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27 DE ABRIL DE 1963 2467

toso, de espectacular estilo manuelino, com pormenores de arte apreciáveis, mas contrastando, no seu conjunto, com o misticismo do lugar.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Também nas referidas cidades de rápido acesso como Aveiro, Coimbra e Figueira da Foz, não faltam hotéis de boa categoria.
E como nos programas figurou a prova, aqui e além, do iguarias e de vinhos regionais, poucas terras como Anadia poderão obsequiar os visitantes que o Secretariado ali conduza, com a amostra das suas especialidades culinárias e o paladar dos seus vinhos comuns da melhor cepa, sem preparo nem mistura, e dos capitosos espumantes naturais, saboreados nas suas famosas caves.
Sr. Presidente: a Bairrada é um privilegiado centro de turismo, por si própria e como fulcro de irradiação
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. André Navarro: - Sr. Presidente: na sequência de intervenções feitas nesta Assembleia política, sobre a ofensiva comunista lançada contra o que se convencionou chamar o mundo ocidental, há que fazer, decorridos já alguns meses sobre a última análise feita nesta Câmara, em relação a matéria tão complexa, algo de novo, indicando novos rumos já denunciados e que julgo ser da máxima conveniência apontar ao País, esclarecendo assim a Nação sobre as actuais directrizes da guerra fria em que os dois grandes colossos nucleares andam envolvidos com o objectivo de conseguir a hegemonia do Mundo sob o seu exclusivo domínio.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Digamos, porém, desde já. que. nenhum dos factos passados no decurso deste período vem exigir rectificações profundas em relação ao que então foi dito. Apenas prenúncios do desenvolvimento de novos rumos, contudo, na sequência de já conhecidas rotas.
Na situação de equilíbrio de forças militares que o tratado de Tordesilhas do século XX - assim o designei, julgo que com propriedade, na minha última intervenção parlamentar vai, a custo, mantendo entre os dois grandes poderes nucleares, surgem, todavia, com frequência, imprevisíveis fluxos e refluxos seguidos de acções destinadas a colmatar brechas, digo melhor, soluções de continuidade que, a cada momento, se definem em consequência do jogo complexo das forças internacionais.
Assim foi o caso de Cuba, com a retirada simbólica de foguetões e entrada maciça de técnicos militares, como o é, no presente, a disputa entre príncipes comunistas e neutralistas na parasidíaca planície dos Jarros. Kruschtchev e Kennedy temem, porém, premir o botão das armas nucleares, e. assim, felizmente, para a humanidade, limitamo-nos a assistir a movimentos mais ou menos simbólicos de poderosas esquadras e à vozearia já conhecida da imprensa internacional.
Mas fora deste jogo dos mais fortes parceiros, dois novos pólos de irradiação política se denunciam já com nítida diferenciação. E o seu aparecimento, vindo alterar, suponho, a posição de equilíbrio dos dois contendores nucleares, levará, decerto, os actuais mentores da guerra fria a procurar constituir uma nova situação de equilíbrio entre as poderosas forças em presença.
Nos confins do Oriente acordou, de facto, definitivamente, de longo sono letárgico, o colosso demográfico chinês. A Rússia Soviética, embora parceira próxima, quanto à ideologia política, começa, porém, a antever futuros perigos dessa vizinhança incómoda, e assim vai-se precavendo contra o predomínio numérico do amarelo e do malaio, não perdendo as ocasiões para manter a distância o seu vizinho comunista, delapidando, quando e como pode, a sua economia, e o seu nascente potencial bélico, à custa de terceiros, é claro.

O Sr. Rocha Cardoso: - Bem observado!

O Orador: - E não nos devemos também admirar de que, para atingir os mesmos fins. coincidam, em certas regiões do globo, interesses do capitalismo americano e do comunismo russo, antagónicos, é certo, no processo político e social, mas largamente coincidentes quanto a finalidades de domínio. Assim serão perfeitamente compreensíveis as compras de Migtt russos com dólares americanos, feitas pelo famigerado Nehru para se defender dos chineses, e as facilidades concedidas então, por todas as formas, pelos russos para que se exercesse em toda a plenitude a acção orientadora dos estados-maiores ocidentais, deslocados à pressa para o Indostão. Por esta forma se conseguiu, à custa de matéria-prima indiana assaz inferior, constituir força capaz de obrigar o chinês a esquecer justas reivindicações noutras fronteiras. E a Formosa américo-chinesa ficou também, assim, melhor defendida.
Agora outras facetas de idêntica fase do mesmo problema, embora noutras paragens, já no hemisfério ocidental.
Nasser, o facista do mundo árabe, é protegido à sua nascença pelos antifascitas russos e americanos, cujos desejos de diminuir a vitalidade do novo, embora muito antigo centro de irradiação europeu, eram pelo visto coincidentes. Assim foi estabelecida e prolongada, de comum acordo, essa barreira que circunda a Europa pelo sul até ao Leste marroquino. Mas, neste jogo cheio de perigos, os interesses petrolíferos americanos e dos seus satélites anglo-saxónicos foram, porém, cuidadosamente defendidos, no Médio Oriente convulsionado, com o tácito acordo russo.
E o que se verificou, finalmente, e isto é um facto incontroverso, é que a Europa, por via da inconsciência política de alguns dos seus mentores, cedendo a pressões russas e americanas, permitiu que o continente africano, natural prolongamento político e económico do velho mundo europeu, ficasse dele desligado e assim diminuído o potencial de desenvolvimento económico euro-africano. Não é, porém, difícil encontrar o fundamento comunista desta política, que se iniciou na Indochina Francesa e terminou ingloriamente no Norte de África, com o apoio americano e do socialismo e radicalismo europeus.
Os seus mentores, conscientes ou inconscientes, não representaram, na realidade, todavia, os verdadeiros interesses da Europa e da civilização que dela irradia há perto de dois milénios.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Mas adiante, e agora uma pequena pausa na análise do panorama internacional, com uma referência indispensável ao enquadramento do caso português no problema europeu. Gomo se tem verificado, a defesa da legítima posição de Portugal ultramarino não tem sido olhada com simpatia, nem por russos, nem por americanos do