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11 DE JANEIRO DE 1964 2859

Há, portanto, que realizá-lo, nesta hora própria, tão amplamente quanto for possível. Mas para que isso se consiga é preciso que se opere uma transformação acelerada das mentalidades, o que só me parece possível por uma educação consciente das populações, uma substituição de processos e até de pessoas, para que suja uma realidade, também no ultramar, a Nação activa, com a inserção e vinculação globais das populações nu vida pública por meio de formas vivas, dinâmicas, responsabilizantes, o que implica uma reforma drástica de serviços públicos, na metrópole e no ultramar, com a sua reorganização e redução, bem como a dos quadros burocráticos que se vão tornando gigantescos, inoperantes e dispendiosos.
Peço mais civismo, mais responsabilidade directiva e realizadora, por parte das populações, menos intervencionismo, mas um activo dirigismo fiscalizador e corrector, para que os menos favorecidos possam vir à superfície com a plena consciência do seu dever nacional, que é onde encontram toda a garantia do seu direito de justiça.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - E is um esquema realizador de um conceito, o meu esquema, que me não furto a expor no exercício do meu dever de cidadão.
Acrescentarei, para concluir este problema, que isto é, porém, uma questão nossa, um assunto de política interna, a estudar, debater e resolver, conforme melhor convier a todos os interessados na causa, dentro das nossas fronteiras.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - É um problema de família, entre os cidadãos e o seu Governo, ou, melhor, entre os cidadãos apenas, que eles próprios é que são o Governo, não obstante alguns dizerem que não, só porque de momento não são eles que governam. Isto é uma questão nossa, e será perpetuamente um problema que, na realidade, nunca terá solução que compreenda inteiramente a sua idealidade, porque, com o desenvolvimento nacional e a sucessão das gerações, o próprio problema marcha, "modifica-se, renova-se. Só a força do espírito, que é o querer forte da vontade, o pode superar e vencer.
As coisas nunca estão completamente bem e nunca são perfeitas, porque, por definição, o homem nunca se satisfaz com coisa alguma, nem consigo próprio.
O problema é, portanto, praticamente insolúvel de modo perfeito e completo, não por ser português, mas por ser humano.
É um problema de progresso, inerente ã todas as organizações sociais e políticas de todas as nações. Por isso, para o conter nas suas justas proporções de factor de progresso, se inventou o civismo, que é a dedicação do homem à causa pública, para auxiliar a vencer as dificuldades com o seu esforço e o seu bom senso, em espírito de tolerância, que é o máximo de solidariedade e compreensão com os outros, numa firmeza convicta.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Não são, portanto, os princípios da grande política que estão errados; são as práticas da pequena política que, por vezes, não correspondem, porque os não realizam inteiramente.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Há que corrigir corajosamente os desvios, afastar corajosamente pessoas incapazes, dar mais largamente aos povos a pesada responsabilidade directiva u executiva dos seus problemas restritos...

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - ... para que a dura experiência de todos aproveite à orientação nacional dos grandes problemas nacionais, a que ninguém pode ser indiferente, pois quando numa pátria se morro pela- pátria e se lhe oferece a vida inocente, é porque a. hora é de pureza e os mortos merecem a purificação dos vivos.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Estão no nosso carácter, na nossa vontade, na nossa inteligência, perspectivas e possibilidades extraordinárias de se fazer da Nação Portuguesa uma pátria próspera, tranquila e feliz para os portugueses de todo o Mundo.
Não devemos perder a oportunidade, nem consentir que no-la tirem, e a melhor forma de nos defendermos e preservarmos é esvaziar o ideário inimigo de todo o conteúdo que ele possa buscar nos nossos atrasos e nas nossas dificuldades.
Estou certo de que as populações ultramarinas, chamadas a colaborar mais activamente na solução dos seus próprios problemas de progresso, na educação, na economia, na saúde, na administração e no bem-estar, não faltarão com o seu sacrifício dedicado, porque, devidamente esclarecidas, não podem faltar ao que devem a si próprias por um ideal tão puro como é hoje o dogma português.
Aliás, já foi afirmado, na mais bela certeza da verdade dos princípios, que essa é a autodeterminação portuguesa, consciente e válida, porque essa é a forma de todos os povos portugueses serem soberanos de si próprios.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Não vale a pena alongar-me com a justificação do ideário português, que está já feita de todas as formas possíveis, com todos os argumentos existentes. É inatacável porque é evidente e resulta dos próprios fins do homem, proclamados pelas mais autorizadas vozes da espiritualidade humana.
Sendo assim, é natural que não possamos compreender a razão do ataque que tantos povos nos movem. É incoerente que à pregação ideal da fraternidade dos homens e das raças se oponha a impossibilidade real de essa fraternidade se verificar, com a mesma lei, à sombra da mesma bandeira.
Todavia, se não podemos compreender razões que hão existem, conhecemos intenções que são notórias. Também já está dito que se trata apenas de novas modalidades imperialistas, segundo as quais a soberania política, cheia de responsabilidades, deveres e encargos, é substituída pela soberania económica, isto é, uma situação de aparente independência política, em que os governos e os povos estão à mercê dos conselhos de administração dos grandes trusts, sempre necessitados de matérias-primas ou mercados.
A Nação estará um tanto esquecida de que a cobiça dos territórios ultramarinos de Portugal é uma intenção velha das grandes potências no mundo moderno, desde que a Inglaterra conseguiu invadir com o seu comércio o espaço económico português em 1810 e assenhorear-se inteiramente dele por mais de um século.
Nos fins do século passado, depois de a Inglaterra nos ficar com as Rodésias e a Niassalândia, houve uma cons-