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1500 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 58

No rastreio radiológico atingimos a casa dos 100 000 por ano em 1954 e subimos em 1955 e 1956 rapidamente, para ultrapassarmos 1 milhão em cada ano a partir de 1957.
Temos já hoje perto de 7 milhões de radiofotos.
É o rastreio radiológico que permite a selecção dos indivíduos que devem ser sujeitos a tratamento dispensarial ou internamento e, portanto, à quimioterapia.
2.º Quimioterapia:
Este elemento é da mais alta importância, porque se dirige directamente contra o agente causal da tuberculose. Não é sòmente uma medida terapêutica - é também, em larga escala, pela negativação da baciloscopia, um poderoso agente profiláctico.
Já atrás dissemos como estamos a fazer a distribuição gratuita dos medicamentos de primeira linha e como condicionamos a distribuição dos bacteriostáticos de segunda linha.
As investigações e as experiências de campo realizadas nos últimos quinze anos permitiram conhecer as1 melhores e mais seguras técnicas da quimioterapia, as associações mais convenientes, a duração da sua adiministração, etc., no sentido de apuramento da sua inocuidade e da sua eficácia. Segui-las-emos, como as temos seguido até aqui.
Nos países evoluídos e econòmicamente bem dotados faz-se a aplicação de dois desses bacteriostáticos de primeira linha durante todo o tratamento, com internamento dos doentes.
Nos outros faz-se o tratamento ambulatório em duas fases:

a) Durante três a quatro meses, isoniazida com associação de outros bacteriostáticos;
b) Na fase ulterior, só isoniazida, de forma contínua e prolongada.

Claro está que há adaptações, dependentes do tipo de doença, da constituição do enfermo, do tratamento hospitalar ou domiciliário, da sua situação de doente, antigo ou recente, da resistência criada, etc.
3.º Vacinação pelo B. C. G.:
Pelo que respeita à vacinação, temos aumentado de ano para ano o número de anérgicos que vacinamos. No fim de 1961 havíamos já ultrapassado 1 milhão de vacinados.
Pelos estudos devidamente controlados que têm sido realizados nestes últimos anos, conjuntamente com a experiência adquirida de longa data, reafirmou-se em Toronto que está rigorosamente demonstrado o valor protector da vacina B. C. G. no homem.
Vale a pena dizer que entre nós também ela se tem mostrado eficaz. Baríssimos são os casos de tuberculose nos vacinados. A meningite tuberculosa e a granulia quase desapareceram. No Sanatório Infantil do Caramulo, dos 711 internados, de idades entre 3 meses e 15 anos, nem um só tinha sido vacinado pelo B. C. G.!
Para países de endemia tuberculosa idêntica à nossa não se pode dispensar a sua aplicação e deve procurar-se que a sua difusão seja máxima e que a sua aplicação técnica seja o mais perfeita possível.
Claro está que ela tem de ser precedida da selecção dos anérgicos, porque só estes são vacináveis. A sua acção protectora, em países deste tipo, não se exerce, a partir dos 14 anos, senão em diminuta percentagem. Na zona centro do País, e não é das de maior incidência a partir dessa idade, só poderemos contar com 26 por cento na zona rural e 8 por cento na zona urbana e suburbana. E abaixo destas idades que temos maior percentagem de população a proteger pela vacina e tanto maior quanto mais baixa for a sua idade. Por isso mesmo temos orientado o nosso esforço de vacinação nas idades escolar e pré-escolar e, nos últimos anos, nos da primeira infância e, sobretudo, nos recém-nascidos e lactentes. Aqui, antes da exposição à infecção tuberculosa, é que encontramos altas percentagens de indivíduos a proteger pela vacina e aqui é que devemos, por isso, concentrar o nosso esforço da premunição pelo B. C. G.
É o que temos estado a fazer, utilizando para tal as nossas brigadas, os centros de profilaxia e diagnóstico, os dispensários, as consultas-dispensários e mesmo médicos que não pertencem ao Instituto de Assistência Nacional aos Tuberculosos, mas que ali foram fazer o seu curso de adestramento técnico. O Instituto de Assistência Nacional aos Tuberculosos mobilizou tudo o que pôde para o intensificar. O número de vacinações feitas nos últimos anos tem variado entre 148 000 e 183 000, sem necessidade de recurso à obrigatoriedade. A grande maioria do corpo médico nacional compreende e anima esta prática e o público aceita-a com perfeita compreensão.
Como se vê, a protecção vacinai não atinge senão os que ainda não foram infectados. A medida que a idade sobe maior é a percentagem daqueles que já não podem ser vacinados.
Esses alérgicos, doentes ou já curados, constituem reservatório de bacilos de Koch - mas porque já são bacilíferos; outros porque podem vir a sê-lo.
Por isso mesmo a vacinação tem de ser conjugada, como nós o fazemos, com o radiorrastreio, as observações complementares e a quimioterapia.
Eu disse que entre nós a vacinação antituberculosa devia concentrar-se nas mais tenras idades e isso pode chocar aqueles que sabem que na Suécia e em outros países passou a vacinar-se em idades mais avançadas. O caso tem explicação: nesses países mais favorecidos, onde a endemia tuberculosa não é tão intensa, onde o maior número de crianças faz a sua primo-infecção mais tarde, está indicado aplicar o B. C. G. mais tarde -na idade escolar ou na puberdade -, para que a premunição que ela confere se apresente com a máxima intensidade e frequência nessas idades onde as probabilidades de infecção são maiores e a receptividade para a tuberculose é mais frequente. Baríssimos são os países que a possam dispensar e raros são os que actualmente a podem limitar só a alguns grupos particularmente expostos.
Entre nós, onde aos 5 anos nos aparecem já mais de 30 por cento de infectados pela tuberculose nalgumas cidades, a atitude tem de ser outra: vacinar precoce e intensamente, para podermos proteger da infecção o maior número possível.
4.º Quimioprofilaxia:
Aqui está um capítulo da técnica sobre a qual se escreve muito mas sem ideias devidamente assentes. Há quem defenda, mais por ideias técnicas do que por fundamentos de ordem prática, uma quimioprofilaxia secundária generalizada, isto é, aplicada a todos os indivíduos infectados (alérgicos), embora sem manifestação de doença.
Não tem justificação técnica nem moral, nem há possibilidades económicas para que qualquer país a empregue. Além disso, uma vez que cessasse a ingestão da isoniazida, deixava de exercer-se a acção profiláctica.
Outros defendem a quimioprofilaxia de contactos durante três a quatro meses daqueles que tenham coabitado recentemente com um bacilífero, para evitar o contágio quase certo. A experiência está em curso nalgumas regiões de países subdesenvolvidos onde a endemia é intensa. Aí, a descoberta de um bacilífero impõe quimioterapia ao doente e quimioprofilaxia com isoniazida aos que com ele estabeleceram contacto na altura do diagnóstico ou nas semanas que o precederam. Os anérgicos são vacinados