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1 DE FEVEREIRO DE 1963 1965

O Orador: - Quando ainda se não foi capaz de integrar a energia eléctrica ao serviço igualmente do Minho ou do Algarve perguntamos se não será lícita uma pontinha de descrença na transferência de indústrias para o ultramar, por exemplo, com todos os seus operários e suas famílias.
Como já dissemos, quanto a nós este problema deve e tem de ser encarado com vigor, e daqui damos todo o nosso aplauso ao Governo se realmente mantiver uma linha de conduta rígida para a consecução desse esplendoroso e magnífico empreendimento.
Já não podemos compreender neste momento que para o Algarve ainda não tivesse soado a hora da contemplação com novas indústrias, mas muito menos entendemos que persistam, por antinacionais e antipolíticas, as condições que, como fácil argumento e de facto, as tornem económicamente inviáveis.
Porque então manter estas discrepâncias que bradam aos céus e clamam pela justiça dos homens?!
A medicina, e muito bem, pelo seu alto interesse na vida dos povos, toda a gente a pretende igualmente ao serviço na Nação, e consequentemente têm de tomar-se, e com certeza vão ser tomadas, com urgência medidas de carácter geral e até, já agora, algumas também para os médicos, pagando-se-lhes os cuidados prestados aos doentes pobres nos hospitais, onde, em regra, trabalham gratuitamente ou quase.
A energia eléctrica, essa, porém, como naturalmente é ainda considerada coisa de somenos na vida de hoje, não há pressa em tomarem-se medidas especiais que a coloquem de uma maneira acessível ao alcance de todos! ...
Incoerências que esperançosamente aguardamos sejam em breve ajustadas.

Vozes: -Muito bem!

O Orador: - É preciso termos sempre presente que a energia é tão necessária como o ar que respiramos!
Permitimo-nos, com a devida vénia e o maior respeito, perguntar ao .Sr. Ministro da Economia porque se não uniformiza o preço da energia eléctrica quando nos parece fácil fazê-lo ...

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - ... e qual a gesta do fenómeno que permite neste País energia a $28 no Porto, $80 em Bragança, $25 na Guarda, $70 em Beja, $27 em Coimbra e $80 em Faro?

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Em suma: um bailado de tarifas que talvez folclòricamente tivesse aceitação, como mais uma característica de cada região, se não prejudicasse o desenvolvimento económico de muitas zonas do País, além de criar um natural ressentimento naqueles que, comportando-se como filhos nos sacrifícios, são afinal tratados como enteados na distribuição dos benefícios!

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Sem energia barata não pode haver industrialização, não há turismo, não há progresso, nem pode haver nível de vida capaz 1 Com o preço actual da energia nem a indústria do turismo, para a qual a natureza dotou o Algarve com condições excepcionais, pode ser explorada em larga escala. Não podemos perder um momento se não quisermos ficar anacrònicamente numa Europa a caminho de uma integração económica que fatalmente há-de arrastar, tanto quanto possível, ao nivelamento por cima do estilo de vida das classes menos abastadas, tornando-as realmente um poderoso factor de estabilidade e bem-estar e o melhor esteio da segurança social. Sabemos que é difícil, e quantas vezes perigoso, lutar contra interesses criados, mas sabemos também que não é mais fácil persistir contra a razão!
Eis porque esperamos confiadamente que o Governo, pela pessoa ilustre e esclarecida do seu Ministro da Economia, resolva de vez tão magno como eminente problema.
Seja-nos permitido antes de terminar destacar duas empresas referidas, as Companhias Reunidas Gás e Electricidade e a União Eléctrica Portuguesa, pelo alto espírito de compreensão e de justiça social manifestados ao inscreverem nos seus relatórios, sem subterfúgios, verbas para serem distribuídas por todo o pessoal. Gestos destes devem ser postos em relevo não só para os louvarmos, mas muito em especial para que sirvam de exemplo a seguir! Gestos destes dão golpes profundos na hidra comunista, são a melhor forma de lutar contra as deletérias doutrinas marxistas e a mais evidente vontade de , servir um dos lemas da Situação e do ideário Cristão - a melhor distribuição da riqueza!

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - É com educação, ilustração, trabalho, habitação, luz e água em todos os lares, assistência e previdência nos seus múltiplos aspectos e extensiva a todo o mundo do trabalho, sem as excepções que infelizmente, com desgosto o dizemos, ainda mantemos, que se combatem as doutrinas materialistas e ateias.
É com aumento do nível de vida, seguro no presente e no futuro, que pode alicerçar-se em bases sólidas o anti-marxismo e do mesmo passo ganhar-se o equilíbrio e o bem-estar social!
Não basta que nos arvoremos em paladinos do anti-comunismo, é preciso mostrar que o somos, e só na medida em que formos capazes de realizar estas tarefas teremos com justiça ganho aquele título.
Sabemos que tem sido esse o objectivo do Governo, não lhe negamos as intenções nem lhe regateamos louvores pela obra já realizada, apelamos apenas e fervorosamente para que o faça integralmente e depressa.
Que se equacionem os anseios e se procurem as soluções com largueza e objectividade para todos e não para alguns, dentro do ritmo da nossa época, que, quer queiramos, quer não, está sob o signo da velocidade!
Se tivermos de pedir à Nação mais um esforço, esta, estamos certos, não o negará desde que verifique os resultados e o proveito desses sacrifícios.
Tenhamos porém a coragem de afirmar, porque constitui uma força e temos a certeza que é uma virtude fazê-lo, que alguma coisa não está bem e que necessariamente temos de corrigir quando, quase no final da quarta década da Revolução Nacional e no caso vertente, há ainda tantas e tantas freguesias, tantas e tantas aldeias, tantos e tantos lugares, sem luz e que foi possível chegar-se até hoje com duas sedes de concelho no Algarve sem luz-Aljezur e Alcoutim!
Disse.

Vozes: -Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.