O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

20 DE ABRIL DE 1963 2367

nus conduzem a pensar, comfundada confiança, no que poderão vir a ser os nossos homens de amanhã.

Com sua atitude, e pois que, segundo escreveu Elisabeth Leseur, toda a alma que se eleva eleva o mundo, é incontestável que eles já hoje elevam, a terra lusa e serão capazes de a tornar maior no futuro.

Vozes: -Muito bem, muito bem!

O Orador: - E eis porque à justificada expectativa do acto que a juventude vai realizar não pode a Nação ser indiferente, nem, por conseguinte, esta Assembleia.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Concluindo, Sr. Presidente, apenas acrescento que se os novos de Portugal vão encontrar-se a fim de proclamarem que escolhem Deus, estão no seu pleno direito e fazem muito bem: o seu cometimento ficará constituindo seguro penhor das glórias nacionais.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem! O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Amaral Neto: - Sr. Presidente: pedi a palavra para contar a V. Ex.ª, à Assembleia e ao País uma história simples, verdadeira e recente, que reputo de interesse e digna de conhecimento, por ser, a meus olhos, altamente ilustrativa de condições sobre as quais não têm cessado de chover críticas, quer de diversos sectores de opinião informados e interessados, quer dos próprios departamentos oficiais e até dos seus mais altos chefes, sobre cujas inconveniências e riscos as dúvidas não existem, mas contra as quais nunca mais se viram entrar em vigor, de qualquer maneira, as medidas repetidamente solicitadas e já, ao menos por certos sectores, estudadas até formas finais de articulação.

Quero referir-me à desordem e perfeito desprezo dos demais interesses envolvidos, sobretudo do interesse geral do País, com que trabalham alguns elementos do nosso comércio exportador.

E a ilustração que venho apresentar, por a considerar bem flagrante, é a seguinte, reduzida para comodidade de VV. Ex.ªs às suas linhas mais gerais.

Há-de haver dois ou três meses, realizou-se no Egipto um concurso internacional para aquisição de madeira serrada destinada a caixotaria. O comprador seriam uns serviços oficiais dessa dinâmica nação; como vendedores apresentaram-se numerosos concorrentes, incluindo os organismos exportadores dos Estados russo e jugoslavo, que, graças às suas grandes florestas e apetites de influência, têm ultimamente, segundo ouço, aparecido a pesar fortemente nos mercados internacionais com ofertas a preços comparativamente baixos.

Pois, não obstante estes temíveis concorrentes, para os quais não há considerações imperativas de rendabilidade e lucro, foi de Portugal que apareceu no concurso a proposta mais baixa em preço, facto já de si, e nessas circunstâncias, de ponderar, sendo ela, no globo, da ordem de 17 000 contos.

Lidas as propostas, passou-se à licitação entre os proponentes, mas logo se afastaram dela tanto russos como jugoslavos, manifestando, não obstante representarem indústrias de Estado e tendências baixistas, não ser de seu interesse negociar ao nível de preços já tão arrastado que os portugueses ofereciam.

Sem embargo, a licitação teve lugar, salvo erro já só entre os nossos compatriotas, e foi tão viva que o vencedor acabou por ganhar descendo o seu preço até ao nível dos 12 000 contos, a partir dos 17 000 em que começaram os lanços!

O Sr. Reis Faria: - V. Ex.ª dá-me licença?

O Orador: - Faz favor.

O Sr. Reis Faria: -Já agora queria acrescentar à brilhante exposição que V. Ex.ª está a fazer, cheia de interesse a que já nos habituou, um pequeno esclarecimento.

Já depois desse facto citado por V. Ex.ª e que ficou conhecido como o escândalo português do Egipto deu-se o mesmo no Iraque, com a agravante de ser ainda de valor mais elevado que o concurso do Egipto, e de os preços para o Iraque serem os mesmos do Irão. Portanto, os exportadores portugueses ficaram amarrados aos preços do Iraque, e por consequência do Irão, já não falando no Chipre, no Líbano, etc. E qual é o interesse que o Governo dedica ao caso da concorrência entre os exportadores portugueses?

No caso do Iraque eles foram até à última possibilidade, mas, mesmo assim, o Governo do Iraque, na defesa, talvez, de interesses particulares, não deu aos exportadores portugueses a totalidade do fornecimento, pois deu uma parte à U. E. S. S., apesar de o seu preço ser mais elevado do que o dos exportadores portugueses.

Isto representa uma autêntica infantilidade comercial da parte dos exportadores portugueses e não vemos que o Governo tome uma posição pelo menos igual à que foi tomada por outros países.

Tudo isto se passa em prejuízo da economia portuguesa, primeiro dos industriais portugueses, e reflecte-se depois na já tão castigada lavoura e até nos operários da indústria de serração, os mais mal pagos de toda a indústria portuguesa, onde os salários são ainda mais baixos do que os da agricultura, de que tanto nos queixamos.

O Orador: - Agradeço muito a V. Ex.ª a sua achega, e, embora tivesse pensado em apresentar este incidente, cuja apreciação, aliás, ainda não esgotei, como mera iniciação para partir para considerações mais gerais, uma vez que V. Ex.ª fez debruçar a atenção da Assembleia sobre o problema da exportação de madeiras, eu quereria lembrar a todos que essa exportação ocupa o quinto lugar em volume na. escala das nossas exportações.

E. se VV. Ex.ªa se quiserem dar ao incómodo de reler o parecer sobre as Contas Gerais do Estado relativas a 1961, encontrarão a p. 347, salvo erro, um quadro das principais exportações portuguesas, pelo qual verificarão que a exportação de madeiras foi, em 1961, de 551 000 contos, e que a classe de produtos que vem logo a seguir é a dos resinosos, com -295 000 contos.

Devo ainda acrescentar que importou em trezentos e cinquenta e tal milhares de contos só a exportação de madeira serrada para caixotaria, e por aqui vêem VV. Ex.ªs a importância que tem para a nossa economia a valorização destes produtos.

O Sr. Reis Faria:- Esses números são só os relativos às exportações que são controladas pelo Grémio dos Exportadores de Madeiras, mas a exportação total de madeiras foi de setecentos e tal milhares de contos, neles incluídas as madeiras para pasta de papel, aduelas, etc.

O Orador: - Os números que citei são os que constam do Anuário Estatístico.