vez mais firmes e decididos a não renegarem as glórias e as grandezas de oito séculos de história.
O sangue dos mártires da hediondíssima campanha que flagela o Portugal ultramarino mais revigora as expressivas cores da nossa bandeira.
Quinas e castelos avultam agora mais fortemente no seu nobilíssimo simbolismo.
Portugal continuará, pelo voto dos Portugueses, a ser a nação cristianíssima, una e íntegra de que o Mundo carece.
Que o não duvidem nem os inimigos nem os que, no seu frenetico iscariotismo, supõem que poderão embolsar os mal-aventurados dinheiros da sua torpíssima traição.
Sr. Presidente e Srs. Deputados: vai finalmente entrar na base de realizações, segundo o voto de Salazar e a extremada devoção do Sr. Ministro das Obras Públicas, a política de salvação dos campos do Mondego.
A zona ubérrima que o rio traz tão fortemente injuriada com as areias e com as águas ressurgirá igual a si, como nos seus melhores dias, para bem da economia nacional e regional.
O Sr. Deputado Santos Bessa, incansável paladino desta grandiosíssima obra, ainda na última sessão desta Câmara expôs perante VV. Ex.ªs, com o fulgor que sempre põe nos seus valiosos depoimentos, o que ela representa de utilidade económica, social e política. Chegou finalmente a vez aos campos do Mondego de
receberem também o sopro vivificador dos primados de justiça do Governo de Salazar.
Que mal se compreendia que se persistisse numa política de aproveitamentos de zonas de discutível interesse agrário, com regadios caríssimos e tão mal aceites, quando se deixava fenecer pela esterilização das areias e das águas entregues ao desordenamento das intempéries toda uma região de transcendentes possibilidades, naturalmente rica e apta às culturas, que podem ser fontes de apreciável valorização económica.
Por isso tanto aqui se tem insistido pelas providências que se impunham e tanto por elas pugnou, também com denodada galhardia, a imprensa, em campanhas do mais alto cabimento.
Não se tenham, porém, como completamente resolvidos com o melhoramento dos caudais do Mondego e regularização das suas margens todos os grandes e gravíssimos problemas da nossa lavoura.
Por todo o distrito de Coimbra se vai acentuando com galopante premência a falta de braços para a faina dos campos.
Ás temerosas incertezas da agricultura e a sua intranquila rentabilidade não permitem, no seu estado actual, tornar aliciante a vida campesina.
Os lavradores das zonas minifundiárias debatem-se neste momento com as dificuldades insuperáveis dos preços aviltados dos produtos agrícolas; não podem, assim, garantir salários em paridade com a indústria.
Obedecendo à natural e justíssima obrigação de se defenderem, os homens válidos dos meios rurais desertam e, assim, se vai rarefazendo a mão-de-obra.
É da mais flagrante urgência encontrar e pôr em prático todo o conjunto de medidas com que se possam debelar tão grandes inconvenientes.
A valorização dos produtos agrícolas deve estar na linha das maiores preocupações dos departamentos do Estado, aos quais incumbe fomentá-la.
Deve ser acelerada quanto possível a mecanização racional da lavoura, com a criação e disseminação de parques de material de comprovada eficiência em todos os concelhos.
Por outro lado, não podem ser desprezadas as possibilidades do fomento pecuário.
Vão rareando os gados, por não serem com pensa dores os preços tabelados para as carnes, sempre apresentadas ao consumo apenas como subprodutos, tornando imprescindível uma volumosa, mas inconveniente, importação de carne congelada.
Ora este sistema, aliás dura e justamente de há muito criticado, tem manifesta influência na arrepiante gama de dificuldades da nossa lavoura.
Por outro lado, não se está a fazer uma racional difusão da energia eléctrica nos planos da pequena distribuição nos meios rurais.
Vive-se muito do mito da intransponibilidade do círculo vicioso da falta de rendimento e, à sua sombra, na sombra se deixam muitas e muito importantes iniciativas, sem olhar ao progresso dos povos.
Há, assim, muito que planear, sanear e corrigir em tão importante sector da vida nacional.
Mas no distrito de Coimbra não fenece a esperança de que os grandes problemas da lavoura portuguesa tenham as soluções que devem ter.
Foi neste estado de confiante expectativa que os representantes do distrito de Coimbra vieram trazer a Salazar e ao Governo a certeza da sua indefectível dedicação, agora mais robustecida e mais operante porque nos bastiões, da fortaleza europeia que nós somos não há lugar para cómodos adormecimentos, impondo-se que todos estejamos alerta.
Disse.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.