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2466 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 98

como é justa tradição chamar-lhe. Aquela designação, provinda de remotos tempos, deriva, por semelhança com «barro», da constituição argilosa de uma grande parte dos respectivos solos, sendo curioso notar, a propósito, que precisamente desta estrutura geológica derivou, pelo aditamento da expressão «do Bairro», o nome de muitas das suas povoações, como, além da aludida Oliveira do Bairro, as de Vilarinho do Bairro, Óis do Bairro, Paredes do Bairro, S. Lourenço do Bairro, Ventosa do Bairro, etc., e mesmo Barro.
Porém, toda a região é fértil e, na sua policultura, além de frondosos pinhais, que ficam principalmente a leste, sobressaem os extensos campos de milho e os vinhedos, constituindo estes a principal cultura de grande parte da Bairrada; cultura que. ultrapassada a crise originada no arranque imposto pelo marquês de Pombal, continuou sempre a desenvolver-se, apegar de o seu granjeio ser quase permanente e muito dispendioso e de resultados econòmicamente incertos, por motivo das contingências do clima, da variante dos mercados e das oscilações da mão-de-obra. Isto não obstante a estrutura dos solos imprimir aos seus afamados vinhos características especiais e apreciáveis, que os recomendam nas lotagens e na larga exportação para o mercado ultramarino e outros, bem como no consumo interno.
Ora, listas culturas predominantes, passada que seja a estação invernosa, enriquecem o panorama paisagístico da Bairrada, imprimem-lhe feição própria em beleza e cor, num clima suave, na fartura da água e, mesmo em pleno Verão, nas emanações da abundante e privilegiada vegetação das searas e dos pâmpanos das suas vinhas, onde as cepas só torcem e retorcem, como que a quererem compensar o homem do seu esforço de cada dia.
E não são apenas estes inegáveis predicados: é também a privilegiada, situação, quase a meio do País, que faz da Bairrada um centro de permanência ou de irradiação turística no sentido de todos os quadrantes. É que, se há muito a ver e apreciar dentro dos contornos daquela extensa região, existem para além deles, e apenas a algumas dezenas de quilómetros, numerosos pontos de excursão, que, em clima, originalidade, beleza, tradições e outros aspectos, se tornam centros de grande atracção turística.
Para O norte, Aveiro, cuja extensa ria, espalhada em longos braços, com as suas pirâmides de sal a perder de vista, a tornou a nossa, cidade mais típica e mais alegre.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Perto fica a pitoresca Pateira de Fermentelos, que aguarda ainda a sua pousada. Ao sul, Coimbra, centro de tradição, de arte e de cultura, emergindo da moldura dos choupos e salgueirais, que mergulham as suas raízes nas águas límpidas do rio lendário; e a Figueira da Foz, a mais formosa e extensa das nossas extensas praias.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Para o poente, pequenas praias características, destacando-se as da Costa Nova e de Mira, esta tão preferida para o campismo, atraído pela sua extensa lagoa, e pelos pormenores do primoroso arranjo turístico da mata florestal. A leste, o Caramulo e, mais além, Viseu, cujo museu, onde refulge a paleta de Grão Vasco, constitui, já por si. suficiente sugestão.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - E que dizer do Buçaco, a majestosa catedral de verdura?!
Aos Carmelitas Descalços se deve esta obra-prima da Natureza e, no género, sem par em todo o Mundo.
Eles a implantaram dentro da cerca de sua clausura, empregando espécies raríssimas, donde se destacam os famosos cedros mais do que trisseculares. E tanto carinho lhe consagravam que conseguiram, por bulas pontifícias de 1622 e 1643. fazer punir como sacrílego o corte de árvores e arbustos nesse retiro sagrado ... e a entrada de mulheres, por imposição da clausura.
Mas, a que propósito vem o que acabo de dizer com aparente feição bairrista, ou «bairradina», se quiserem, por a minha linda terra ser a capital e o mirante de tão vasta, importante e formosa região?
Bastar-me-ia, pelo que respeita ao turismo, referir a circunstância irrecusável de tratar-se de um problema não restrito apenas a uma parte do País e interessando à sua economia própria, mas sim relacionado com o nosso turismo em geral, com manifesta projecção sobre toda a economia da Nação.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Este breve apontamento foi-me sugerido pelo «Abril em Portugal», formosíssima canção que percorreu o Mundo e, em hora de boa inspiração, o Secretariado Nacional da Informação arvorou em sugestivo cartaz de propaganda e de atracção turística, e aliou ao «Dia do Turismo».

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Iniciativa importante e arrojada pela originalidade de alguns dos empreendimentos, levados ao fim sem desânimo nem receio dos insucessos, das decepções e contrariedades que pudessem resultar das «águas mil» deste Abril, que mais uma vez não perdeu a reputação de incerto e traiçoeiro, implacável demolidor das esperanças que nos animam quando a Natureza começa a abrir os seus braços fecundos para os que cultivam a terra e colhem os seus frutos.
A iniciativa resistiu, porém, a todas as intempéries, mesmo em dias quase diluvianos ou intercalados de fugazes réstias de sol, embora em alguns ele tivesse brilhado com todo o esplendor, como agora sucede, até ver ...
Calculam-se bem os transtornos e as contrariedades suportadas pelos promotores; mas eles souberam vencê-las com dedicação e competência e, assim, a sua iniciativa resultou brilhante e eficaz e tornou credores de louvor e estímulo o Dr. César Moreira Baptista e o engenheiro Álvaro Roquete e os seus colaboradores.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - E é de repetir e alargar a interessante iniciativa até onde, agora, não pôde chegar, ou seja aos centros turísticos do Norte, talvez abandonando o decantado Abril e fazendo-o um pouco mais tarde, para assim aproveitar a maior floração e a mais segura constância de tempo.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Por muitos títulos, a Bairrada é uma das regiões preferíveis, pois sulcam-na boas estradas, existem bons hotéis nas estâncias da Cúria e do Luso, sem falar no de luxo do Buçaco, instalado em edifício majes-