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4 DE DEZEMBRO DE 1963 2517

um meio seguro, rápido e relativamente económico, se ajuizarmos dos benefícios que proporcionaria ao garantir a assistência aos sinistrados em locais como este, de tão difícil acesso, sobretudo com condições de tempo desfavoráveis.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Apresento aqui a sugestão, ou antes, formulo o melhor dos .votos, para que se encare de frente esta necessidade, que considero imperiosa, dada a finalidade a que se destina e que se traduz na salvação de vidas humanas, tão preciosas elas são, e, neste caso especial, por delas dependerem famílias que vivem em difíceis- circunstâncias, mercê da instabilidade da sua condição.
E devo acrescentar que não é a primeira vez que sucedeu perderem-se tantas vidas de um só golpe à saída da barra em ocasião de mar revolto e indomável. Não há ainda muitos anos que também a tripulação de outra traineira se perdeu ingloriamente na teimosia da luta com a fúria das ondas no mesmo local e sem possibilidades de ser socorrida.
Oxalá sejam estes os últimos mortos que lamentamos em tais transes de aflição, ou pelo menos que não fique a dúvida na consciência dos homens por não terem feito tudo por aqueles que tanto se arriscam na missão que escolheram para angariar o pão de todos os dias.
Sr. Presidente: quero ainda ter uma palavra, esta de simpatia e de louvor, para com os dirigentes do Grémio e da Mútua dos Armadores da Pesca da Sardinha, e em especial para com S. Ex.ª o Presidente da Junta Central das Casas dos Pescadores e delegado do Governo junto destes organismos, Sr. Almirante Henrique Tenreiro, ilustre membro desta Câmara, que, uma vez conhecedores da catástrofe e da sua amplitude, procuraram por todos os meios ao alcance, e sem perda de tempo, minorar a situação das famílias enlutadas, proporcionando-lhes rápido amparo material e, ainda mais, o amparo moral, que nestes transes de aflição é tanto mais de agradecer quanto é sabido que a boa gente do mar, humilde sim, mas de bom coração, necessita, mais do que qualquer outra, de lenitivo para o seu sofrimento e infortúnio.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Também SS. Ex.ªs o Governador Civil u o Capitão do Porto de Aveiro, além de outras entidades oficiais, manifestando o seu interêsse na solução imediata dos problemas humanos que afectaram as famílias dos inditosos pescadores, são dignos do maior apreço e consideração por parte da população, que viveu intensamente, e ainda vive, as circunstâncias dramáticas de uma das maiores catástrofes marítimas do historial da barra de Aveiro.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Elísio Pimenta: - Sr. Presidente: nunca é tarde para se exaltar os grandes acontecimentos nacionais.
Nem será de mais repetir louvores, sempre que a ocasião se ofereça, àqueles que por obras duradouras puderam deixar ligados os seus nomes a padrões definidores de uma época na vida das nações ou das cidades.
A Câmara Municipal do Porto, para comemorar a inauguração da ponte da Arrábida, publicou recentemente um álbum de 50 belas gravuras de vistas antigas da cidade, precedidas de estudo do Prof. Damião Peres sobre a luta secular dos homens com o rio, que, no seu dizer, «pode considerar-se desafio lançado pela Natureza ao Homem; e os esforços para a sua transposição resposta do Homem a esse desafio».
E desde os tempos remotos em que o rio era transposto por barcos, uma primeira ponte de barcas, sobre a qual teriam passado em 1372, com a sua comitiva, o rei D. Fernando e Leonor Teles, a caminho de Leça do Bailio, e aquela outra ponte fatídica que, rompendo-se sob a multidão que fugia desvairada dos franceses de Soult, causou a morte a tantos portuenses, à ponte pênsil e às de D. Luís I e de D. Maria Pia, chegamos à ponte da Arrábida, que não é apenas um meio de transpor o Douro perfeitamente adaptado às necessidades económicas e urbanísticas da nossa época, mas motivo de orgulho pura os homens que, vivendo apaixonadamente o progresso e valorização estética da sua cidade e da sua região, não deixam de ligar essa bula obra, àqueles que u conceberam e àqueles que criaram ao País as condições para o seu levantamento.
Coisa curiosa, talvez por influência dessa luta do Homem com a Natureza, para a transposição do rio, a que se refere Damião Peres, nenhum monumento está mais no coração e no orgulho dos portuenses do que as suas pontes.
Podem ignorar o nome de Nazzoni, construtor da Torre dos Clérigos, esse monumento que continua .a ser o ex-líbris da cidade, mas a ninguém é desconhecido o nome de Eiffel, ligado à Ponte de D. Maria Pia.

stou certo de que, assim, pelos tempos fora, perdurarão na memória dos homens os nomes daqueles a quem se deve a ponte da Arrábida, não apenas do engenheiro que a traçou e construiu, mas do Ministro que a concebeu e à custa de uma vontade decidida e de sacrifícios, que algumas vezes me foi dado aperceber, soube manter a confiança necessária para que a grande obra chegasse ao fim, ao seu glorioso termo, perante a surpresa dos descrentes e dos cépticos.
Posto isto, Sr. Presidente, e com a certeza de que a vontade, quando impulsionada pela visão política dos empreendimentos, que muitas vezes falta aos técnicos, mas deve existir necessariamente como virtude nos estadistas, existe em alto grau no caso presente, quero dizer que o Porto nunca teve motivos para duvidar do interesse do Sr. Ministro das Obras Públicas pelos seus problemas, antes pelo contrário, e tanto assim é que muito justamente e com aplauso geral o adoptou como filho, mesmo quando se torna preciso vencer obstáculos não propriamente do seu Ministério ou dos seus serviços.
Por isso mesmo é que me quero referir, já que vem a propósito, a um problema cuja demorada solução não se harmoniza, antes destoa, da que tem sido dada a outros problemas fundamentais da cidade.
Surpreende, na verdade, como se conseguiu terminar rapidamente a construção do edifício dos Paços do Concelho, se entrou francamente no caminho acidentado da solução do problema vergonhoso das «ilhas», se ergueu o Palácio da Justiça e, desafiando a própria técnica generalizada, se lançou sobre o Douro a nova ponte.
Surpreende, por motivos inteiramente opostos, que continue em andamento lento, embora um tanto acelerado a partir de 1961, a construção do Palácio dos Correios, no alto da Avenida dos Aliados, ao lado do Município.
Não sei se o Porto necessita de um Palácio dos Correios. Estou certo que sim. o aumento extraordinário do tráfego e a dispersão dos serviços locais dos CTT recomenda-o, certamente, mas, quanto mais não houvesse, encontraríamos justificação suficiente para o empreendi-