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7 DE FEVEREIRO DE 1963 2019

se imporia o aproveitamento imediato da grande riqueza que nos oferecem os palmares espontâneos da Elacis guinensis.
Quem sobrevoa, por exemplo, as ilhas dos Bijagós, ou mesmo atravessa as circunscrições do litoral norte, não pode deixar de se impressionar com esta dádiva tão pródiga da natureza.
Importa organizar um aproveitamento sistemático, considerando, igualmente, o conveniente descasque do coconote e a boa preparação do óleo de palma na província.
5) Castanha de caju. - A instalação de uma unidade industrial - ainda que, inicialmente, do tipo de exploração-piloto - facilitaria o aproveitamento desta riqueza potencial. Realizado o aproveitamento industrial, poderia caminhar-se no sentido da intensificação da plantação do cajueiro.
6) Outras frutas. - A banana, o ananás, os citrinos e outras variedades têm na Guiné condições de sucesso. Uma política de comercialização e aproveitamento industrial das frutas poderia ser o complemento de plantações convenientemente organizadas.
A Guiné figuraria como abastecedora de mercados externos.
7) Borracha. - Deveria melhorar-se o aproveitamento da borracha das landolfias, atendendo aos processos de coagulação do látex, lavagem e laminação do produto. Conviria, por outro lado, insistir no estudo das possibilidades da introdução da Hevea brasiliensis.
8) Madeiras. - A longo prazo, justifica-se a execução do projectado Plano de fomento florestal. Impõe-se, contudo, atender imediatamente ao potencial produtivo do arvoredo, fazendo ainda o aproveitamento integral das espécies derrubadas. As modestas serrações do mato são, para tanto, inconvenientes, e o espírito aventureiro de uns tantos está prejudicando gravemente o património florestal.
9) Pescarias. - Mais do que uma intensificação na actividade das pescas para corresponder às exigências do comércio interno, recomenda-se a instalação na Guiné de empresas que façam um aproveitamento das riquezas dos pesqueiros do Atlântico, em ordem a exportação.
Creio não ser difícil interessar grupos capitalistas estrangeiros em empreendimentos deste teor.
10) Pecuária. - Importa persistir no combate às epizootias, realizar cruzamentos para a melhoria das espécies, tudo isto tendo em vista um aproveitamento efectivo da grande riqueza pecuária da província. Este aproveitamento deverá ainda fazer-se considerando os mercados externos.
O aproveitamento dos couros insere-se igualmente nesta política de valorização.
O êxito neste sector da pecuária impõe vasta tarefa de educação dos nativos.
11) Mel e cera. - Recomenda-se uma melhoria nos processos de colheita e preparação. Deverá atender-se, por outro lado, à introdução de colmeias móveis.
12) Indústrias extractivas. - A realidade imediata é o alumínio. O desenvolvimento da Guiné e nomeadamente a criação de pólos no Sul, na zona de extracção no Boé na região percorrida pela linha de transportes e no futuro porto de Buda, dependem daquilo que se fizer para acelerar a extracção e aproveitamento da bauxite.
Quanto ao petróleo apenas se pode dizer que não foi ainda encontrado. Será contudo temeridade afirmar desde já que não existe. Convirá assim interessar grupos estrangeiros em novos trabalhos de pesquisas.
13) Indústrias transformadoras. - Uma boa perspectiva será a da industrialização da cana-do-açúcar. Indústria de tamanha importância, pelo montante dos investimentos, pelas exigências da matéria-prima e pelas dificuldades de mercado, requer contudo estudos aturados. Justifica-se que esses estudos se realizem imediatamente. Quanto aos outros produtos agrícolas que a província produz ou pode produzir com vantagem recomenda-se que sejam dentro do possível aí transformados.
Há ainda um conjunto de bens - como atrás deixei entrever - que poderão ser produzidos na província, ainda que só para consumo interno e dos territórios vizinhos.
A industrialização talvez recomendasse o recurso a sociedades de economia mista, onde o Estado, pela posição financeira, pela técnica e pela administração, assegurasse a viabilidade e o êxito dos empreendimentos.
14) Electricidade. - A energia consumida pela Guiné é de origem térmica. Bissau constitui o centro consumidor de maior importância, podendo afirmar-se que já hoje se encontra insuficientemente abastecido. Verificada a viabilidade do aproveitamento do Corubal, poderia o mesmo ser encarado, não só para fazer face às necessidades actuais, como por razão do desenvolvimento previsto para o Sul da Guiné, em consequência da extracção da bauxite.
Sr. Presidente: ao lado destes aspectos onde a reprodutividade se afigura mais imediata existem certas infra-estruturas que convirá não descurar. Enquadram-se aqui o importantíssimo sector das despesas sociais e a rede rodoviária.
No capítulo das despesas sociais justifica-se uma conveniente dotação dos serviços em quadros de pessoal e meios técnicos e o prosseguimento nos pequenos melhoramentos para o bem-estar dos agrupamentos nativos, na política de saúde e assistência e, sobretudo, na instrução pública.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Quanto à rede rodoviária, penso que haveria todo o interesse em valorizar o percurso Bissau-Mansoa-Mansabá-Bafatá-Gabu. Esta estrada parece-me a grande linha de penetração para o interior. Por ela circula já hoje o maior trânsito da Guiné.
Um segundo percurso que haveria a cuidar é o de Bissau a S. Domingos e Praia de Varela. Recomendariam esta atenção não só razões económicas, mas ainda motivos de segurança e, sobretudo, turísticos.
A Guiné, como de resto acentuei no início, é uma terra favorecida pelo mar. Aproveitar o dote natural dos rios e dos canais será ainda um acto de economia e de inteligência.
Sr. Presidente: as minhas últimas palavras constituem um apelo às gentes e aos capitais da metrópole.
A Guiné é uma terra portuguesa à espera do seu esforço e da sua generosidade.
Na medida em que souberem corresponder prodigamente a este apelo tornarão mais indestrutíveis os laços que ligam as suas fiéis populações à comunidade lusíada.
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Armando Cândido: - Sr. Presidente: quantas vezes esta Câmara se tem ocupado da O. N. U. e apontado os seus erros e contra-sensos?
Quantas?
Ainda há poucos dias o ilustre Deputado Pinto Carneiro, com a sua nobre e rara eloquência ...

Vozes: - Muito bem!