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2856 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 114

A breve entrada em funcionamento de um centro de formação profissional acelerada, afirmada pelo Governo, corresponde à compreensão com que a indústria têxtil encarou a necessidade da sua organização e a actualização das suas unidades fabris.
As exigências dos mercados interno e internacional obrigavam a considerar a criação de um centro no Norte. Mas não se esqueça que ao lado do sentido económico dessa necessidade havia que considerar, e foi considera-lo, o alcance social que a iniciativa reveste, pela recuperação, que será então possível fazer-se, daqueles que caíram no desemprego tecnológico, provocado pela reorganização das indústrias prevalentes no Norte do País, a contar hoje com uma mão-de-obra não especializada ou deficientemente preparada, sobretudo entre as camadas que pela sua idade não foram abrangidas pelo desenvolvimento do ensino técnico.
Tudo quanto acabo de dizer consubstancia, em realizações e benefícios para as populações e em método, aquela linha política, de sã e inteligente política, que julgo absolutamente necessário continue a seguir-se e a intensificar-se, e tanto mais certa quanto maiores forem as dificuldades que ao País se deparem.
Política de cooperação e de entendimento entre os diversos sectores da vida nacional, do mesmo ou diferentes graus, de que o Ministério das Corporações e a Câmara Municipal do Porto estão a dar provas eficientes.
Política, de presença dos governantes junto dos governados, que através do contacto humano solidifique cada vez mais e melhor os laços de compreensão e de unidade entre o Governo e a Nação.
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Presidente: - Vai passar-se à

Ordem do dia

O Sr. Presidente: - Continua o debate acerca do aviso prévio sobre a política ultramarina do Governo. Tem a palavra a Sr.ª Deputada D. Custódia Lopes.

A Sr.ª D. Custódia Lopes: - Sr. Presidente: começarei a minha breve intervenção de - apoio à política ultramarina do Governo citando as judiciosas palavras do próprio Chefe do Governo:

Que a ideia de nação «pelo Mundo em pedaços repartida» pareça uma novidade difícil de compreender a povos que a confinam ou à raça ou à geografia, consoante os interesses de momento, e não à história, que é quem verdadeiramente faz as pátrias, nem por isso deixamos de estar em face de uma realidade política e esta mais viva, mais autêntica que as decisões de algumas assembleias internacionais.
Sr. Presidente: acabo de vir de uma assembleia internacional da O. N. U. onde se discute Portugal, porque se discute Moçambique, Angola, Guiné e Cabo Verde, partes integrantes do todo que é a Nação Portuguesa.
A ideia de que constituímos uma só nação, um único povo formado por várias raças e disperso por vários continentes, continua lá a ser dificilmente compreendida por uns e malèvolamente interpretada por outros. E nessa mesma assembleia onde se proclamam os direitos do homem na igualdade das raças e das religiões, como ideais de paz e fraternidade entre os povos, se ataca paradoxalmente o único país que através da sua história de muitos séculos se formou no Mundo dentro desses princípios verdadeiramente humanos que estão na base da sua índole e da sua formação cristã.

Vozes: - Muito bem!

A Oradora: - À nossa tradicional ideia de nação baseada numa sociedade multirracial em que os valores culturais e morais de todas as raças se encontram e se integram numa verdadeira comunidade de povos, opõem os que nos atacam os novos conceitos de nação baseados na cor da pele, na descontinuidade dos territórios e na diferenciação das culturas.
Todavia, é do saber comum que as nações formadas por várias raças ou por pequenas nações se tornaram grandes nações e que ao contacto das culturas se deve uma maior compreensão entre os povos e também o seu progresso.

Vozes: - Muito bem!

A Oradora: - Mas a este conceito verdadeiro e universal, que é, afinal, o nosso, se sobrepõem hoje a paixão dos falsos nacionalismos e poderosos interesses. Só assim se compreendem, Sr. Presidente, as atitudes fortemente agressivas de algumas nações, incoerentes e dúbias de outras, nesta persistente campanha contra o nosso país, a que vimos assistindo há alguns anos, dentro e fora das assembleias internacionais, e a que vamos corajosamente resistindo, por todos os meios, com a força que assiste a quem tem por seu lado o direito e a justiça.

Vozes: - Muito bem!

A Oradora: - A ofensiva dos países afro-asiáticos contra Portugal, reforçada na Conferência de Adis-Abeba, tem prosseguido insistentemente nos organismos internacionais, até mesmo naqueles de carácter não político, com o fim de convencer o Mundo de que a luta é pela libertação dos povos africanos escravizados pelo colonialismo e ainda por uma ideologia de unidade baseada na raça e na cor.
O tempo, porém, mestre da vida, vem-nos demonstrando, a cada passo, a falsidade desses princípios, que mais não são do que a justificação de fortes e complicados interesses de domínios políticos e económicos nessa África promissora e portentosa a tentar a cobiça das grandes nações do Mundo.

Vozes: - Muito bem!

A Oradora: - Teimam as nações afro-asiáticas em desunir e dividir os diferentes povos que, separados embora geogràficamente, se encontram unidos por um sentimento comum de pátria - a Pátria Portuguesa.
A esta atitude se tem firmemente oposto o Governo, porque não quer abdicar da responsabilidade que há muito tomou sobre esses povos africanos, abandonando-os à sua sorte e aos apetites alheios.
Esta noção da perigosa realidade tem-na o Governo, apercebeu-se dela a Nação inteira e sentiram-na já dolorosamente no corpo e na fazenda os próprios povos africanos que as nações afro-asiáticas dizem proteger e amparar.
Às falsas notícias, às calúnias com que nos países estrangeiros, na imprensa, na rádio, nas Universidades e nas assembleias regionais e internacionais se procura denegrir a acção portuguesa no ultramar, temos respondido serenamente com a verdade dos factos, com a descrição