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2468 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 98

Norte. Uns e outros temem, pelo visto, uma Europa forte. Quanto aos americanos do Sul. como veremos dentro em pouco, obedecem ]á, em larga escala, à tenaz soviética comandada por Fidel de Castro. Perderam assim, em grande parte, liberdade de movimentos.
A defesa gloriosa mantida eficazmente pelo povo e pelas forças armadas da Nação Lusa é hoje, assim, fora de toda a dúvida, a única verdadeiramente eficiente na defesa da Europa e da sua civilização milenária, atacada por ventos do leste e do oeste e também minada, interiormente, pela traição dos partidos socialistas nórdicos e latinos e ainda por elementos progressistas infiltrados em sectores dos partidos das democracias cristãs. De resto, não foi difícil encontrá-los, todos eles - falo destes vários cambiantes -, combatendo na guerra civil espanhola, digo melhor: na tentativa de invasão comunista do solo da pátria irmã, com o auxílio declarado da Rússia Soviética e o consentimento tácito do Novo Mundo americano.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Não nos devamos, assim, admirar, da mesma forma, que ligas mais ou menos jurisprudentes, ou mais ou menos maçónicas, considerem hoje atentado contra os intangíveis direitos da pessoa humana o fuzilamento de um tenebroso assassino e terrorista espanhol, II que se considere como simples acto de «limpeza» necessário o fuzilamento de milhares de jovens cubanos, para já não falar daqueles horríveis morticínios que atingiram tão profundamente a alma lusa ou dos fuzilamentos em massa de patriotas húngaros.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Como também não devem constituir factos incompreensíveis essas marchas da paz contra os armamentos nucleares, em alguns países europeus, especialmente na Grã-Bretanha, empunhando cartazes com dizeres relativos à defesa atómica do país, revelando segredos de Estado, para intimidar assim a política de defesa da nossa civilização, quando essas marchas nunca poderiam ter lugar nos países onde hoje imperam as democracias populares.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Não será então assim difícil de compreender a razão por que estamos aparentemente isolados, na berlinda deste palco internacional, sujeitos a contínuas ameaças e ainda a infiltrações internas, tendentes a destruir a unidade nacional - unidade que há-de ser o grande factor da nossa vitória, que traidores, lá fora e cá dentro, pretendem destruir.
É isto tanto nas mais altas assembleias como nas reuniões clandestinas de mais baixo nível; nos liceus como nas escolas médias da indústria e do comércio, oficiais e particulares, pretendendo alguns criminosos docentes e discentes agir dissolvendo e desunindo a juventude de todas as classes da sociedade portuguesa, reunidas nessas escolas, já que os movimentos de rebeldia universitária comandados pelos seus pares do ensino superior, denunciada, a sua origem tinham perdido, em grande parte, a virulência.
Basta ler certos órgãos da imprensa adversa para verificar como foi fundo, no sentido espiritual da sua patriótica acção, esse admirável antídoto - o encontro da verdadeira juventude de Portugal. Desconheceram até que estiveram em Lisboa 50 000 jovens de todos os recantos do País, numa admirável manifestação de fé no sentido divino da nossa imperecível pátria.
E essa juventude e a que tem dado generosa e gloriosamente o seu sangue nas terras portuguesas do ultramar que será, estamos disso certos, a admirável geração do porvir.
São da mesma índole algumas reuniões de intelectuais de aquém e de além-mar, como o seriam, se fossem consentidos, projectados colóquios de alto nível no mundo da economia.
Mantenhamos pois, a todo o custo, a unidade da Nação, escorraçando os traidores onde quer que eles se encontrem, e a vitória será nossa, e será também, então, a da civilização de que fomos e de que somos principal expoente.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Podemos desenhar já hoje, no mapa que cobre o nosso planeta, quatro grandes espaços de acção política e económica em fase de crescimento activo.
A Rússia Soviética e, seus satélites, com os seus cerca de 300 milhões de habitantes, largamente agrária na sua índole económica.
O bloco chino-malaio, muito mais populoso, aproximando-se do bilião, realizando pela «estalinização» brutal da sua economia o crescimento das actividades industriais básicas para una largo esforço bélico.
A Europa milenária, com população de nível semelhante à do bloco russo, mas dotada, pela técnica, de uma aperfeiçoada estrutura industrial, diminuída, porém, é certo, na orla mediterrânea.
Finalmente, o Novo Mundo norte-americano, embora de população inferior à de todos os outros blocos mundiais, mas industrialmente o mais evoluído e, assim, também, no presente momento, o mais forte. Digo o mais forte nesta luta que se trava no segredo das diplomacias e nas zonas mundiais onde a guerra fria toma aspectos mais claros de luta, embora mascarada por movimentos com novas nomenclaturas - nacionalismos, racismos, anticolonialismos e neocolonialismos, terrorismos, etc.
O principal teatro da luta da guerra fria é hoje de facto a África. Sê-lo-á, porém, em breve, alargado à América do Sul.
O estado-maior russo, actuando na sombra de Fidel de Castro, lançou já os seus tentáculos para a conquista de posições básicas na América Latina, sendo o alvo principal outra parcela do mundo lusíada - o Brasil. As numerosas missões comerciais ali instaladas não se destinam, decerto, a comprar café e a habituar o brasileiro a beber vodka. É preciso minar, sim, a sociedade brasileira, dissolver os seus costumes e a sua economia, destruir a solidez das suas forças armadas, estimular o antiamericanismo latente, e assim preparar a subida ao Poder de um subversivo do Leste brasileiro capaz de repetir, no Brasil, os morticínios de Cuba.
Tomada essa posição básica na conquista da América do Sul - refiro-me ao Brasil -, a Argentina, dividida em peronistas e antiperonistas, será também presa fácil para o moscovita.
Não nos devemos, pois, admirar de que certas vozes falando português se tenham levantado nos últimos anos contra Portugal nessa inconcebível assembleia que dança ao som do jaza e do batuque, mas, não nos enganemos, sempre dirigida pela batuta de hábeis chefes de orquestra russos. Vozes que, atacando os legítimos interesses da